Partido Missão do MBL alcança meta de assinaturas e mira eleições de 2026
O Movimento Brasil Livre (MBL) alcançou um marco significativo ao obter a validação de mais de 547 mil assinaturas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a criação do partido Missão, conforme anunciado em convenção realizada em São Paulo no final de 2024. Liderado por nomes como Renan Santos e Kim Kataguiri, o grupo superou a exigência legal em tempo recorde, mirando a formalização da legenda até outubro de 2025 e uma candidatura própria à Presidência em 2026. A conquista, que mobilizou milhares de apoiadores em nove estados, enfrentou denúncias de irregularidades na coleta de assinaturas, levantando debates sobre transparência. O processo, financiado por vendas de publicações e eventos, reflete a ambição do MBL de consolidar sua influência política. Este avanço ocorre em meio a tensões com aliados tradicionais, como o União Brasil, e planos de propor uma nova Constituição.
O MBL, fundado em 2014, tem se destacado por sua atuação em protestos contra o PT e pelo impeachment de Dilma Rousseff. Agora, a criação do Missão marca uma nova fase, com o grupo buscando autonomia política. A coleta de assinaturas, iniciada em novembro de 2023, envolveu uma logística complexa, com custos arcados pelo próprio movimento.
A notícia gerou repercussão em São Paulo, onde o MBL realizou sua convenção com cerca de 3 mil participantes, reforçando a mobilização para as eleições de 2026.
Origem e ambições do Missão
O partido Missão surgiu como resposta à necessidade do MBL de ter uma legenda própria, após anos de alianças instáveis com partidos como União Brasil e Patriota. Renan Santos, coordenador nacional do movimento, definiu a criação do partido como o maior desafio em uma década de atuação. A bandeira do Missão, com cores amarelo, preto e branco e o símbolo de uma onça-pintada, foi apresentada no congresso de 2023, simbolizando força e renovação.
A proposta do partido vai além de disputar cadeiras no Legislativo. Líderes do MBL defendem a elaboração de uma nova Constituição, criticando a atual por ser, nas palavras de Santos, “herança de velhas elites políticas”. O grupo planeja lançar candidaturas majoritárias, incluindo uma à Presidência em 2026, com nomes como o empresário Cristiano Beraldo e o ex-deputado Arthur do Val, apesar de sua inelegibilidade até 2030 devido à cassação por falas controversas.
O Missão também busca atrair eleitores descontentes com o que chamam de polarização entre petismo e bolsonarismo, apostando em uma agenda liberal na economia e conservadora nos costumes.
Logística da coleta de assinaturas
A campanha para reunir assinaturas envolveu milhares de coletores remunerados, mobilizados em eventos e nas ruas de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O MBL investiu em estratégias como a venda do “Livro Amarelo”, que compila suas propostas ideológicas, para financiar a operação. Segundo o grupo, foram coletadas 809.357 fichas, com uma média de uma assinatura a cada 38 segundos durante a convenção de novembro de 2024.
O processo de validação, porém, é minucioso. Cada assinatura deve ser autenticada em cartórios eleitorais e enviada em lotes de 100 ao TSE. Até maio de 2025, o Missão registrou 29.263 apoios apenas em Minas Gerais, um dos polos de coleta. O TSE já homologou mais de 200 mil assinaturas, mas o movimento mantém a campanha para evitar perdas por falhas técnicas, como duplicidades ou preenchimentos incorretos.
Denúncias de irregularidades
Apesar do sucesso, a coleta enfrentou críticas. Reportagens apontaram que o MBL omitiu a ligação do Missão com o movimento em diversas abordagens, apresentando a iniciativa como apoio a causas populares, como educação, segurança ou defesa da Amazônia. Em São Paulo, uma gravação obtida por um portal revelou uma coordenadora do MBL orientando coletores a não mencionar o nome do movimento, justificando a separação por questões legais.
Uma ação judicial em São Paulo resultou na exclusão de uma signatária, com o juiz reconhecendo a ocorrência de fraude. O MBL negou irregularidades, afirmando que denunciou casos suspeitos ao Ministério Público e que as fichas questionadas não foram contabilizadas.
Planejamento para 2026
Com a criação do Missão, o MBL planeja estruturar candidaturas em todo o país. Kim Kataguiri, deputado federal pelo União Brasil, manifestou interesse em concorrer ao Senado pelo novo partido. A legenda também avalia apoiar candidatos com propostas alinhadas em estados onde não lançar nomes próprios, como Minas Gerais.
A convenção de 2024, realizada na zona leste de São Paulo, serviu como vitrine para as ambições do grupo. Com ingressos que variavam de R$ 396 a R$ 1.197, o evento atraiu militantes e apoiadores, que receberam orientações para intensificar a coleta de assinaturas e divulgar a agenda do Missão.
Desafios na validação
A validação das assinaturas pelo TSE é um processo rigoroso, com prazo final em novembro de 2025. Até junho de 2025, o MBL previa alcançar a meta com uma média diária de 2.039 assinaturas validadas, superando o necessário para cumprir o cronograma. No entanto, a logística de transporte e autenticação em cartórios representa um custo elevado, que o movimento optou por não divulgar.
O TSE exige que as assinaturas sejam distribuídas em pelo menos nove estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado de cada um. O Missão já superou essa exigência em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, mas enfrenta maior resistência em regiões com menor presença do MBL, como o Nordeste.
Repercussão entre aliados e adversários
A criação do Missão gerou reações mistas. Aliados tradicionais, como o União Brasil, demonstraram desconforto, especialmente após Kim Kataguiri abandonar sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo em 2024, criticando a adesão do partido à reeleição de Ricardo Nunes. Adversários, como setores do PT, ironizaram a iniciativa, comparando-a à fracassada tentativa de Jair Bolsonaro de criar o Aliança pelo Brasil.
O MBL, por sua vez, celebrou o feito como prova de sua capacidade organizativa, destacando que superou em menos de um ano o número de assinaturas obtidas pelo projeto de Bolsonaro.
Mobilização cultural e financeira
Além da coleta de assinaturas, o MBL investe em iniciativas culturais para fortalecer o Missão. A revista impressa do movimento, com dezenas de milhares de exemplares, e programas diários nas redes sociais alcançam milhões de espectadores mensais. A criação de uma editora própria e a monetização de conteúdos também integram a estratégia de financiamento.
Essas ações visam sustentar a campanha de validação e preparar o terreno para as eleições de 2026.
Próximos passos do Missão
O MBL planeja intensificar a validação nos próximos meses, com foco em estados onde a coleta ainda não atingiu o mínimo exigido. O grupo também organiza prévias internas para escolher candidatos, com Beraldo e do Val como nomes cotados para a Presidência, apesar das limitações legais do último.
A formalização do Missão pode alterar o cenário político, oferecendo uma nova opção para eleitores de direita insatisfeitos com as legendas tradicionais. A proposta de uma nova Constituição, embora polêmica, reflete a ambição do MBL de deixar um legado duradouro na política brasileira.
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