Paulo Nigri, conhecido por interpretar o seminarista Cosme na novela Tieta, exibida pela Globo entre 1989 e 1990, teve sua carreira interrompida precocemente ao falecer em 27 de outubro de 1995, aos 33 anos, vítima de complicações da AIDS. Durante as gravações da trama, aos 27 anos, o ator descobriu ser portador do vírus HIV, em uma época marcada por estigmas e poucos avanços médicos. Apesar do diagnóstico, ele completou os 196 capítulos da novela, demonstrando dedicação. A notícia de sua morte, mantida em sigilo por anos, chocou colegas e fãs. Nigri, que também atuou em Salomé (1991), deixou um legado breve, mas marcante, no teatro e na televisão brasileira. Sua história reflete os desafios enfrentados por muitos na década de 1990.
A trajetória de Paulo Nigri é lembrada com saudade pelos fãs de Tieta, atualmente reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. Sua atuação como Cosme, amigo de Ricardo, destacou-se na trama de Aguinaldo Silva.
O ator vinha de uma sólida carreira teatral antes de estrear na TV. A descoberta do HIV durante Tieta mudou sua vida, mas não o impediu de trabalhar até o fim da novela.
- Personagem Cosme: Seminarista em Tieta, amigo de Ricardo, vivido por Cássio Gabus Mendes.
- Carreira de Nigri: Teatro nos anos 1980 e duas novelas na Globo.
- Data da morte: 27 de outubro de 1995, aos 33 anos, por complicações da AIDS.
Início no teatro e formação artística
Paulo Nigri nasceu em 27 de março de 1963, no Rio de Janeiro, e encontrou sua vocação artística ainda jovem. Na década de 1980, ele integrou o renomado Grupo Tapa, um dos mais prestigiados do teatro brasileiro, participando de peças como Blue Jeans, Capitães de Areia e O Alienista. Essas produções, baseadas em obras de autores como Nelson Rodrigues e Jorge Amado, consolidaram sua reputação nos palcos.
Com uma presença marcante e talento natural, Nigri se destacou em papéis que mesclavam intensidade dramática e sutileza. Sua experiência teatral, com textos complexos e direções inovadoras, preparou-o para a transição à televisão. Antes de Tieta, ele já era reconhecido no circuito cultural carioca, onde o Grupo Tapa atraía plateias exigentes.
A escolha de Nigri para Tieta veio após audições concorridas, com o diretor Paulo Ubiratan apostando em seu carisma para o papel de Cosme. Sua estreia na TV marcou o início de uma promissora trajetória, interrompida pela doença.
Estreia em Tieta e papel de Cosme
Exibida entre 14 de agosto de 1989 e 30 de março de 1990, Tieta foi um marco da teledramaturgia brasileira, adaptada do romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado, por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn. A novela, dirigida por Paulo Ubiratan, retratava a volta de Tieta a Santana do Agreste, enfrentando preconceitos e rivalidades familiares.
Paulo Nigri interpretou Cosme, um seminarista amigo de Ricardo, personagem de Cássio Gabus Mendes, filho da beata Perpétua, vivida por Joana Fomm. Cosme tentava orientar Ricardo, que se envolvia romanticamente com a tia, Tieta, interpretada por Betty Faria. O personagem, embora secundário, aparecia em momentos-chave, trazendo conflitos éticos e religiosos à trama.
- Destaques do papel: Cosme representava a moralidade em contraste com as paixões proibidas da novela.
- Interações principais: Cenas com Ricardo e Perpétua, reforçando tensões familiares.
- Audiência de Tieta: Média de 60 pontos no Ibope, um dos maiores sucessos da Globo.
- Reprise atual: Exibida no Vale a Pena Ver de Novo desde 2024, reacendendo interesse por Nigri.
Nigri gravou os 196 capítulos da novela, mesmo após descobrir o HIV, demonstrando profissionalismo em um período pessoalmente desafiador.
