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Operação prende 13 suspeitos por tentativa de fraude no concurso Banpará em 2025

Concurso público, gabarito, prova

A busca por uma vaga no serviço público mobiliza milhares de brasileiros todos os anos, atraídos pela promessa de estabilidade e benefícios atrativos. No entanto, esse sonho foi manchado por um esquema criminoso descoberto durante o concurso do Banco do Estado do Pará (Banpará), realizado em 16 de março de 2025. Em uma ação estratégica, a Polícia Civil do Pará prendeu 13 candidatos suspeitos de tentar fraudar o certame, utilizando tecnologia avançada e métodos sofisticados para burlar a segurança. A operação, batizada de “Gabarito Final”, expôs uma rede que já atuava em outros concursos no estado, levantando debates sobre a integridade desses processos seletivos.

No dia das provas, policiais civis infiltrados como fiscais monitoraram os locais de aplicação em Belém e Castanhal, cidades estratégicas para o certame. A ação resultou na captura em flagrante dos envolvidos, que portavam dispositivos eletrônicos escondidos de forma engenhosa. O caso chamou atenção não apenas pela ousadia dos fraudadores, mas também pela organização do grupo, que cobrava altas quantias para garantir vantagens ilícitas aos participantes do esquema.

Com mais de 29 mil inscritos, o concurso Banpará ofereceu 37 vagas imediatas, além de cadastro de reserva, para cargos de níveis médio e superior. A tentativa de fraude, embora frustrada, reacende a preocupação com a lisura dos processos seletivos no Brasil, especialmente em um estado como o Pará, onde a presença do banco é essencial para o atendimento da população em todos os 144 municípios.

Esquema sofisticado: como os fraudadores agiam

Durante meses, a quadrilha planejou minuciosamente a execução da fraude no concurso Banpará. O grupo era liderado por professores especialistas que se inscreviam como candidatos regulares, realizavam as provas e, em seguida, transmitiam as respostas para outros participantes do esquema. Esses “professores” utilizavam dispositivos eletrônicos em miniatura, como celulares reduzidos e relógios digitais, para enviar os gabaritos em tempo real. Os aparelhos, estrategicamente escondidos em roupas, calçados e até partes íntimas, dificultavam a detecção pelos métodos tradicionais de segurança.

A operação policial revelou que os suspeitos cobravam até R$ 10 mil por candidato, valor que incluía o acesso às respostas durante a prova. Em Belém, as prisões ocorreram nos bairros Marco, Umarizal e Val de Cans, enquanto em Castanhal, no nordeste do estado, outros integrantes foram detidos. A ação foi conduzida por equipes da Superintendência Regional do Baixo Tocantins, do Núcleo de Apoio à Investigação de Abaetetuba e da Diretoria de Polícia Especializada, demonstrando a complexidade da investigação.

De acordo com o delegado-geral Walter Resende, o grupo tinha um núcleo central em Abaetetuba, cidade localizada a cerca de 60 quilômetros de Belém, de onde coordenava suas atividades. A quadrilha já havia tentado fraudar outros concursos públicos no Pará, o que sugere uma estrutura criminosa consolidada e experiente, agora desmantelada pela operação “Gabarito Final”.

Tecnologia e ousadia: os instrumentos da fraude

Os fraudadores apostaram em tecnologia de ponta para executar o plano. Foram apreendidos minicelulares, menores que os modelos convencionais, projetados para escapar de detectores de metal e inspeções visuais. Além disso, relógios digitais foram usados como ferramentas de comunicação, permitindo o recebimento discreto das respostas. Esses dispositivos eram escondidos de maneira criativa, muitas vezes em locais que dificultavam a abordagem inicial dos fiscais.

Policiais disfarçados monitoraram os candidatos durante a prova e agiram no momento em que os suspeitos se dirigiam aos banheiros para consultar os gabaritos. A abordagem foi realizada de forma velada, evitando constrangimentos aos demais participantes, mas com eficiência suficiente para interromper a tentativa de fraude. O superintendente regional Mhoab Khayan destacou a estratégia: os agentes observaram padrões suspeitos e intervieram no timing exato, garantindo a prisão em flagrante dos 13 envolvidos.

Cronograma do concurso Banpará: etapas e datas principais

O concurso Banpará 2025 foi um dos mais aguardados no Pará, especialmente por sua relevância econômica e social no estado. Abaixo, um resumo das principais etapas do certame:

  • Inscrições: Realizadas entre 11 de novembro de 2024 e 23 de janeiro de 2025, pelo site da Fundação CETAP, com taxas de R$ 62 para nível médio e R$ 85 para nível superior.
  • Provas objetivas: Aplicadas em 16 de março de 2025, em duas sessões, manhã e tarde, para os cargos de nível médio e superior.
  • Locais de prova: Para nível médio, as provas ocorreram em Belém, Castanhal, Marabá e Santarém; para nível superior, apenas em Belém.
  • Recursos: Os candidatos puderam apresentar recursos contra o gabarito preliminar nos dias 18 e 19 de março de 2025.
  • Resultado final: Previsto para 21 de maio de 2025, após a análise de títulos para os cargos de nível superior.

