Niterói, cidade natal de Paulo Gustavo, abriu as portas do Museu de Arte Contemporânea (MAC) para uma homenagem que promete tocar o coração de fãs e admiradores. A exposição “Paulo Gustavo: Rir é um ato de resistência” teve seu coquetel de lançamento no último sábado, dia 12 de abril, reunindo familiares, amigos e nomes conhecidos do público. Thales Bretas, viúvo do humorista, chegou ao evento acompanhado dos filhos do casal, Gael e Romeu, ambos de cinco anos, em um momento marcado por emoção e saudade. A mostra, que fica em cartaz até 1º de junho, reúne registros pessoais, figurinos icônicos e cenografias interativas, convidando o público a mergulhar na trajetória de um dos maiores artistas brasileiros.
A iniciativa nasceu do desejo de eternizar o impacto cultural de Paulo Gustavo, que faleceu em maio de 2021, aos 42 anos, vítima de complicações da Covid-19. Durante o evento de abertura, Déa Lúcia, mãe do humorista e inspiração para a icônica Dona Hermínia, personagem central da trilogia “Minha Mãe é uma Peça”, compartilhou palavras de gratidão. A presença de figuras como Sophie Charlotte e Fiorella Mattheis reforçou a relevância da exposição, que vai além de uma simples retrospectiva, funcionando como um espaço de celebração da alegria e da resistência que marcaram a carreira do ator.
Organizada em cinco galerias temáticas, a exposição combina elementos visuais, sonoros e táteis para criar uma experiência imersiva. Cada ambiente destaca uma faceta diferente da vida e do trabalho de Paulo Gustavo, desde sua infância em Niterói até os palcos e telas que o consagraram. A curadoria, assinada por Nicolas Martin Ferreira, com co-curadoria de Juliana Cintra, buscou capturar a essência de um artista multifacetado, que via no humor uma ferramenta de transformação social.
- Registros inéditos: Fotografias raras da infância e juventude mostram um Paulo Gustavo ainda desconhecido do grande público.
- Figurinos marcantes: Peças como os vestidos extravagantes de Dona Hermínia estão expostos, trazendo à tona memórias de suas atuações.
- Arte contemporânea: Obras do acervo pessoal do humorista, incluindo nomes como Vik Muniz e Adriana Varejão, revelam seu olhar apurado para a estética.
- Interatividade: Cenografias e vídeos permitem que o visitante vivencie momentos de suas produções mais queridas.
Raízes de Niterói na vida de Paulo Gustavo
Paulo Gustavo sempre carregou Niterói no coração e nas histórias que contava. A cidade, carinhosamente chamada por ele de “Nikiti City”, aparecia com frequência em suas obras, seja nas referências cômicas de “Minha Mãe é uma Peça” ou nos relatos pessoais compartilhados em entrevistas. A escolha do MAC, projetado por Oscar Niemeyer e um dos principais cartões-postais da região, reforça essa conexão profunda. O museu, com sua arquitetura futurista e vista privilegiada da Baía de Guanabara, oferece o cenário perfeito para uma exposição que celebra não apenas o artista, mas também o orgulho local.
A relação de Paulo com Niterói vai além da inspiração criativa. A cidade já havia homenageado o humorista em vida, renomeando a Rua Coronel Moreira César, no bairro de Icaraí, para Rua Ator Paulo Gustavo. Após sua morte, a estátua erguida no Campo de São Bento tornou-se ponto de encontro para fãs, que deixam flores e mensagens em memória do comediante. A exposição no MAC é mais um capítulo dessa história de afeto mútuo, trazendo para o público um mergulho na trajetória de alguém que transformou experiências pessoais em narrativas universais.
Humor como ferramenta de transformação
A frase que dá nome à exposição, “Rir é um ato de resistência”, resume a filosofia de vida de Paulo Gustavo. Em tempos de desafios sociais e políticos, ele usava o humor para abordar temas como aceitação, diversidade e família, sempre com leveza e autenticidade. Suas criações, como os programas “220 Volts” e “Vai que Cola”, além da trilogia cinematográfica que levou milhões aos cinemas, deixaram um legado que transcende o entretenimento. A mostra no MAC reflete esse impacto ao destacar não apenas o talento cômico, mas também a sensibilidade de um artista comprometido com causas sociais.
