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Oncologista elogia Tony Bellotto e Preta Gil: ‘extremamente resilientes’ na luta contra o câncer

Dra. Fernanda Capareli

A luta contra o câncer ganhou novos rostos conhecidos no Brasil em 2023 e 2025. Preta Gil, diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023, e Tony Bellotto, que revelou em março deste ano um câncer de pâncreas, enfrentam suas batalhas com uma resiliência que tem chamado a atenção. Sob os cuidados da oncologista Fernanda Capareli, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, os dois artistas compartilham suas jornadas de forma aberta, transformando experiências pessoais em exemplos de força para outros pacientes. Enquanto Preta passou por cirurgias complexas, incluindo uma recente que resultou em uma bolsa de colostomia definitiva, Tony se prepara para uma operação nas próximas semanas, após a descoberta precoce da doença em um exame de rotina. O impacto de suas histórias vai além do âmbito pessoal, trazendo luz a questões como diagnóstico precoce, hábitos de vida e os desafios do tratamento oncológico.

A transparência de ambos diante de doenças tão distintas tem sido um ponto de destaque. Preta, que enfrentou sessões de quimioterapia, radioterapia e múltiplas cirurgias, tornou-se símbolo de aceitação ao exibir sua bolsa de colostomia sem receios, desafiando tabus. Já Tony, guitarrista dos Titãs, surpreendeu pela rapidez com que aceitou o diagnóstico, pulando etapas comuns como a negação e focando em soluções. A médica responsável por seus tratamentos observa que essa postura resiliente não é apenas inspiradora, mas também um reflexo de como o enfrentamento público do câncer pode ajudar a população a lidar com o estigma e o medo que cercam a doença.

Os casos de Preta Gil e Tony Bellotto também jogam luz sobre a importância dos check-ups regulares. Enquanto o câncer de Tony foi detectado em uma fase inicial, algo raro para tumores pancreáticos, o de Preta reflete uma tendência preocupante: o aumento da incidência de câncer colorretal entre pessoas com menos de 50 anos. Suas histórias, embora diferentes em origem e evolução, convergem na mensagem de que a detecção precoce e o acompanhamento médico são fundamentais para melhorar as chances de sucesso no tratamento.

Diagnósticos precoces salvam vidas

O câncer de pâncreas, como o enfrentado por Tony Bellotto, é conhecido por sua agressividade e por ser difícil de detectar em estágios iniciais. Em seu caso, a descoberta ocorreu durante um ultrassom de rotina, que identificou um cisto no pâncreas, confirmado posteriormente por ressonância magnética e tomografia computadorizada. Apenas 30% dos pacientes com esse tipo de tumor conseguem um diagnóstico em fase localizada, passível de cirurgia, o que coloca Tony em uma minoria privilegiada. Sem lesões secundárias detectadas até o momento, ele se prepara para uma cirurgia nas próximas duas ou três semanas, seguida de quimioterapia para eliminar possíveis células residuais. Esse protocolo, ainda em definição, reflete a urgência de tratar um tumor que tende a evoluir rapidamente para metástase.

Já Preta Gil enfrentou um caminho mais longo. Diagnosticada em janeiro de 2023 com câncer colorretal, ela passou por um tratamento intensivo que incluiu quimioterapia, radioterapia e cirurgias. A mais recente, realizada no final de 2024, removeu tumores na região da pelve e resultou na instalação de uma bolsa de colostomia definitiva. Atualmente em recuperação, Preta aguarda os resultados de exames como ressonância magnética e PET-CT, previstos para esta semana, que determinarão os próximos passos. Seu acompanhamento médico é rigoroso, com exames de sangue a cada duas ou três semanas e revisões trimestrais nos primeiros 18 meses, período crítico para detectar recidivas.

A diferença entre os dois casos destaca a diversidade dos tumores gastrointestinais. Enquanto o câncer de pâncreas raramente apresenta sintomas claros, como dores nas costas que podem ser confundidas com problemas ortopédicos, o colorretal tem protocolos de rastreamento bem definidos. Pessoas sem histórico familiar devem iniciar colonoscopias aos 45 anos, mas quem tem parentes de primeiro grau diagnosticados deve começar aos 40 ou dez anos antes da idade do familiar afetado. Esses dados reforçam a necessidade de exames preventivos, especialmente diante do aumento de casos entre jovens.

