QUASE ISOLADOS: O LAMAÇAL PERMANENTE QUE ASFIXIA O ESCOAMENTO E PRENDE FAMÍLIAS NOS RAMAIS E VICINAIS
O grito é uníssono e vem da zona rural: o descaso com os ramais e vicinais está isolando famílias e estrangulando a economia local. A crítica da comunidade, neste caso, não se dirige apenas à lama ou aos buracos, mas ao sentimento de que “o fim do mundo é logo ali”, a partir do momento em que a estrada acaba. A cada ciclo de chuvas, que é intenso na região amazônica, a situação se deteriora de forma exponencial. Os ramais, que deveriam ser as vias de escoamento da produção agrícola, tornam-se rios de lama intransitáveis.
O prejuízo é imediato e brutal. Pequenos e médios produtores, que dependem da venda de gado, hortifrútis, banana e outros produtos, não conseguem tirar a mercadoria do local. O resultado é o estrangulamento financeiro: são obrigados a vender a produção por preços aviltantes para atravessadores que se arriscam, ou, pior, perdem a colheita inteira por falta de logística. O campo, que deveria ser o celeiro da capital, opera sob uma permanente ameaça de colapso.
Mas o impacto se estende cruelmente para além da economia, afetando os serviços essenciais e a dignidade humana. A dificuldade de acesso transforma emergências médicas em tragédias anunciadas. Ambulâncias do SAMU frequentemente precisam parar a quilômetros de distância, obrigando a comunidade a fazer o transporte de enfermos em redes, em veículos improvisados ou até mesmo em carretas de trator, em condições precárias e desumanas. Da mesma forma, os ônibus e vans escolares não conseguem chegar às comunidades mais distantes, interrompendo a frequência escolar e a educação básica de centenas de crianças. Isso significa que o direito fundamental de ir e vir, o direito à saúde e o direito à educação são negados pela simples e contínua ausência de manutenção das vias.
O problema é crônico. As promessas de melhorias se repetem a cada ano, mas a realidade nos ramais persiste inalterada. As famílias se sentem abandonadas, esquecidas e sem representatividade efetiva. Elas exigem que a manutenção dessas estradas seja tratada como serviço essencial e contínuo, com um planejamento de infraestrutura que vá além dos paliativos de “tapa-buraco” feitos nos períodos de estiagem. A comunidade clama por um cronograma sério de aterramento, drenagem e cascalhamento que garanta a trafegabilidade durante todo o ano, e não apenas nas épocas mais secas, quando a poeira substitui a lama.
Os moradores dos ramais se sentem invisíveis para o poder público. A cada denúncia, os órgãos responsáveis costumam transferir a responsabilidade entre si, deixando a população no limbo da inação. A mobilização popular e a denúncia pública, como esta no bloco “Comunidade,” são as últimas ferramentas de que dispõem para forçar o poder público a reconhecer que a dignidade da vida rural depende da estrada. É preciso que a cidade de Rio Branco volte seus olhos para os caminhos de terra que a sustentam e resolva, de uma vez por todas, o crônico problema do isolamento dos seus produtores. Não é apenas uma questão de asfalto, mas de respeito, planejamento e investimento em quem está na base da cadeia produtiva e da vida da capital.
Qual a situação dos ramais na sua região? Você tem alguma história ou denúncia sobre o descaso nas estradas rurais que precisa ser ouvida? Deixe seu comentário!