Durante o coquetel de abertura, Thales Bretas falou sobre a importância de compartilhar o brilho de Paulo com o público. A presença dos filhos, Gael e Romeu, simbolizou a continuidade do amor e dos valores que o casal construiu juntos. A exposição, segundo ele, é uma forma de apresentar às novas gerações o poder transformador da arte, algo que Paulo defendia com paixão. A emoção também marcou as palavras de Déa Lúcia, que agradeceu o carinho dos fãs, reforçando o quanto eles eram essenciais para a felicidade do filho.
A curadoria trabalhou para equilibrar momentos de nostalgia com celebração. Uma das salas, patrocinada pelo Multishow, exibe um vídeo intitulado “220 volts de humor”, com trechos hilários de programas e filmes que marcaram a carreira do humorista. A seleção inclui cenas que viralizaram nas redes sociais, como os monólogos de Dona Hermínia e os esquetes de “Vai que Cola”, permitindo que o público reviva gargalhadas que ecoam até hoje.
- Infância revisitada: A galeria “Uma vida à luz” traz uma linha do tempo com fotos e objetos que mostram o jovem Paulo em Niterói.
- Humor em ação: A sala dedicada ao lúdico apresenta instalações interativas, como jogos de luz e sombra, que recriam o clima dos bastidores.
- Moda como expressão: Figurinos de grifes como Saint Laurent e Dolce & Gabbana dividem espaço com peças criadas exclusivamente para seus personagens.
- Cinema no museu: A última galeria transforma o espaço em uma sala de projeção, com um curta-metragem produzido em parceria com a Globo e o Multishow.
Uma coleção que reflete paixões
Paulo Gustavo não era apenas um mestre do humor; ele também cultivava um olhar apurado para as artes visuais. A exposição dedica uma galeria inteira à coleção particular do humorista, que inclui obras de artistas renomados como Miguel Rio Branco, Os Gêmeos e Nelson Leirner. Essas peças, selecionadas ao longo de anos ao lado de Thales Bretas, revelam um lado menos conhecido do público: o de um colecionador apaixonado por estética e inovação. A curadora Juliana Cintra, amiga pessoal de Paulo, destacou que a escolha de incluir essas obras no MAC reforça a conexão do humorista com a arte contemporânea.
O ambiente da galeria foi projetado para criar um diálogo entre as obras e a trajetória do artista. Uma escultura de 2,5 metros, posicionada na entrada do museu, dá as boas-vindas aos visitantes, enquanto pinturas e instalações ocupam o interior. A presença de nomes como Adriana Varejão e Cristina Canale no acervo mostra o quanto Paulo valorizava a produção brasileira, algo que ele também promovia em suas atuações. Essa faceta enriquece a exposição, oferecendo uma visão mais completa de quem ele era fora dos palcos.
A mostra também destaca a influência da moda na vida de Paulo Gustavo. Apaixonado por estilo, ele usava roupas como uma extensão de sua personalidade, tanto no dia a dia quanto nos personagens que interpretava. A galeria “A moda como expressão” exibe peças de marcas internacionais, como Balmain e Gucci, ao lado de figurinos criados especialmente para suas produções. Sapatos cravejados, chapéus exuberantes e acessórios marcantes contam histórias de um artista que não tinha medo de ousar.
Informações práticas para visitar a exposição
A exposição no MAC Niterói estará aberta ao público de 13 de abril a 1º de junho, funcionando de terça a domingo, das 10h às 18h, com entrada permitida até 17h30. Os ingressos custam entre R$ 8 (meia-entrada) e R$ 16 (inteira), com pagamento exclusivo em dinheiro na bilheteria do museu. Às quartas-feiras, a entrada é gratuita para todos, uma iniciativa que reflete o desejo de tornar a homenagem acessível ao maior número de pessoas. A classificação indicativa é livre, permitindo que famílias e crianças também participem da experiência.
- Horários: Terça a domingo, das 10h às 18h (última entrada às 17h30).
- Ingressos: R$ 16 (inteira), R$ 8 (meia), gratuito às quartas-feiras.
- Local: Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Mirante da Boa Viagem, s/n, Boa Viagem, Niterói, RJ.
- Duração: De 13 de abril a 1º de junho de 2025.
Um mergulho na infância e juventude
A primeira galeria da exposição, intitulada “Uma vida à luz”, transporta o visitante para os primeiros anos de Paulo Gustavo. Fotografias inéditas mostram um menino sorridente, crescendo em Niterói, cercado pela família e pelos cenários que mais tarde inspirariam suas histórias. A linha do tempo ilustrada inclui momentos marcantes, como sua entrada na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), onde começou a desenvolver os primeiros esquetes cômicos. Esses registros, muitos deles exibidos pela primeira vez, oferecem uma perspectiva íntima de um artista que transformou memórias pessoais em arte.