Fatores de risco e o papel dos hábitos

Embora Tony Bellotto seja reconhecido por manter bons hábitos de vida, seu diagnóstico mostra que o câncer não escolhe alvos com base apenas no estilo de vida. O envelhecimento é o maior fator de risco para a doença, e mesmo indivíduos saudáveis estão suscetíveis. A oncologista explica que o surgimento de um tumor resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e mutações celulares, o que torna cada caso único. No câncer de pâncreas, as causas específicas ainda são pouco conhecidas, mas a heterogeneidade molecular dos tumores dificulta previsões e tratamentos padronizados.

Por outro lado, o câncer colorretal, como o de Preta Gil, tem uma ligação mais clara com hábitos de vida. Estudos apontam que dietas ricas em gordura animal e pobres em fibras, comuns desde a infância ou adolescência, podem alterar a flora intestinal e aumentar o risco de inflamações e pólipos, precursores de tumores. O tabagismo e o consumo de álcool e ultraprocessados também são fatores agravantes. Nos últimos anos, a medicina passou a adotar uma postura de tolerância zero a essas substâncias, rejeitando a ideia de doses seguras. Ainda assim, a doença é multifatorial, e culpar apenas o estilo de vida seria simplista.

O aumento de casos entre jovens, como o de Preta, é um alerta global. Enquanto a incidência geral de câncer colorretal diminui devido a esforços de rastreamento, como colonoscopias e testes de sangue oculto nas fezes, ela cresce entre pessoas abaixo dos 50 anos. Esse fenômeno é visto como um problema de saúde pública, exigindo mais atenção a fatores ambientais e mudanças nos padrões alimentares das últimas décadas.

Quebre o tabu e viva plenamente

Preta Gil transformou sua experiência com a bolsa de colostomia em um ato de resistência. Ao exibir o dispositivo publicamente, ela desafia preconceitos e incentiva outros pacientes a aceitarem suas condições. Muitos relatam que sua atitude os ajudou a superar a vergonha e a retomar a vida após cirurgias semelhantes. A ostomia, embora não seja algo desejado, é muitas vezes essencial para a sobrevivência, e Preta prova que é possível viver plenamente mesmo com ela. Sua próxima etapa inclui uma viagem em abril ao Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, para avaliação pós-cirúrgica.

Tony Bellotto, por sua vez, impressiona pela serenidade diante do diagnóstico. Diferentemente da maioria dos pacientes, que passa por fases de negação ou questionamento, ele adotou uma postura prática, focada em resolver o problema. Essa abordagem reflete sua personalidade e tem servido de exemplo para outros que enfrentam o câncer de pâncreas, uma doença que carrega um estigma de prognóstico sombrio devido à sua agressividade.

A seguir, alguns impactos positivos da postura pública de Preta e Tony:

  • Redução do estigma associado a tratamentos como a ostomia.
  • Incentivo a check-ups regulares entre a população.
  • Maior conscientização sobre a resiliência emocional no enfrentamento do câncer.
  • Destaque para a importância do acompanhamento médico contínuo.

Esses elementos mostram como figuras públicas podem influenciar a percepção coletiva sobre a doença, transformando desafios individuais em lições coletivas.

Cronograma de cuidados após o diagnóstico

O acompanhamento médico é essencial para pacientes oncológicos, e os casos de Preta e Tony ilustram essa realidade. Veja os principais marcos no cuidado pós-diagnóstico:

  • Primeiros 18 meses: Período crítico, chamado de “golden hour”, com exames a cada três meses para detectar recidivas.
  • Até cinco anos: Monitoramento regular, com exames como ressonância e PET-CT, para confirmar a remissão.
  • A longo prazo: Em alguns casos, o acompanhamento é permanente, com check-ups anuais ou bianuais.

Preta, por exemplo, realiza exames de sangue a cada duas ou três semanas para monitorar funções renais e outras taxas, enquanto Tony iniciará seu protocolo cirúrgico em breve. Esses cuidados refletem a necessidade de vigilância constante, já que o tempo é o principal indicador de cura.

Tony Bellotto terá uma jornada intensa nas próximas semanas, com a cirurgia seguida de quimioterapia. Já Preta, em fase de recuperação, depende dos resultados dos exames desta semana para definir os próximos passos. Ambos, porém, compartilham a determinação de seguir em frente, inspirando quem acompanha suas histórias.

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