Descoberta do HIV durante as gravações
Em 1989, enquanto trabalhava em Tieta, Paulo Nigri, então com 27 anos, recebeu o diagnóstico de HIV. Na época, a AIDS era uma doença cercada de estigmas, com alta taxa de mortalidade devido à ausência de tratamentos eficazes, como a terapia antirretroviral, introduzida apenas em 1996. A notícia chocou o elenco, mas foi mantida em sigilo para proteger a privacidade e a carreira do ator.
Apesar do impacto emocional, Nigri continuou atuando, enfrentando a doença em silêncio. A década de 1980 e início dos anos 1990 foi marcada por perdas significativas no meio artístico devido à AIDS, incluindo nomes como Cazuza, em 1990, e Lauro Corona, em 1989. A falta de informação e o preconceito dificultavam o acesso a cuidados adequados.
A dedicação de Nigri às gravações, mesmo sob essas circunstâncias, foi admirada por colegas, que só souberam de sua condição após sua morte. Sua força reflete a resiliência de muitos que enfrentaram a epidemia de HIV naquela era.

Participação em Salomé e afastamento da TV
Após Tieta, Paulo Nigri integrou o elenco de Salomé, novela das 18h da Globo, exibida entre 3 de junho e 18 de outubro de 1991. Escrita por Sérgio Marques, a trama, protagonizada por Patrícia Pillar e Petrônio Gontijo, contava a história de uma jovem em um circo no interior do Brasil. Nigri interpretou Frederico, um personagem secundário, mas que reforçou sua versatilidade.
Salomé foi seu último trabalho na televisão, com 112 capítulos. Após a novela, Nigri optou por se afastar das telas, priorizando sua saúde, que começava a ser afetada pelas complicações da AIDS. Sua carreira na TV, limitada a duas novelas, deixou uma marca pela qualidade de suas atuações, apesar do curto período de exposição.
O afastamento de Nigri coincidiu com um momento em que a AIDS ainda era pouco compreendida, e os tratamentos disponíveis não impediam o avanço da doença. Sua decisão de se resguardar reflete a dificuldade de conciliar a carreira com os desafios de saúde.
Morte precoce e sigilo na imprensa
Paulo Nigri faleceu em 27 de outubro de 1995, aos 33 anos, no Rio de Janeiro, devido a complicações da AIDS. Sua morte, noticiada pela imprensa apenas meses depois, foi mantida em sigilo por sua família e amigos, em parte para evitar o estigma associado à doença na época. A notícia, quando divulgada, comoveu fãs e colegas que desconheciam sua condição.
A taxa de mortalidade por AIDS nos anos 1990 era elevada, com cerca de 80% dos diagnosticados no Brasil não sobrevivendo mais de cinco anos após a infecção, segundo dados históricos do Ministério da Saúde. A ausência de medicamentos como os coquetéis antirretrovirais, disponíveis apenas a partir de 1996, limitava as opções de tratamento.
Nigri foi um dos muitos artistas brasileiros vitimados pela epidemia, incluindo Cláudia Magno, de Tieta, que faleceu em 1994, aos 35 anos. Sua morte precoce interrompeu uma carreira promissora, deixando saudades no público que acompanhava a reprise de Tieta.
Legado no teatro e na televisão
Apesar de sua breve passagem pela TV, Paulo Nigri deixou um legado significativo. No teatro, suas atuações com o Grupo Tapa foram elogiadas pela crítica, com destaque para sua interpretação em Blue Jeans, peça que abordava temas polêmicos como prostituição masculina. O espetáculo, dirigido por Eduardo Tolentino, foi um marco dos anos 1980, atraindo público jovem.
Na televisão, Cosme em Tieta permanece como seu papel mais lembrado, especialmente com a reprise da novela no Vale a Pena Ver de Novo, iniciada em 2024. A trama, com média de 15 pontos de audiência na Grande São Paulo, reacendeu o interesse pelo elenco, incluindo Nigri. Sua atuação, marcada por naturalidade, conquistou o público em cenas com Joana Fomm e Cássio Gabus Mendes.
