Nova York amanhece sob o peso de um dos casos mais comentados da indústria do entretenimento. Nesta segunda-feira, 5 de maio de 2025, o rapper e magnata Sean Combs, conhecido como P. Diddy, enfrenta o primeiro dia de seu julgamento no Tribunal Federal de Manhattan, acusado de crimes graves que incluem tráfico sexual, extorsão e conspiração. A prisão do artista, em 16 de setembro de 2024, desencadeou uma onda de denúncias e colocou nomes conhecidos do mundo da música e do cinema sob os holofotes. A expectativa em torno do processo é alta, com a mídia e o público atentos aos detalhes que podem emergir nos próximos dias.
O caso, que já acumula mais de 120 vítimas, sendo 25 delas menores na época dos supostos crimes, promete ser um marco na responsabilização de figuras influentes. As acusações contra Combs abrangem décadas de supostos abusos, com promotores alegando que ele usava seu império empresarial para manipular e silenciar vítimas. Celebridades como Cassie Ventura, Usher e Cuba Gooding Jr. aparecem entre os nomes associados ao escândalo, seja como testemunhas, seja como figuras citadas em processos relacionados.
O julgamento, previsto para durar ao menos três semanas, deve trazer à tona gravações, depoimentos e evidências coletadas em buscas nas propriedades de Combs em Los Angeles, Miami e Nova York. Entre os itens apreendidos, estão mais de mil frascos de lubrificantes, drogas como cetamina e ecstasy, e armas modificadas, que reforçam a gravidade das acusações. Abaixo, alguns pontos centrais do caso que dominam as manchetes:
- Acusações principais: Tráfico sexual, extorsão, conspiração e transporte para prostituição, com penas que podem chegar à prisão perpétua.
- Envolvimento de famosos: Nomes como Cassie Ventura e Cuba Gooding Jr. aparecem em ações judiciais relacionadas.
- Impacto cultural: O caso reacende debates sobre abuso de poder na indústria musical.
- Cronologia: As denúncias remontam a 1990, com novos processos surgindo até 2025.

Reações iniciais no tribunal
Centenas de jornalistas e curiosos se aglomeraram na entrada do Tribunal Federal de Manhattan na manhã de 5 de maio. Combs, vestindo o uniforme bege de detento, foi visto cumprimentando sua mãe, Janice Combs, e seus filhos antes do início da audiência. O juiz Arun Subramanian, responsável pelo caso, abriu a sessão reforçando a necessidade de um júri imparcial, um desafio diante da intensa cobertura midiática. A promotora Emily Johnson detalhou as acusações, descrevendo um esquema que teria operado por mais de uma década, envolvendo coerção e violência.
A defesa, liderada pelo advogado Marc Agnifilo, insiste na inocência do rapper. Em suas primeiras declarações, Agnifilo argumentou que as atividades descritas como “freak-offs” eram encontros sexuais consensuais, sem qualquer elemento criminoso. Ele também criticou supostos vazamentos de informações por agentes federais, incluindo um vídeo de 2016 que mostra Combs agredindo Cassie Ventura em um hotel. A promotoria, por sua vez, negou qualquer irregularidade na condução do caso.
Origem das acusações
As denúncias contra Sean Combs ganharam força em novembro de 2023, quando Cassie Ventura, ex-namorada do rapper, abriu um processo civil acusando-o de estupro, tráfico sexual e agressões físicas ao longo de uma década. O processo foi resolvido fora do tribunal em menos de 24 horas, mas o impacto foi duradouro. Nos meses seguintes, outras vítimas se apresentaram, detalhando episódios que remontam aos anos 1990. Em março de 2024, agentes do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos invadiram as mansões de Combs, confiscando evidências que embasaram sua prisão meses depois.
Uma das acusações mais graves envolve os chamados “freak-offs”, eventos sexuais orquestrados por Combs, segundo os promotores. Mulheres eram supostamente seduzidas com promessas de carreiras musicais ou apoio financeiro, apenas para serem drogadas e coagidas a participar de atos gravados. Esses vídeos, alega a acusação, serviam como garantia para manter as vítimas em silêncio. Armas e ameaças físicas completavam o ciclo de intimidação.
- Primeira denúncia pública: Cassie Ventura, em 2023, abriu o caminho para outras vítimas.
- Invasões policiais: Março de 2024 marcou a intensificação das investigações.
