Credibilidade e Controvérsia: Como Ler os Números de um Instituto de Alcance Nacional
Local e Data: Rio Branco, Acre, 25 de Setembro de 2025
Tempo de Leitura Estimado: 4 minutos
O cenário político acreano para 2026 ganhou uma nova efervescência com a divulgação dos números do Paraná Pesquisas. O instituto, frequentemente citado em veículos de comunicação de alcance nacional, é um dos principais balizadores da intenção de voto no Brasil. Contudo, para ler seus números com coerência e sensatez, é crucial entender seu histórico de acertos e erros.
Fundado em 2011 e sediado no Paraná, o instituto se notabilizou pela agilidade e alta frequência de suas pesquisas, tornando-se uma voz proeminente no debate eleitoral. Seu modelo busca capturar tendências de forma rápida, e em muitos pleitos, demonstrou eficiência ao acertar o direcionamento de disputas majoritárias e a confirmação de segundos turnos. É justamente essa constância que lhe confere o título de “respeitado nacionalmente”.
No entanto, como ocorre com qualquer instituto de grande volume, a Paraná Pesquisas não está imune a críticas. Em ciclos eleitorais recentes, ela foi incluída no grupo de institutos que enfrentaram controvérsias por, em certas disputas, ter subestimado o desempenho de candidatos da esquerda e superestimado a força de nomes do espectro da direita ou centro-direita. Essas discrepâncias levantaram debates sobre o alinhamento metodológico e a capacidade de seus métodos (que incluem plataformas digitais e telefone) de capturar com precisão o eleitorado de menor renda ou de áreas mais remotas, onde a penetração tecnológica é menor. Portanto, a leitura mais sensata é: o Paraná Pesquisas é um termômetro confiável para medir tendências gerais e o clima eleitoral, mas seus números de intenção de voto devem ser analisados com a cautela inerente a um instituto que, por vezes, falhou em prever a dimensão exata de algumas vitórias.
O Jogo Aberto do Acre: A Batalha Pela Segunda Vaga
A pesquisa reforça a tese de que a disputa pelo Senado será a mãe de todas as batalhas políticas em 2026. Os números atuais, no cenário 1, confirmam a fragmentação do campo e o risco iminente de embolamento total:
- Gladson Cameli (42,4%): O atual governador larga na dianteira, demonstrando que, apesar dos desgastes naturais do Executivo, ele detém um capital político significativo para a disputa ao Senado. Sua liderança é o ponto de gravidade da eleição.
- O Empate Técnico pela Segunda Vaga: Entre Márcio Bittar (24,8%), Jorge Viana (23,7%), Jéssica Sales (21,2%) e Mara Rocha (20,3%), a diferença é mínima. Com margem de erro apertada, todos estão em pé de igualdade. Isso significa que não há favorito definido para a segunda vaga. O sucesso de qualquer um desses nomes dependerá da capacidade de consolidar alianças, definir um discurso claro e, crucialmente, atrair os votos dos indecisos e daqueles que hoje votam em outros candidatos.
O Senador Sérgio Petecão (11%), nosso “Cavalo” tático que se gaba de ser o que “mais faz política,” aparece com um desempenho que contraria sua autoproclamação. Embora tenha histórico de alta votação e reeleição, o número atual o coloca em uma posição de grande desvantagem, provando que o volume de trabalho não se traduz automaticamente em intenção de voto no momento da pesquisa. Isso expõe a fragilidade da sua retórica e o obriga a uma manobra mais ousada para se reposicionar no tabuleiro.
A Condição Explosiva
A análise mais sensata do cenário acreano reside na condição sine qua non citada: a possibilidade de o STJ tornar o Governador Gladson Cameli inelegível.
Se Cameli for impedido de concorrer, seus 42,4% de votos na dianteira se dispersarão, caindo como um meteoro no cenário. Essa pulverização de votos tornaria a briga pelas duas vagas do Senado inteiramente embolada, transformando a eleição em um caos estratégico e de alta imprevisibilidade. Nesse cenário, o valor de cada aliança e a capacidade dos candidatos em capturar o voto órfão serão a chave para a vitória.
A pesquisa do Paraná Pesquisas é um retrato do momento, confirmando que a eleição de 2026 no Acre será definida nos detalhes. O jogo está abertíssimo e dependerá de quem consegue costurar as alianças mais fortes até 2026. O tempo de certezas acabou; a era do empate técnico começou.
Eliton Muniz – Free Lancer – Cidade AC News