- Peças teatrais: Blue Jeans, Capitães de Areia, O Alienista, entre outras.
- Novelas na Globo: Tieta (1989-1990) e Salomé (1991).
- Grupo Tapa: Coletivo teatral carioca, referência nos anos 1980.
Contexto da AIDS na década de 1990
A epidemia de AIDS no Brasil atingiu seu auge nos anos 1990, com cerca de 10 mil mortes anuais registradas até 1995, segundo o Ministério da Saúde. A doença, descoberta em 1981, era cercada de preconceitos, com pacientes enfrentando discriminação no trabalho e na sociedade. Artistas como Cazuza e Renato Russo, do Legião Urbana, que faleceu em 1996, tornaram-se símbolos da luta contra o estigma.
Na televisão, o tema começou a ser abordado em novelas como Vale Tudo (1988), que incluiu um personagem com HIV, e O Dono do Mundo (1991), que discutiu a prevenção. Tieta, embora não tratasse diretamente da AIDS, refletia o conservadorismo de Santana do Agreste, contrastando com os desafios sociais da época, como a epidemia.
A introdução da terapia antirretroviral em 1996 transformou o HIV em uma condição controlável, reduzindo a mortalidade em mais de 50% no Brasil até 2000. Nigri, infelizmente, não viveu para se beneficiar desses avanços.
Homenagens e memória de Nigri
A reprise de Tieta no Vale a Pena Ver de Novo tem levado novos públicos a descobrir o trabalho de Paulo Nigri. Fãs da novela, especialmente nas redes sociais, compartilham cenas de Cosme, elogiando a expressividade do ator. Postagens recentes destacam sua beleza e talento, lamentando sua partida precoce.
O Grupo Tapa, onde Nigri construiu sua base artística, continua ativo, com montagens que homenageiam sua geração de atores. Em 2025, o grupo planeja uma retrospectiva de suas peças dos anos 1980, incluindo Blue Jeans, como forma de celebrar nomes como Nigri.
A memória de Nigri também é preservada por colegas de Tieta, como Arlete Salles, que em entrevistas recentes relembrou o clima de união no set. A novela, com seu elenco estelar, permanece um marco cultural, e o papel de Cosme é parte desse legado.
Outros atores de Tieta vitimados pela AIDS
Paulo Nigri não foi o único do elenco de Tieta a falecer precocemente devido à AIDS. Cláudia Magno, que interpretou Silvana, morreu em 1994, aos 35 anos, após complicações da doença. Sua atuação como a jovem sedutora de Santana do Agreste foi um dos destaques da trama.
A epidemia de AIDS afetou profundamente o meio artístico brasileiro, com perdas como Lauro Corona, de Dancin’ Days, e Carlos Augusto Strazzer, de Que Rei Sou Eu?. Essas mortes, frequentemente silenciadas na época, são hoje relembradas como parte da história cultural do país, destacando a necessidade de combater o preconceito.
Reprise de Tieta e interesse renovado
A reprise de Tieta, iniciada em 2024, tem atraído uma média de 15 pontos de audiência na Globo, superando outras reprises recentes do Vale a Pena Ver de Novo. A novela, com 196 capítulos, deve permanecer no ar até meados de 2025, reacendendo o interesse por seu elenco.
Cenas de Cosme, especialmente nas interações com Ricardo e Perpétua, são compartilhadas por fãs em plataformas digitais, destacando a química de Nigri com o elenco. A trama, que aborda temas como moralidade, vingança e transformação social, continua relevante, conectando gerações de telespectadores.
Paulo Nigri, mesmo com uma carreira breve, permanece vivo na memória daqueles que acompanham Tieta, sua estreia e maior legado na televisão brasileira.
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