A operação policial no Rio de Janeiro divide opiniões, mas a maioria apoia a ação. Entenda o medo, o custo e a rotina de quem vive entre o caveirão e o caos — acre jornal.

📍 Rio de Janeiro – RJ | Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
Cidade Partida, Coração Inteiro – A pátria do medo
O Rio amanhece de farda.
As janelas se abrem como se abrissem trincheiras.
Lá fora, o sol tenta dourar a bala, mas o chumbo vence.
Sete em cada dez cariocas dizem “sim” à polícia.
Não por orgulho — por medo.
É o povo que aplaude o tiro porque nunca recebeu o aplauso da justiça.
Até quem votou em Lula agora sussurra:
“Tem que descer o caveirão.”
Não por amor à guerra — por fome de paz.
O pão e o fuzil
O carioca compra pão com o mesmo olhar de quem entra em zona de guerra.
Cada esquina tem um altar invisível, onde mães rezam por filhos vivos.
E cada casa é uma fortaleza financiada com o salário do medo:
muros altos, câmeras, portões elétricos, alarmes que não tocam, mas gritam em silêncio.
Os ricos blindam carros.
Os pobres blindam o peito.
E todos, ricos e pobres, desaprendem a viver.
A esquerda cala, a direita sorri, o povo sangra
A esquerda discursa sobre humanidade.
A direita distribui medalhas.
E o povo, entre uma lágrima e uma bala perdida, só quer atravessar a rua.
Quem pode fala de “excesso”.
Quem não pode, fala de “luto”.
E o Rio continua refém de dois exércitos:
um sem farda e outro sem alma.
O retrato do abandono
O que se sabe até agora?
Que a favela apoia o fuzil porque nunca conheceu o livro.
Que o Estado entra uma vez por mês — e o tráfico, todos os dias.
Que a infância do Rio aprende a distinguir estampido de fogos e de bala
antes de aprender a ler.
E que o silêncio de uma mãe na laje vale mais do que mil discursos no plenário.
Cidade Partida, Coração Inteiro: a pátria que ainda sonha
Bilac escreveu sobre o amor à pátria.
Mas que pátria é essa que mata seus filhos e chama de limpeza?
Que celebra o caveirão e esquece o professor?
Que transforma a bala em oração e o medo em rotina?
O Rio continua lindo — mas é um belo de luto,
um cartão-postal com cheiro de pólvora.
E se o povo aplaude o tiro,
é porque ainda crê que o som da bala
é menos doloroso que o silêncio da omissão.
✍️ Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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