O certame ofereceu 31 vagas para técnico bancário, cargo de nível médio com salário inicial de R$ 3.851,57, e 6 vagas para cargos de nível superior, como engenheiro civil, eletricista, mecânico e técnico em informática, com remuneração inicial de até R$ 10.136,29.

Impacto da fraude: consequências para os envolvidos

Os 13 suspeitos presos enfrentarão processos por tentativa de fraude e associação criminosa, crimes que podem resultar em penas de até 4 anos de prisão, além de multas. Além das sanções penais, eles serão automaticamente eliminados do concurso Banpará e podem ser proibidos de participar de outros certames públicos por um período determinado. A gravidade do caso é amplificada pelo uso de uma rede organizada, o que pode agravar as punições.

A operação “Gabarito Final” também serviu como um alerta para as autoridades responsáveis pela segurança dos concursos. Apesar do sucesso em frustrar a fraude, o incidente expôs vulnerabilidades nos sistemas de fiscalização, como a dificuldade em detectar dispositivos eletrônicos miniaturizados. A Polícia Civil informou que as investigações continuarão para identificar outros possíveis envolvidos, incluindo os líderes do esquema que operavam a partir de Abaetetuba.

Para os candidatos honestos, o episódio não comprometeu a continuidade do certame. A Fundação CETAP, organizadora do concurso, manteve o cronograma previsto, garantindo que as provas seguiram normalmente para os demais participantes. Ainda assim, o caso reforça a necessidade de investimentos em tecnologias antifraude e treinamentos mais rigorosos para os fiscais.

Detalhes do certame: vagas e salários em destaque

O concurso Banpará 2025 foi estruturado para atender às demandas do banco, que é a única instituição financeira presente em todos os 144 municípios paraenses. Foram ofertadas 37 vagas imediatas, distribuídas da seguinte forma:

  • Técnico bancário: 31 vagas, nível médio, salário inicial de R$ 3.851,57.
  • Engenheiro civil: 1 vaga, nível superior, salário inicial de R$ 10.136,29.
  • Engenheiro eletricista: 1 vaga, nível superior, salário inicial de R$ 10.136,29.
  • Engenheiro mecânico: 1 vaga, nível superior, salário inicial de R$ 10.136,29.
  • Técnico em informática (diversas áreas): 3 vagas, nível superior, salário inicial de R$ 10.136,29.

Além dos salários, os aprovados terão direito a benefícios como vale-alimentação, auxílio-creche e participação nos lucros, o que torna as vagas ainda mais atrativas. A ampla concorrência, com mais de 29 mil inscritos, reflete a importância do Banpará na economia local e a alta demanda por empregos estáveis no serviço público.

Medidas de segurança: o que foi feito durante a operação

A ação policial foi planejada com antecedência, com base em informações coletadas sobre as atividades da quadrilha. Policiais civis se infiltraram como fiscais nos locais de prova, observando o comportamento dos candidatos e identificando padrões suspeitos, como idas frequentes ao banheiro. A abordagem foi discreta, mas precisa, garantindo que a fraude fosse interrompida sem prejudicar os demais concorrentes.

Equipamentos de segurança tradicionais, como detectores de metal, foram utilizados, mas a sofisticação dos dispositivos exigiu uma estratégia mais ativa por parte dos agentes. A colaboração entre diferentes unidades da Polícia Civil, incluindo a Delegacia de Homicídios de Abaetetuba, foi essencial para o sucesso da operação, que apreendeu diversos aparelhos eletrônicos como evidência do crime.

Perfil da quadrilha: uma rede com histórico de fraudes

Investigações apontaram que o grupo desmantelado não atuava pela primeira vez. Com um núcleo em Abaetetuba, a quadrilha já havia tentado fraudar outros concursos no Pará, como o da Polícia Militar, alvo de operações anteriores, como a “Demeritocracia”, em janeiro de 2025. A experiência acumulada permitiu que desenvolvessem métodos cada vez mais elaborados, utilizando professores especializados como peça-chave do esquema.

O valor cobrado, de até R$ 10 mil por candidato, indica que a operação criminosa movimentava quantias significativas, atraindo participantes dispostos a pagar por uma vantagem ilícita. A prisão dos 13 suspeitos marca um golpe importante contra a rede, mas as autoridades alertam que outros integrantes podem estar ativos, o que mantém as investigações em andamento.

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