- Evidências materiais: Drogas, armas e lubrificantes foram encontrados nas propriedades de Combs.
- Escala das acusações: Mais de 40 processos civis foram registrados até janeiro de 2025.
Celebridades no centro do escândalo
O envolvimento de figuras conhecidas amplifica a atenção sobre o caso. Cassie Ventura, que conheceu Combs aos 19 anos, é uma das principais testemunhas. Seu processo de 2023 descreve um relacionamento marcado por abusos, incluindo agressões físicas captadas em vídeo. Cuba Gooding Jr., ator premiado, também foi citado em um processo movido por Rodney “Lil Rod” Jones, ex-produtor de Combs. Jones alega que Gooding o assediou sexualmente em um iate, sob orientação do rapper.
Usher, outro nome de peso, foi apadrinhado por Combs nos anos 1990. Ele relatou experiências desconfortáveis ao viver com o rapper, mas não se pronunciou sobre as acusações recentes. Outras celebridades, como Jennifer Lopez e Yung Miami, aparecem em contextos periféricos, seja por relacionamentos passados com Combs, seja por menções em processos. A supermodelo Naomi Campbell, que organizou uma festa de aniversário para o rapper em 2023, apagou fotos com ele das redes sociais após as denúncias.
Detalhes do esquema criminoso
A acusação pinta um quadro sombrio do império de Combs. Promotores afirmam que a Bad Boy Entertainment, gravadora fundada pelo rapper, servia como fachada para atividades ilícitas. Funcionários e associados teriam ajudado a organizar os “freak-offs”, transportando vítimas através de fronteiras estaduais. Drogas como cetamina, ecstasy e GHB eram usadas para incapacitar participantes, enquanto gravações garantiam o controle sobre elas.
Em uma das ações mais recentes, uma mulher alegou ter sido abusada por Combs e outras duas celebridades não identificadas em 2000, quando tinha 16 anos. Ela descreve um cenário em que foi drogada e estuprada enquanto Combs e os outros assistiam. A defesa nega as acusações, classificando-as como tentativas de extorsão. No entanto, o volume de processos civis, que ultrapassa 40, reforça a percepção de um padrão de comportamento.
- Modus operandi: Uso de drogas e gravações para coagir vítimas.
- Estrutura empresarial: Bad Boy Entertainment teria facilitado os crimes.
- Vítimas menores: Pelo menos 25 pessoas eram adolescentes na época dos supostos abusos.
- Locais dos crimes: Nova York, Los Angeles e Las Vegas são citados nos processos.
- Período das acusações: De 1990 a 2023, segundo os promotores.
Movimentações da defesa
A equipe jurídica de Combs trabalha incansavelmente para desmontar as acusações. Além de negar os crimes, os advogados alegam que o rapper é vítima de uma campanha difamatória orquestrada por autoridades e pela mídia. Um pedido de fiança, no valor de 50 milhões de dólares, foi rejeitado por dois juízes, que consideraram Combs um risco à comunidade. A defesa também solicitou uma ordem para limitar declarações públicas de testemunhas, temendo influência sobre o júri.
Em fevereiro de 2025, o advogado Anthony Ricco abandonou o caso, citando dificuldades em continuar a representação. Marc Agnifilo, que permanece à frente da defesa, criticou a promotoria por supostos vazamentos de evidências, como o vídeo de Cassie Ventura. A tensão entre as partes ficou evidente na audiência de 14 de março, quando uma nova acusação de trabalho forçado foi apresentada contra Combs.
Repercussões na indústria
O caso de Combs abala a indústria musical. Marcas como Macy’s e Revolt TV cortaram laços com o rapper, enquanto a Hulu cancelou um reality show sobre sua família. Documentários, como “Diddy Do It” da Netflix e “The Fall of Diddy” da Investigation Discovery, exploram as acusações, com depoimentos de vítimas e associados. A narrativa de abuso de poder ressoa em um momento em que o movimento #MeToo continua a expor figuras influentes.
Artistas que trabalharam com Combs, como Mary J. Blige e Faith Evans, evitam comentários públicos. A prisão do rapper reacende discussões sobre a proteção de jovens talentos na indústria. Muitos se perguntam como um esquema tão extenso teria passado despercebido por tanto tempo, especialmente em um setor conhecido por sua proximidade entre artistas e executivos.
