Em recente entrevista, o cantor Ney Matogrosso, de 82 anos, revelou que sua mãe, de 103, não o reconhece mais. O relato comoveu fãs e reacendeu reflexões sobre o envelhecimento, memória e vínculos afetivos.
O tempo que apaga rostos e memórias
Ney Matogrosso não é apenas um dos maiores ícones da música brasileira. Ele também é filho. E como qualquer filho, lida com as dores de ver uma mãe envelhecer. Em entrevista concedida a um podcast, o artista compartilhou que sua mãe, atualmente com 103 anos, já não reconhece mais seu rosto nem sua presença.
“Ela não sabe quem eu sou. Me olha, sorri, mas é como se fosse um estranho com quem ela simpatiza”, disse Ney, visivelmente comovido.
O relato sincero do cantor gerou uma onda de empatia nas redes sociais. Muitos internautas compartilharam experiências semelhantes com parentes diagnosticados com doença de Alzheimer, demência senil ou mesmo com os efeitos naturais do tempo sobre a mente.
Fato Rápido:
Mãe de Ney Matogrosso nasceu em 1921.
Ney está com 82 anos e segue em turnê pelo país.
Estima-se que 1,2 milhão de brasileiros sofram com Alzheimer, segundo a Abraz.
Relações afetivas sob o peso do tempo
A revelação de Ney é dolorosa, mas profundamente humana. Ela não fala apenas sobre a perda de memória, mas sobre a perda simbólica de reconhecimento — o rompimento sutil de uma ligação que sempre foi base de identidade: mãe e filho.
Em um trecho da entrevista, ele relatou:
“Minha mãe foi muito presente na minha infância. Agora, eu que visito, cuido, estou ali. Mas, para ela, sou apenas alguém gentil.”
Esse tipo de relato é frequente entre filhos de idosos que atravessam os estágios mais avançados de envelhecimento. Os vínculos afetivos permanecem, mas a lucidez, não. O amor insiste, mas nem sempre é devolvido com a mesma consciência.
Envelhecer — um desafio para todos
A comoção em torno do depoimento de Ney Matogrosso também levantou debates sobre como o Brasil lida com o envelhecimento. O país envelhece rapidamente: segundo o IBGE, em 2022 já eram mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
Esse número deve dobrar até 2050. O desafio da saúde mental e emocional dos idosos se torna, portanto, uma pauta urgente.
Além disso, o depoimento humaniza ainda mais um artista conhecido por sua ousadia no palco, sua juventude estética e sua presença marcante. Ney também envelhece. E com ele, seus vínculos, sua história e seus silêncios.
Ney Matogrosso fora dos palcos
O cantor, que já ultrapassou os 50 anos de carreira, vive um momento de intensa atividade profissional. Seus shows continuam lotando teatros e casas de espetáculo por todo o Brasil. Mesmo assim, ele afirma que a relação com sua mãe é prioridade.
“Eu faço questão de visitá-la, mesmo sabendo que talvez ela não vá lembrar. Porque eu lembro. E isso basta.”
A frase, que circulou amplamente nas redes sociais, ecoa como uma mensagem de cuidado e respeito pelos vínculos afetivos, mesmo quando eles se transformam ou desaparecem sob o efeito das décadas.
A declaração de Ney Matogrosso sobre sua mãe de 103 anos emociona por sua sinceridade e humanidade. É um lembrete de que, por trás dos ícones da arte, existem pessoas comuns vivendo dramas íntimos e universais. O amor, mesmo não reconhecido, permanece — e essa talvez seja a memória mais resistente de todas.