A curadoria optou por uma abordagem cronológica nessa seção, destacando a evolução de Paulo desde a infância até o estrelato. Objetos pessoais, como cadernos e ingressos de peças de teatro, complementam as fotos, criando uma narrativa visual que emociona. A presença de Déa Lúcia, que inspirou a criação de Dona Hermínia, é sentida em cada detalhe, com anedotas familiares que moldaram o humor característico do comediante. Essa galeria é um convite para entender as raízes de um talento que conquistou o Brasil.
A emoção também está presente nas palavras de Thales Bretas, que acompanhou de perto a montagem da exposição. Para ele, o projeto é uma forma de transformar o luto em saudade, compartilhando com o público o legado de um homem que vivia para fazer as pessoas rirem. A participação dos filhos do casal, Gael e Romeu, durante o coquetel de abertura, trouxe um toque de esperança, mostrando que o amor de Paulo Gustavo segue vivo nas próximas gerações.
O lúdico como marca registrada
A galeria “O lúdico e o humor” é um dos pontos altos da exposição, projetada para capturar a energia contagiante de Paulo Gustavo. Instalações interativas permitem que o público experimente o clima dos bastidores de suas produções, com jogos de luz, espelhos e sons que recriam o ambiente dos palcos. Um telão exibe falas memoráveis, como as tiradas de Dona Hermínia e os diálogos rápidos de “220 Volts”, trazendo gargalhadas espontâneas aos visitantes. A ideia é fazer com que cada pessoa sinta a presença do humorista, como se ele estivesse ali, contando uma piada.
Essa seção também destaca a versatilidade de Paulo como ator, roteirista e diretor. Clipes de programas como “Vai que Cola” e “A Vila” mostram como ele dominava diferentes formatos, sempre com um toque de irreverência. A curadoria incluiu objetos simbólicos, como adereços de cena e roteiros anotados, que revelam o cuidado do humorista com cada detalhe de suas criações. Para os fãs, é uma chance de relembrar momentos que marcaram a televisão e o cinema brasileiros.
A interatividade é um diferencial dessa galeria. Os visitantes podem, por exemplo, “entrar” em um camarim recriado, com espelhos e figurinos à disposição para fotos. Essa abordagem lúdica reflete o espírito de Paulo Gustavo, que acreditava no poder do riso para unir pessoas. A experiência é complementada por depoimentos de amigos e colegas, exibidos em telas menores, que reforçam o impacto do humorista no meio artístico.
Moda como extensão da personalidade
Paulo Gustavo via a moda como uma forma de expressão, e a galeria dedicada a esse tema é uma explosão de cores e texturas. Vestidos extravagantes usados por Dona Hermínia dividem espaço com peças de grifes internacionais, como Comme des Garçons e John Varvatos, que ele usava em eventos e no dia a dia. Cada item exposto conta uma história, desde os sapatos brilhantes que complementavam seus looks até os chapéus que se tornaram sua marca registrada. A curadoria destaca como o humorista usava a roupa para reforçar sua identidade, tanto no palco quanto fora dele.
A projeção dinâmica que acompanha os figurinos alterna imagens de arquivo com vídeos de desfiles e bastidores. Um dos destaques é o vestido criado para a estreia de “Minha Mãe é uma Peça 3”, que reflete o cuidado de Paulo com a estética de seus personagens. A galeria também inclui acessórios pessoais, como óculos e joias, que mostram um lado mais íntimo do artista. Para os fãs de moda, é uma oportunidade de ver como ele misturava ousadia e sofisticação em cada escolha.
A influência de Paulo na moda vai além do guarda-roupa. Ele inspirava stylists e designers com sua liberdade criativa, algo que a exposição busca transmitir. A cenografia, assinada por Mariana Villas-Bôas, usa manequins estilizados para dar vida às peças, criando um ambiente que parece saído de um desfile. Essa galeria é um lembrete de que, para Paulo Gustavo, a arte estava em todos os detalhes, do texto à aparência.
Um cinema dentro do museu
A última galeria, “Multishow apresenta: 220 volts de humor”, transforma o MAC em uma sala de cinema. Um curta-metragem exclusivo, produzido em parceria com a TV Globo e o Multishow, reúne os melhores momentos da carreira de Paulo Gustavo, desde os monólogos teatrais até as cenas que lotaram salas de cinema. A seleção inclui trechos de “Minha Mãe é uma Peça”, “Vai que Cola” e “220 Volts”, além de entrevistas raras que mostram o humorista falando sobre sua paixão pela arte.
