A busca por tratamentos eficazes contra diabetes tipo 2 e obesidade ganhou um novo capítulo com a chegada do Mounjaro ao Brasil, prevista para junho de 2025. Desenvolvido pela Eli Lilly, o medicamento, cujo princípio ativo é a tirzepatida, promete revolucionar o mercado ao oferecer resultados superiores ao já popular Ozempic, fabricado pela Novo Nordisk com a semaglutida. Aprovado pela Anvisa em 2023, o Mounjaro chega às farmácias brasileiras após anos de expectativa, trazendo consigo dados impressionantes: estudos mostram que ele pode ser até 47% mais eficaz na redução de peso corporal em comparação com seu concorrente. Com preços variando entre R$ 970,07 e R$ 3.836,61, dependendo da dosagem e do estado, o remédio entra em cena em um momento de alta demanda por soluções que aliem controle glicêmico e emagrecimento. Enquanto o Ozempic consolidou sua fama mundial, o Mounjaro se destaca por seu mecanismo de ação duplo, que potencializa os efeitos no organismo e atrai olhares de médicos e pacientes.
No cenário global, a popularidade de medicamentos como esses disparou nos últimos anos, especialmente por seu uso off-label para perda de peso. O Ozempic, inicialmente lançado para tratar diabetes, viu suas vendas explodirem, atingindo 21,2 bilhões de euros em 2023, um salto de 92% em relação ao ano anterior. Já o Mounjaro, embora mais recente, rapidamente conquistou espaço ao demonstrar maior potência em ensaios clínicos, com perdas de peso que chegam a 20% do peso inicial após um ano de uso. No Brasil, onde a obesidade afeta mais de 20% da população adulta, segundo o IBGE, a chegada desse novo concorrente pode aliviar a pressão sobre o abastecimento do Ozempic, que enfrenta escassez desde 2022 devido ao uso crescente fora da indicação original.
A diferença entre os dois medicamentos está na forma como agem no corpo. Enquanto o Ozempic imita apenas o hormônio GLP-1, responsável por estimular a produção de insulina e reduzir o apetite, o Mounjaro vai além, combinando a ação do GLP-1 com o GIP, outro hormônio intestinal que amplifica o controle glicêmico e a saciedade. Essa abordagem dual tem gerado entusiasmo entre especialistas, que veem no novo remédio uma opção mais robusta para pacientes com diabetes e sobrepeso. Com o lançamento iminente, o mercado farmacêutico brasileiro se prepara para uma nova onda de interesse, enquanto pacientes aguardam para saber se os benefícios justificam o custo elevado.
Mounjaro versus Ozempic: o que os estudos revelam sobre eficácia
Um estudo conduzido pela Eli Lilly comparou diretamente a tirzepatida do Mounjaro com a semaglutida do Ozempic e do Wegovy, versão do medicamento voltada para obesidade. Realizado com 751 participantes nos Estados Unidos e em Porto Rico, o ensaio clínico de 68 semanas mostrou resultados expressivos. O grupo tratado com tirzepatida perdeu, em média, 20,2% do peso corporal, enquanto os usuários de semaglutida alcançaram uma redução de 13,7%. Após ajustes estatísticos, a diferença apontou uma eficácia 47% superior do Mounjaro na perda de peso. Esses números reforçam a percepção de que o medicamento da Eli Lilly pode estabelecer um novo padrão no tratamento da obesidade, uma condição que afeta milhões de brasileiros e está associada a doenças como hipertensão e problemas cardíacos.
Além da perda de peso, o Mounjaro também se mostrou mais eficaz no controle da glicemia. Em outra pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine, pacientes que usaram doses variadas de tirzepatida (5 mg, 10 mg e 15 mg) reduziram a hemoglobina glicada (A1C) em níveis superiores aos observados com o Ozempic na dose de 1 mg. Após 40 semanas, a maioria dos voluntários atingiu A1C abaixo de 7%, meta essencial para diabéticos. Vale notar, porém, que uma dose mais alta do Ozempic, de 2 mg, aprovada em 2022, ainda não foi comparada diretamente com o Mounjaro, o que deixa margem para debates sobre qual seria o resultado em um confronto mais equilibrado.
Os efeitos colaterais, no entanto, são um ponto de atenção em ambos os medicamentos. Náuseas, vômitos, diarreia e dores abdominais aparecem como reações comuns, com intensidade semelhante entre os dois. Apesar disso, a maior potência do Mounjaro não parece elevar significativamente o risco de complicações graves, como pancreatite ou obstrução intestinal, segundo os dados disponíveis. Para os pacientes, a escolha entre os dois pode depender de fatores como tolerância individual, objetivos terapêuticos e, claro, o impacto financeiro, já que nenhum dos remédios é oferecido pelo SUS.
Preços e acesso: quanto custa tratar diabetes e obesidade no Brasil
O custo do Mounjaro no Brasil varia conforme a dosagem e a alíquota do ICMS de cada estado, oscilando entre R$ 970,07 para a dose inicial e R$ 3.836,61 para as mais altas. Já o Ozempic, disponível há mais tempo, tem preços entre R$ 994,03 e R$ 1.308,32 por caneta, que contém quatro doses mensais. Embora o Mounjaro possa parecer mais caro em algumas faixas, o preço do genérico em mercados como os Estados Unidos, onde custa cerca de US$ 350 com entrega, sugere que versões mais acessíveis podem chegar ao Brasil no futuro. Por enquanto, a ausência de opções genéricas e a alta demanda mantêm ambos os medicamentos fora do alcance de muitos pacientes.
