Onda de frio traz geada e chuva congelada ao Paraná com mínimas negativas em várias regiões

A chegada de uma massa de ar polar ao Paraná está transformando o clima em diversas cidades do estado. Nesta quarta-feira, 28 de maio de 2025, a previsão aponta para a ocorrência de um fenômeno meteorológico conhecido como mínima invertida, especialmente em Curitiba, onde as temperaturas devem despencar ao longo do dia. Diferentemente do padrão comum, em que as menores temperaturas ocorrem pela manhã, esse evento faz com que os termômetros registrem os valores mais baixos no fim da tarde ou à noite. A combinação de uma frente fria com a aproximação de ar gelado de origem polar intensifica as condições climáticas, trazendo chuva, geada e até a possibilidade de chuva congelada em algumas áreas.

O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) detalha que a frente fria, que já passou pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina, avança pelo oeste do estado e se espalha gradativamente. Cidades como Guarapuava, Cascavel e Ponta Grossa estão entre as mais afetadas, com previsão de temperaturas próximas ou abaixo de zero nos próximos dias. A população, especialmente em áreas urbanas, já sente os impactos, com aumento na busca por roupas de frio e cobertores. Ações de acolhimento para pessoas em situação de rua também foram intensificadas, principalmente na capital.

Este fenômeno, aliado à onda de frio, exige atenção redobrada dos moradores. A seguir, alguns pontos-chave sobre o que esperar:

• Curitiba: Chuva e mínima de 9ºC à noite na quarta-feira, com possibilidade de geada na sexta-feira.
• Região sul: Chance de chuva congelada em áreas como Guarapuava e Pato Branco.
• Campos Gerais: Temperaturas negativas previstas para quinta e sexta-feira.
• Oeste e sudoeste: Cascavel e Foz do Iguaçu com mínimas entre 3ºC e 7ºC.

O frio intenso também levanta preocupações sobre os impactos na agricultura e na rotina das cidades. Produtores rurais, especialmente no centro-sul, monitoram as plantações para minimizar prejuízos causados por geadas.

Origem do fenômeno da mínima invertida
A mínima invertida ocorre devido a uma combinação de fatores atmosféricos específicos. Quando uma frente fria avança, ela traz nuvens e chuva, que inicialmente mantêm as temperaturas mais elevadas durante a manhã. À medida que o sistema se desloca, o ar frio polar entra em cena, reduzindo drasticamente os termômetros no período da tarde ou noite. No caso desta semana, a frente fria que atravessou o sul do Brasil na terça-feira abriu caminho para uma massa de ar polar, que intensifica o resfriamento em todo o Paraná.

Em Curitiba, os termômetros devem registrar cerca de 18ºC pela manhã desta quarta-feira, com máxima de 23ºC por volta das 10h. Ao longo do dia, a nebulosidade aumenta, e a chuva contribui para a queda térmica, chegando a 9ºC à noite. O meteorologista Leonardo Furlan, do Simepar, explica que a mínima invertida é um evento relativamente raro, mas não incomum em períodos de transição entre massas de ar quente e frio. Ele destaca que o fenômeno é mais perceptível em áreas urbanas, onde a população nota a mudança brusca ao longo do dia.

A previsão para os próximos dias indica que o frio se intensificará ainda mais. Na quinta-feira, cidades como Jaguariaíva e Guarapuava podem registrar temperaturas próximas de 0ºC ao amanhecer, com alta probabilidade de geada. Na sexta-feira, a capital e a região metropolitana também entram na lista de locais com risco de formação de gelo, especialmente em áreas mais altas.

Avanço da frente fria pelo estado
A frente fria que atinge o Paraná começou sua trajetória no Rio Grande do Sul, onde causou chuvas intensas e quedas de temperatura na segunda-feira. Na terça-feira, o sistema chegou a Santa Catarina, trazendo instabilidade e ventos fortes. No Paraná, a região oeste, incluindo cidades como Foz do Iguaçu e Cascavel, foi a primeira a sentir os efeitos, com chuvas moderadas e temperaturas em declínio.

