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“Nem todo mundo nasceu pra se moldar”

“Nem todo mundo nasceu pra se moldar” | Cidade AC News – Notícias do Acre

As pessoas vivem esperando que a gente se molde.

Que a gente sorria mesmo sem querer.

Que a gente se encaixe, se adapte, se acomode.

Mas nem todo mundo nasceu pra isso.

Tem gente que é adaptação.

E tem gente que é ruptura.

E isso precisa ser dito com todas as letras: existem pessoas que não foram feitas para caber.

Não por rebeldia.

Não por trauma.

Não por dificuldade em socializar.

Mas porque nasceram com um olhar que atravessa o óbvio, com uma lucidez que incomoda, com uma identidade que resiste a qualquer tentativa de padronização.

Só que o mundo não sabe o que fazer com esse tipo de gente.

E nem a psicologia.

Nem a psiquiatria.

Nem os livros de autoajuda que ensinam a sorrir pra tudo.

A verdade?

Não há manual que explique quem não nasceu pra obedecer a lógicas emocionais programadas.

Quem vive de dentro pra fora.

Quem sente mais do que deveria.

Quem pensa tanto que chega a se desgastar só por estar presente num ambiente raso.

Essas pessoas são chamadas de “difíceis”.

Mas o que elas são — mesmo que ninguém diga — é raras.

E por serem raras, causam desconforto.

Porque não têm pressa de agradar.

Porque não aceitam injustiça só pra manter a mesa em paz.

Porque não dizem “amém” pra tudo o que é dito com autoridade.

Porque não se deixam convencer por elogios vazios ou convites sociais disfarçados de afeto.

A psiquiatria tenta nomear.

“Transtorno”, “ansiedade”, “impulsividade”, “autossabotagem”.

Mas tem coisa que não é diagnóstico.

É personalidade. É profundidade. É estrutura.

É um tipo de alma que simplesmente não opera na frequência do mundo.

E isso, às vezes, parece um defeito.

Mas não é.

É uma raridade que exige respeito.

Não, nem todo mundo precisa sorrir.

Nem todo mundo precisa caber.

Nem todo mundo precisa ser convencido a viver de um jeito que o esvazie só pra ser mais aceito.

O problema é que o coletivo odeia o que não entende.

E o diferente vira ameaça.

Então se você não se molda, se você não baixa o tom, se você não suaviza…

Você se torna incômodo.

Mas ninguém pergunta como é viver sendo você.

Viver carregando tudo que você sente.

Ter que segurar seus pensamentos pra não atropelar conversas fúteis.

Ter que fingir desinteresse pra não parecer intenso demais.

Ter que rir por educação, enquanto por dentro está questionando o sentido daquilo tudo.

Isso cansa.

Isso adoece.

Isso exclui.

E ainda assim, você continua.

Você segue sendo a peça que não se encaixa — e justamente por isso, expõe o quebra-cabeça mentiroso ao redor.

Você não é difícil.

Você só não é moldável.

E isso, hoje, é revolucionário.

Rupturas não pedem desculpas por existirem.

Elas só precisam continuar acontecendo.

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