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O Escândalo do INSS: Até Quando o Brasil Suportará Tanta Impunidade?

Redação - Cidade AC News - Eliton Muniz

Um Suposto Mensalão da Previdência Expõe a Fragilidade Ética de Nossos Representantes

Na noite de 30 de maio de 2025, enquanto zapeava pelos canais de notícias, deparei-me com uma história que me fez parar: um escândalo de proporções bilionárias envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Políticos, entidades sindicais e instituições financeiras estariam no centro de um esquema que desviou dinheiro de aposentados e pensionistas – pessoas que, após uma vida de trabalho, contam cada centavo para sobreviver. Como brasileiro, é impossível não sentir um misto de revolta e exaustão diante de mais um caso que parece tirado de um roteiro sobre corrupção.

Um “Mensalão do INSS”? A História Se Repete

O termo “Mensalão do INSS” me pegou desprevenido. Sério? De novo? Reportagens revelaram que deputados e senadores, incluindo Everton Rocha, do PDT, estariam recebendo “mensalidades” de até R$ 50 mil para facilitar fraudes no INSS. O esquema, que pode ter começado em gestões passadas – possivelmente nos governos Dilma, Temer ou Bolsonaro –, envolve descontos indevidos em aposentadorias e pensões, além de consignados fantasmas que sumiam do sistema após serem quitados. É como se apagassem as provas de um crime quase perfeito.

O que mais me indignou foi a crueldade. Imagine você, aposentado, recebendo seu contracheque com descontos que vão de R$ 81 a R$ 140, sem nunca ter autorizado nada. Um aposentado relatou isso em uma entrevista, e eu só conseguia pensar na angústia de quem enfrenta essas perdas. Enquanto isso, políticos e entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) aparecem em fotos sorrindo, em eventos cheios de elogios, como se nada estivesse errado. A CONTAG, aliás, nega tudo. Em nota, afirma que não tem relação com os consignados fraudulentos e que colabora com as investigações. Mas, quando há tanta fumaça, é difícil acreditar que não existe fogo.

Everton Rocha e o Jogo das Aparências

O senador Everton Rocha, aliado do ex-ministro da Previdência Carlos Lutt, é o primeiro nome de peso a surgir. Fotos de 2021 o mostram em eventos com a CONTAG, sendo elogiado pelo presidente da entidade, Aristides Veras dos Santos, como “companheiro atuante”. Agora, Rocha jura que não conhece as associações investigadas e chama as acusações de “leviandades”. Sua assessoria insiste que ele não é investigado, mas a Polícia Federal quer ouvi-lo. Se surgirem indícios suficientes, o caso vai para o Supremo Tribunal Federal (STF), graças ao foro privilegiado. E aqui vem o primeiro aperto no peito: será que o STF, tão questionado por sua morosidade em casos de políticos, vai agir com a firmeza que precisamos?

Não sou ingênuo. Fotos e elogios públicos não são prova de crime, mas são um alerta de como as aparências enganam. O senador pode até ter uma explicação convincente – e espero que tenha, porque ele foi eleito para servir o povo, não para frequentar churrascos suspeitos com figuras como Antônio Carlos, apontado como articulador do esquema. A propósito, a história de que Antônio Carlos apareceu na casa de Rocha levado por “um amigo” soa mais como uma desculpa mal ensaiada do que como uma defesa sólida.

Um Esquema Gigantesco e a Dor dos Aposentados

O que me deixa mais revoltado é a escala do problema. As investigações apontam um prejuízo que pode chegar a R$ 90 bilhões, entre descontos indevidos e consignados fraudulentos. Isso não é um erro burocrático; é um assalto planejado. CPFs de aposentados eram usados para contratar empréstimos fictícios, com mensalidades descontadas e registros apagados do sistema. Quando as vítimas tentavam reclamar, não havia vestígios. É uma maldade engenhosa, que só funciona com a conivência de quem tem poder e influência.

E quem paga a conta? O governo planeja usar dinheiro público para ressarcir as vítimas. Isso mesmo: o contribuinte, que já sustenta um sistema pesado, vai arcar com o custo de um crime que deveria ter sido evitado. Enquanto isso, o Centrão ameaça abandonar ministérios, e a oposição pressiona por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O governo, de olho nas eleições de 2026, quer controlar a comissão para proteger aliados. Como disse um repórter, “não existe almoço grátis no Congresso”. As manobras políticas já começaram, e o Planalto faz de tudo para abafar o caso.

A Sombra da Impunidade

O escândalo é como um quebra-cabeça, com novas peças surgindo a cada dia. Até agora, fala-se em 15 parlamentares possivelmente envolvidos, e isso é só o começo. Mas o que me preocupa é a chance de tudo acabar em pizza, como tantas vezes já vimos. Um comentarista foi certeiro: “Quem cometeu uma atrocidade dessas precisa ser punido de verdade, algo que não está muito em moda no Brasil”. Concordo plenamente. O PDT, partido de Rocha e Lutt, é conhecido por acionar o STF para interferir no Legislativo. Será que, agora, vão usar o mesmo Supremo para se esquivar das consequências?

A comparação com a Lava Jato não é exagero. Assim como na operação que revelou a corrupção na Petrobras, este caso está sendo desvendado aos poucos, e o tamanho do rombo pode colocá-lo entre os maiores escândalos do país. Mas, diferente da Lava Jato, que trouxe punições iniciais, há uma nuvem de desconfiança pairando. Se outros políticos estiverem envolvidos – e há indícios de que estão –, o impacto no Congresso e nas eleições será enorme.

Um Chamado à Justiça

Como cidadão, o que mais me dói é ver o dinheiro de aposentados, que muitas vezes mal conseguem comprar remédios, sendo desviado para enriquecer políticos e entidades. A imprensa tem feito um trabalho crucial ao expor esse escândalo, mas ela sozinha não basta. Precisamos de uma Polícia Federal que não pare, de um Congresso que não se curve a interesses eleitoreiros e de um STF que coloque a justiça acima do foro privilegiado.

Este escândalo é mais do que números; é uma traição à confiança pública. Cada desconto indevido é uma afronta a quem confiou no sistema. Cada político que se cala ou nega sem explicar alimenta a descrença na democracia. Espero, com um fio de esperança em meio à indignação, que as investigações avancem, que os culpados sejam punidos e que os aposentados tenham seus direitos restaurados. Até lá, sigo acompanhando, com o coração apertado, as próximas peças desse quebra-cabeça. Porque, no Brasil, a luta por justiça é uma batalha sem fim – mas que não podemos abandonar.

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