O avanço do sistema é gradativo, mas abrangente. Até o final da quarta-feira, todas as regiões do estado devem estar sob influência da frente fria. O Simepar alerta que a combinação de umidade elevada e temperaturas baixas favorece a formação de nevoeiro em áreas como o norte pioneiro e os Campos Gerais, o que pode impactar a visibilidade nas estradas.

Na região sul, há possibilidade de chuva congelada, um fenômeno em que gotículas de água congelam ao entrar em contato com superfícies frias. Cidades como Pato Branco e Palmas estão entre as mais propensas a esse evento, especialmente na noite de quarta-feira. O meteorologista Furlan aponta que, embora a chuva congelada seja menos comum que a geada, ela pode causar transtornos, como escorregões em calçadas e danos a estruturas expostas.

Geada e seus efeitos na agricultura
A previsão de geada para quinta e sexta-feira coloca o setor agrícola em alerta. No centro-sul do Paraná, onde a produção de grãos como trigo e milho é significativa, os agricultores estão adotando medidas preventivas, como a cobertura de plantações e o uso de sistemas de irrigação para elevar a temperatura do solo.

As geadas podem causar danos irreversíveis às lavouras, especialmente em fases críticas de desenvolvimento das plantas. Em Guarapuava, por exemplo, a temperatura mínima prevista para quinta-feira é de 0ºC, com chance de marcas negativas em áreas rurais. Produtores da região já relatam preocupação com possíveis perdas, principalmente em culturas sensíveis ao frio.

O Simepar disponibiliza boletins diários com alertas de geada, que ajudam os agricultores a planejar ações de mitigação. Além disso, o sistema de monitoramento por radar, com equipamentos em Teixeira Soares, Cascavel e Curitiba, permite acompanhar em tempo real o deslocamento das áreas de instabilidade.

Alguns impactos esperados da geada incluem:

• Perdas em lavouras: Culturas como trigo, milho e hortaliças são as mais vulneráveis.
• Aumento de custos: Produtores podem precisar investir em proteção ou replantio.
• Alterações no calendário agrícola: Atrasos no desenvolvimento das plantas podem afetar a colheita.
• Impactos econômicos: Redução na oferta de produtos pode elevar preços no mercado.

Ações de acolhimento em Curitiba
Com a chegada do frio intenso, a prefeitura de Curitiba intensificou as ações de acolhimento para a população em situação de rua. As abordagens noturnas, realizadas entre 18h e 1h, foram ampliadas, e o serviço diurno, das 8h às 17h, também ganhou reforço. Equipes dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e do Centro de Encaminhamento Social (CES) estão atuando de forma mais ostensiva.

A Central 156, canal de atendimento da prefeitura, é a principal ferramenta para que a população reporte casos de pessoas em situação de risco devido ao frio. Desde o início da semana, o número de chamados aumentou, refletindo a preocupação dos moradores com as temperaturas baixas.

Além das abordagens, a prefeitura está promovendo a arrecadação de roupas e cobertores em bom estado. Pontos de coleta foram instalados em diversos locais da cidade, e empresas e organizações podem se voluntariar para atuar como pontos adicionais, entrando em contato pelo e-mail da Central 156.

Previsão detalhada por região
O frio intenso afeta diferentes regiões do Paraná de maneira variada. O Simepar divulgou previsões específicas para algumas cidades, destacando as condições esperadas até o final da semana.

Em Ponta Grossa, a quarta-feira terá chuva moderada e temperaturas entre 10ºC e 20ºC, com mínima invertida à noite. Na quinta-feira, a mínima cai para 3ºC, com risco de geada ao amanhecer. Londrina, no norte do estado, registra temperaturas mais amenas, com mínimas de 7ºC na sexta-feira, mas sem previsão de geada.

Maringá, também no norte, terá uma semana com chuvas esparsas e temperaturas entre 8ºC e 22ºC. Em Foz do Iguaçu, no oeste, a frente fria traz chuva na quarta-feira, seguida de uma queda para 5ºC na sexta-feira. Cascavel, na mesma região, enfrenta condições semelhantes, com mínimas de 4ºC e possibilidade de nevoeiro.

Chuvas e riscos associados
A frente fria não traz apenas frio, mas também chuvas significativas em várias regiões. Na quarta-feira, a probabilidade de chuva em Curitiba é de 98%, com acumulado previsto de 3,7 mm. Em Ponta Grossa, o volume pode chegar a 5 mm, enquanto Guarapuava enfrenta chuvas mais intensas, com até 10 mm.