- Cancelamentos comerciais: Macy’s, Revolt TV e Hulu encerraram parcerias com Combs.
- Documentários em produção: Netflix, Peacock e Investigation Discovery abordam o caso.
- Silêncio de aliados: Artistas próximos evitam se posicionar publicamente.
- Debate cultural: O caso reforça críticas ao poder desregulado no entretenimento.
Cronologia dos eventos
O escândalo de Combs não surgiu do nada. As primeiras denúncias públicas datam de 2017, quando a chef Cindy Rueda processou o rapper por assédio sexual. O caso foi resolvido em 2019, mas passou despercebido. A ação de Cassie Ventura, em 2023, mudou o cenário, incentivando outras vítimas a se manifestarem. A prisão de Combs, em setembro de 2024, marcou o ponto de inflexão, com buscas policiais revelando evidências materiais.
Em janeiro de 2025, novos processos civis detalharam abusos contra menores, enquanto a promotoria ampliava as acusações criminais. A audiência de março de 2025 trouxe a alegação de trabalho forçado, reforçando o perfil controlador de Combs. Cada nova denúncia amplia o escopo do caso, que agora abrange mais de três décadas.
Figuras periféricas no caso
Além dos nomes centrais, outras celebridades aparecem em narrativas secundárias. 50 Cent, rival de longa data de Combs, anunciou um documentário sobre as acusações, prometendo destinar os lucros às vítimas. Ele também acusou o rapper de envolvimento na morte de Tupac Shakur, uma alegação negada por Combs desde 2008. Duane “Keefe D” Davis, preso pelo assassinato de Tupac, reforçou a narrativa, mas sem provas concretas.
Jennifer Lopez, que namorou Combs entre 1999 e 2001, não se pronunciou sobre o caso. Um incidente de 2001, envolvendo Thalia Graves, menciona o período em que Lopez estava com o rapper, mas sem implicá-la diretamente. A ausência de comentários de figuras como Naomi Campbell e Janet Jackson, vistas em eventos com Combs, alimenta especulações nas redes sociais.
- 50 Cent: Produz documentário e reacende acusações sobre Tupac.
- Jennifer Lopez: Relacionamento passado com Combs é mencionado, mas sem envolvimento direto.
- Naomi Campbell: Apagou fotos com o rapper após denúncias.
- Janet Jackson: Presença em festa de Combs gera especulações.
- Thalia Graves: Acusou Combs de estupro em 2001, sem citar outros famosos diretamente.
Expectativas para o julgamento
O processo de seleção do júri, iniciado na manhã de 5 de maio, enfrenta obstáculos. A fama de Combs e a cobertura midiática dificultam a escolha de jurados sem opiniões formadas. Promotores planejam apresentar testemunhas, vídeos e registros financeiros para sustentar as acusações. A defesa, por sua vez, aposta em descredibilizar as vítimas, alegando motivações financeiras por trás dos processos civis.
A promotoria estima que o julgamento dure pelo menos três semanas, enquanto a defesa acredita que uma semana será suficiente. Combs permanece no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn, descrito como um ambiente de condições precárias. Sua família, incluindo a mãe e os filhos, continua a apoiá-lo, comparecendo às audiências e visitando-o na prisão.
Novas denúncias em pauta
Enquanto o julgamento começa, novos processos civis surgem. Sete ações, arquivadas em outubro de 2024, descrevem abusos em festas organizadas por Combs entre 2000 e 2022. Três mulheres e quatro homens, identificados como Jane ou John Doe, alegam terem sido drogados e agredidos. Uma das denúncias menciona a presença de celebridades não identificadas, aumentando a curiosidade sobre quem mais pode ser citado.
A acusação de trabalho forçado, apresentada em março de 2025, detalha como Combs teria obrigado funcionários a longas jornadas e ameaçado puni-los caso não colaborassem com o esquema. Essas alegações reforçam a imagem de um magnata que usava seu poder para controlar todos ao seu redor, de artistas a assistentes.
- Novos processos: Sete ações civis foram registradas em outubro de 2024.
- Acusação de trabalho forçado: Funcionários eram coagidos a apoiar o esquema.
- Vítimas anônimas: Três mulheres e quatro homens relatam abusos em festas.
- Celebridades não identificadas: Novas denúncias mencionam figuras públicas presentes.