No exterior, a disparidade de valores também chama atenção. Na Califórnia, uma caneta de Mounjaro pode custar US$ 900, enquanto na Flórida o preço cai para US$ 300, refletindo diferenças regionais e de regulamentação. No Brasil, o processo de precificação pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) ainda pode ajustar os valores finais do Mounjaro antes do lançamento, mas a expectativa é que o custo inicial seja um obstáculo para ampla adoção. Enquanto isso, a escassez do Ozempic, agravada pelo uso off-label para emagrecimento, levou farmácias a adotarem listas de espera, uma situação que deve persistir até 2025, segundo o Infarmed.
Cronograma de lançamento: quando o Mounjaro chega às farmácias
O aguardado desembarque do Mounjaro no Brasil já tem data marcada. Abaixo, um panorama do calendário que marca essa nova fase no tratamento de diabetes e obesidade:
- Outubro de 2023: Anvisa aprova o uso do Mounjaro para diabetes tipo 2, mas a comercialização depende de trâmites regulatórios.
- Primeiro trimestre de 2025: Previsão inicial de chegada às farmácias, ajustada posteriormente para junho.
- 7 de junho de 2025: Data oficial de lançamento, conforme anunciado pela Eli Lilly, marcando a entrada do medicamento no mercado brasileiro.
- Segundo semestre de 2025: Expectativa de estudos adicionais para avaliar a possibilidade de aprovação para obesidade, seguindo o exemplo do Zepbound nos EUA.
Até o momento, o acesso ao Mounjaro no Brasil era restrito à importação, uma prática limitada pelo custo e pela burocracia. Com o início das vendas em farmácias, a Eli Lilly espera atender à crescente demanda por tratamentos inovadores, mas a falta de previsão para inclusão no SUS mantém o medicamento no campo da iniciativa privada.
Benefícios além da balança: o que o Mounjaro pode oferecer
Além de seu impacto na perda de peso e no controle do diabetes, o Mounjaro tem demonstrado potencial em outras áreas da saúde. Estudos recentes indicam que a tirzepatida pode reduzir em 38% o risco de hospitalização ou morte em pacientes obesos com insuficiência cardíaca, um benefício significativo em comparação com placebos. Já o Ozempic, por sua vez, foi associado a uma diminuição de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames, em certos grupos de risco. Esses achados ampliam o escopo desses medicamentos, que deixam de ser vistos apenas como ferramentas de emagrecimento para se tornarem aliados na prevenção de complicações graves.
A ação dual do Mounjaro também pode trazer vantagens metabólicas adicionais. A combinação de GLP-1 e GIP não só regula a glicose e a saciedade, mas também mantém a taxa metabólica estável, evitando a perda muscular comum em dietas radicais. Para pacientes com diabetes tipo 2, isso significa um controle mais consistente dos níveis de açúcar no sangue, enquanto para quem busca emagrecer, o efeito prolongado de saciedade pode facilitar a adesão ao tratamento. No entanto, especialistas alertam que o uso indiscriminado, sem acompanhamento médico, pode levar a riscos como desnutrição ou efeitos colaterais intensos.
Riscos e alertas: o que os pacientes precisam saber
Embora os benefícios do Mounjaro e do Ozempic sejam amplamente celebrados, os riscos não podem ser ignorados. Um estudo publicado em janeiro no JAMA Ophthalmology relatou nove casos de perda parcial de visão associados ao uso de tirzepatida e semaglutida. Entre os pacientes, com idades entre 37 e 77 anos, sete desenvolveram neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NAION), uma condição rara que afeta a visão, geralmente em pessoas acima de 50 anos. A hipótese levantada é que a rápida queda nos níveis de glicose pode comprometer os vasos sanguíneos oculares, mas a relação causal ainda não foi confirmada.
Outros efeitos adversos incluem problemas gastrointestinais leves, como náuseas e vômitos, que afetam uma parcela significativa dos usuários. Em casos mais raros, complicações como gastroparesia e pancreatite foram registradas, com incidência semelhante entre os dois medicamentos. Para minimizar riscos, médicos recomendam o uso supervisionado e alertam contra a compra em mercados paralelos, onde falsificações têm sido reportadas. A Novo Nordisk e a Eli Lilly afirmam monitorar continuamente os dados de segurança, mas reforçam que os benefícios superam os riscos quando o uso é adequado.
Como escolher entre Mounjaro e Ozempic: fatores decisivos
Diante das opções, pacientes e médicos enfrentam o desafio de decidir qual medicamento é mais adequado. Aqui estão alguns pontos a considerar:
- Eficácia na perda de peso: Mounjaro lidera com até 20% de redução do peso corporal, contra 15% do Ozempic em doses padrão.
- Controle glicêmico: Ambos são eficazes, mas o Mounjaro mostra vantagem em reduzir a hemoglobina glicada mais rapidamente.
- Custo: Ozempic é ligeiramente mais acessível, enquanto o Mounjaro tem preço inicial mais alto, variando por dosagem.
- Tolerância: Efeitos colaterais são similares, mas a resposta individual pode determinar a melhor escolha.
- Disponibilidade: Ozempic já está consolidado no mercado, enquanto o Mounjaro estreia em junho de 2025.
A decisão depende de objetivos específicos, como priorizar o emagrecimento ou o controle do diabetes, além de condições financeiras e resposta do organismo. Endocrinologistas destacam a importância de avaliações personalizadas para evitar uso inadequado.