As chuvas, combinadas com o frio, aumentam o risco de deslizamentos em áreas de encosta, especialmente no leste do estado. A Defesa Civil do Paraná emitiu alertas para que os moradores de regiões vulneráveis fiquem atentos a sinais como rachaduras no solo ou inclinação de árvores.

Em áreas urbanas, a chuva pode causar alagamentos pontuais, principalmente em ruas com drenagem insuficiente. A prefeitura de Curitiba reforçou a limpeza de bueiros e a manutenção de sistemas de escoamento para minimizar esses problemas.

Medidas preventivas para a população
A queda brusca nas temperaturas exige cuidados adicionais por parte dos moradores. As autoridades de saúde recomendam o uso de roupas adequadas, como casacos, gorros e luvas, especialmente durante a noite e nas primeiras horas da manhã.

Para evitar doenças respiratórias, comuns em períodos de frio, é aconselhável manter ambientes ventilados, mas sem exposição direta a correntes de ar gelado. O consumo de alimentos quentes e a hidratação também são medidas importantes para manter o corpo aquecido.

Algumas recomendações incluem:

• Roupas adequadas: Priorizar camadas de roupas para facilitar a adaptação às mudanças de temperatura.
• Cuidados com idosos e crianças: Grupos mais vulneráveis devem ser monitorados para evitar hipotermia.
• Atenção ao trânsito: Nevoeiro e pistas molhadas exigem maior cautela ao dirigir.
• Apoio comunitário: Denunciar situações de risco, como pessoas desabrigadas, à Central 156.

Monitoramento contínuo do clima
O Simepar mantém um sistema robusto de monitoramento climático, com três radares meteorológicos estrategicamente posicionados em Teixeira Soares, Cascavel e Curitiba. Esses equipamentos permitem rastrear em tempo real o deslocamento de frentes frias e áreas de instabilidade, fornecendo dados precisos para previsões e alertas.

Além dos radares, estações meteorológicas espalhadas pelo estado coletam informações sobre temperatura, umidade, ventos e precipitação. Esses dados são cruciais para que os meteorologistas identifiquem padrões como a mínima invertida e emitam avisos com antecedência.

Na sexta-feira, o Simepar prevê que o frio atinja seu pico, com mínimas abaixo de 0ºC em várias cidades do centro-sul e sudeste. A capital, Curitiba, pode registrar 1ºC ao amanhecer, com sensação térmica ainda menor devido aos ventos.

Impactos no cotidiano das cidades
O frio intenso altera a rotina dos moradores do Paraná. Em Curitiba, o comércio de roupas de inverno e aquecedores registra aumento nas vendas, enquanto cafés e restaurantes com ambientes aquecidos atraem mais clientes.

Nas escolas, algumas unidades estão ajustando horários de entrada para proteger os alunos das temperaturas mais baixas do início da manhã. Ônibus e outros meios de transporte público também enfrentam maior demanda, já que muitos evitam caminhar em dias frios e chuvosos.

Em áreas rurais, o frio afeta a criação de animais, com pecuaristas reforçando abrigos e garantindo alimentação adequada para o gado. A produção de leite, por exemplo, pode sofrer redução devido ao estresse térmico dos animais.

Previsão para o fim de semana
O frio deve persistir no Paraná até o início do fim de semana, com temperaturas começando a subir gradualmente a partir de sábado. Em Curitiba, a previsão para o sábado indica mínimas de 5ºC e máximas de 18ºC, com céu parcialmente nublado.

No domingo, o Simepar prevê uma diminuição da nebulosidade, mas as temperaturas ainda permanecem baixas, especialmente no centro-sul e nos Campos Gerais. Cidades como Guarapuava e Ponta Grossa podem registrar mínimas de 2ºC, com risco de nevoeiro ao amanhecer.

A frente fria, embora menos intensa, ainda influenciará o clima, mantendo a possibilidade de chuvas esparsas no leste do estado. A longo prazo, os meteorologistas indicam que o inverno de 2025 pode trazer outros episódios de frio intenso, especialmente em junho e julho.