A sala foi projetada para criar uma experiência imersiva, com cadeiras confortáveis e uma tela de alta definição. O som, cuidadosamente editado, destaca as falas que se tornaram parte da cultura popular, como “Meu nome é Hermínia!” e “Tô bege!”. A emoção toma conta do ambiente quando aparecem depoimentos de colegas, como Mônica Martelli e Ingrid Guimarães, que falam sobre a generosidade de Paulo nos bastidores. Para muitos visitantes, é impossível sair sem lágrimas e sorrisos.
A galeria também inclui uma área interativa, onde o público pode gravar mensagens ou tirar fotos em um cenário inspirado nos programas de Paulo. Essa iniciativa, pensada para engajar os fãs, reflete o desejo de manter o diálogo vivo entre o humorista e seu público. A parceria com o Multishow, canal que exibiu muitos de seus sucessos, reforça a importância de preservar esse legado para as próximas gerações.
O impacto cultural de Paulo Gustavo
Paulo Gustavo deixou uma marca indelével na cultura brasileira. Seus filmes, como a trilogia “Minha Mãe é uma Peça”, estão entre as maiores bilheterias do cinema nacional, com mais de 26 milhões de ingressos vendidos. Além do sucesso comercial, ele trouxe visibilidade para temas como a diversidade e a aceitação, usando o humor para desconstruir preconceitos. A exposição no MAC Niterói é um reconhecimento desse impacto, mostrando como um artista pode transformar a sociedade com sua arte.
A trajetória de Paulo começou nos palcos, com peças como “Infraturas”, ao lado de Fábio Porchat, e ganhou força com a criação de Dona Hermínia, inspirada em histórias reais de sua mãe, Déa Lúcia. O personagem, que estreou no teatro em 2004, tornou-se um fenômeno cultural, conquistando plateias em todo o Brasil. A adaptação para o cinema, lançada em 2013, ampliou ainda mais seu alcance, transformando Dona Hermínia em um símbolo de identificação para famílias brasileiras.
O humor de Paulo Gustavo era universal, mas profundamente enraizado em sua vivência. Ele falava sobre o cotidiano com uma honestidade que cativava, seja nas telas da TV, nos palcos ou nas redes sociais, onde acumulava milhões de seguidores. A exposição destaca essa proximidade com o público, exibindo mensagens e comentários que fãs enviavam ao humorista, muitos dos quais ele respondia pessoalmente. Esse cuidado com as pessoas que o admiravam é parte do que torna sua memória tão viva.
Um legado que atravessa gerações
A exposição no MAC Niterói não é apenas uma homenagem póstuma; é uma celebração da vida de um artista que continua inspirando. Para Thales Bretas, o projeto é uma forma de manter Paulo Gustavo presente, especialmente para seus filhos, que crescerão sabendo do impacto que o pai teve no mundo. A presença de Gael e Romeu no coquetel de abertura emocionou os convidados, mostrando que o amor do humorista segue vivo em sua família.
A iniciativa também reflete o compromisso de Niterói em valorizar seus talentos. A Fundação de Arte de Niterói (FAN), presidida por Micaela Costa, apoiou a realização da mostra, destacando a importância de celebrar figuras como Paulo Gustavo em espaços públicos. O MAC, que já recebeu exposições de artistas como Felippe Moraes e Yuli Yamagata, ganha nova relevância ao abrigar uma homenagem tão significativa para a cidade e o país.
A mostra tem potencial para viajar para outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, mas isso dependerá de fatores como patrocínio e logística. Por enquanto, Niterói é o palco dessa história, atraindo visitantes de diferentes regiões para conhecer ou relembrar o trabalho de um dos maiores humoristas brasileiros. A expectativa é que milhares de pessoas passem pelo MAC até o encerramento, em junho, levando consigo um pouco da alegria que Paulo Gustavo espalhava.
- Arte e resistência: A exposição reforça o humor como ferramenta de luta por inclusão e aceitação.
- Memórias vivas: Objetos pessoais e vídeos criam uma conexão emocional com o público.
- Niterói em destaque: A cidade se consolida como um polo cultural ao homenagear seu filho ilustre.
- Acesso democrático: A gratuidade às quartas-feiras garante que mais pessoas possam visitar a mostra.