Coluna do Ton — Cidade AC News

Willian Bonner despediu-se da bancada como quem desliga o modo “narrador automático” da própria biografia.
Saiu. De terno, sorriso travado e alma em modo soneca.
O homem do “boa noite” eterno agora se despede do país que já tinha ido dormir há muito tempo.
Durante anos, ele acreditou que falava com o Brasil. Mas a verdade é que falava com o teleprompter — aquele vidro mágico que lhe soprava as certezas e o impedia de pensar alto.
E quando o vidro apagou, o feitiço também quebrou.
Restou só ele, o estúdio vazio e uma equipe de bastidores fingindo emoção.
Os telespectadores cansaram primeiro que ele — Bonner é que não notou.
Achava que ainda era ouvido, quando, na verdade, já dava “boa noite” pro reflexo do próprio cansaço.
Talvez ninguém tenha tido coragem de avisar que do outro lado da tela não tinha mais ninguém.
E quando percebeu, se deu as contas. Literalmente.
Sem o teleprompter, fala o que quer — e fala cada besteira que parece improviso de elevador.
Talvez precise de um modelo de bolso, acoplado ao celular, pra lembrar-lhe que opinião sem roteiro é tiro no pé.
E saiu azedo.
Não como quem encerra um ciclo bonito, mas como quem perde o roteiro da própria importância.
Levou com ele o resto de credibilidade que a mídia nacional ainda fingia ter — aquele fiapo cansado que pendia entre o “ao vivo” e o “gravado”.
Agora, o que sobrou é só eco: manchete sem alma, notícia sem voz e público sem fé.
Mas se a emissora quisesse dar um toque de humor, dava pra fazer melhor.
Podia ter chamado o Bial pra anunciar a saída.
Imagina a cena: luz baixa, trilha de reality show, plateia invisível — e Bial entrando com aquele tom de sabedoria de bar:
“Está na hora de sair, Bonner… o mundo real te espera.”
E na sequência, o bordão:
“Vem pra cá, Willian Bonner!”
O país inteiro ia parar pra ver.
Um ex-âncora despedindo outro, ao vivo, no reality da própria decadência.
Um “brother” ruim, um “boa noite” sem ibope, e o Brasil trocando de canal — outra vez.
No fim, é isso.
O “boa noite” virou “boa sorte”.
E a TV continua no automático, esperando o próximo rosto pra narrar o vazio.
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