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Moraes determina prisão de Collor após rejeitar recursos na Lava Jato por propina de R$ 29,9 milhões

Ex-presidente Fernando Collor de Mello — Foto Jornal Nacional Reprodução

Na noite de quinta-feira, 24 de abril de 2025, o cenário político brasileiro foi sacudido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes rejeitou recursos apresentados pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um desdobramento da Operação Lava Jato. A determinação de Moraes incluiu a ordem de prisão imediata de Collor, que agora enfrenta o início do cumprimento da pena, enquanto o plenário virtual do STF se prepara para analisar a decisão em uma sessão marcada para esta sexta-feira, 25 de abril. O caso, que envolve propinas de R$ 29,9 milhões em negócios da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, reacende o debate sobre a accountability de figuras políticas de alto escalão no Brasil. A defesa de Collor, em nota, expressou surpresa com a decisão, mas afirmou que o ex-presidente se apresentará para cumprir a ordem judicial.

A condenação de Collor, proferida em 2023, refere-se a irregularidades cometidas entre 2010 e 2014, período em que o ex-presidente, segundo o Ministério Público, recebeu milhões em propinas para facilitar contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia. A decisão de Moraes, que classificou os recursos como “meramente protelatórios”, marca um momento crucial no processo, que já se estende por anos e envolve outros réus, como os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos. A ordem de prisão segue em vigor, e o Juízo da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal foi orientado a emitir o atestado de pena a cumprir.

O impacto da decisão reverbera não apenas no âmbito judicial, mas também no político. Collor, que governou o Brasil entre 1990 e 1992 e foi o primeiro presidente a sofrer um impeachment, volta ao centro das atenções em um contexto de intensos debates sobre corrupção. A sessão do plenário virtual, marcada para começar às 11h desta sexta-feira e terminar às 23h59 do mesmo dia, será decisiva para confirmar ou revogar a determinação de Moraes, mas, até lá, a prisão do ex-presidente permanece como um marco na trajetória da Lava Jato.

Fernando Collor de Mello
Fernando Collor de Mello – Foto: Instagram

Contexto da condenação de 2023

A sentença contra Fernando Collor foi estabelecida em 2023, após um longo processo na Operação Lava Jato. O ex-presidente foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema que envolveu o recebimento de R$ 29,9 milhões em propinas. Os valores, pagos entre 2010 e 2014, estavam ligados a contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia, empresa que buscava vantagens na construção de bases de distribuição de combustíveis. O Ministério Público apontou que Collor, então senador, utilizou sua influência política para viabilizar os negócios, recebendo os pagamentos em troca.

Além de Collor, outros envolvidos no esquema também enfrentaram condenações. Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, empresários ligados ao caso, foram igualmente penalizados por sua participação no esquema de propinas. A complexidade do caso, que envolveu investigações detalhadas e análises de transações financeiras, reforça a relevância da Lava Jato como um marco no combate à corrupção sistêmica no Brasil. A condenação de 2023 representou um avanço significativo, mas a batalha judicial de Collor continuou com a apresentação de recursos.

Em novembro de 2024, o STF analisou embargos apresentados pela defesa do ex-presidente. Por uma votação apertada, de 6 a 4, a Corte decidiu manter a condenação, rejeitando as tentativas de anular a sentença. Esse resultado pavimentou o caminho para a decisão de Moraes, que agora coloca Collor diante da perspectiva de cumprir a pena em regime fechado. A determinação de prisão imediata, antes mesmo da análise final pelo plenário, destaca a postura firme do ministro em relação aos recursos apresentados.

  • Pontos-chave da condenação de Collor:
    • Condenação em 2023 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
    • Propinas de R$ 29,9 milhões recebidas entre 2010 e 2014.
    • Esquema envolveu contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia.
    • Outros réus, como Luis Pereira Duarte de Amorim, também foram condenados.
    • Rejeição de recursos pelo STF em novembro de 2024, por 6 a 4.

Reação da defesa e próximos passos

A defesa de Fernando Collor reagiu rapidamente à decisão de Alexandre de Moraes. Em nota divulgada na noite de quinta-feira, os advogados expressaram “surpresa e preocupação” com a rejeição monocrática dos embargos de infringentes, que consideram um recurso legítimo. Segundo a defesa, a decisão ignora a possibilidade de prescrição do caso, argumento que deveria ser avaliado pelo plenário do STF. Apesar da discordância, a nota informou que Collor se apresentará para cumprir a ordem de prisão, sem prejuízo de novas medidas judiciais que a defesa planeja tomar.

A sessão do plenário virtual, marcada para esta sexta-feira, será um momento crucial. Convocada pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, a análise permitirá que os 11 ministros da Corte decidam se confirmam ou revogam a determinação de Moraes. O formato virtual, com votação entre 11h e 23h59, agiliza o processo, mas a ordem de prisão permanece em vigor até a conclusão do julgamento. O resultado dessa sessão pode alterar o rumo do caso, mas, por enquanto, Collor enfrenta a perspectiva de iniciar o cumprimento da pena de 8 anos e 10 meses.

A postura da defesa reflete a complexidade do caso. Os advogados argumentam que o recurso apresentado não tinha caráter protelatório, como alegado por Moraes, e que a maioria dos ministros do STF reconhece a legitimidade dos embargos de infringentes. A expectativa é que o plenário avalie questões como a prescrição e o cabimento do recurso, mas a decisão de Moraes coloca pressão imediata sobre Collor e seus representantes legais.

Trajetória de Collor e impacto político

Fernando Collor de Mello, hoje com 75 anos, é uma figura emblemática na política brasileira. Eleito presidente em 1989, tornou-se o mais jovem a ocupar o cargo, com apenas 40 anos. Seu governo, marcado por medidas como o confisco da poupança e denúncias de corrupção, culminou em um impeachment em 1992, após acusações de envolvimento em um esquema liderado por Paulo César Farias, seu tesoureiro de campanha. Apesar do afastamento, Collor voltou à política como senador por Alagoas, cargo que ocupou até 2022, quando não conseguiu a reeleição.

O caso da Lava Jato representa um novo capítulo na conturbada trajetória de Collor. A condenação por corrupção e lavagem de dinheiro reforça a narrativa de irregularidades que acompanha sua carreira, reacendendo debates sobre a impunidade de figuras públicas. A prisão determinada por Moraes, ainda que sujeita à revisão pelo plenário, é vista como um marco na luta contra a corrupção, especialmente em um contexto de polarização política e questionamentos sobre o Judiciário.

O impacto da decisão vai além do caso individual de Collor. A Lava Jato, embora tenha perdido força nos últimos anos, continua a gerar consequências significativas. A prisão de um ex-presidente reforça a mensagem de que ninguém está acima da lei, mas também levanta discussões sobre o papel do STF e a celeridade dos processos judiciais. A sociedade brasileira acompanha com atenção os desdobramentos, enquanto o plenário do STF se prepara para um julgamento que pode definir o futuro imediato de Collor.

Detalhes do esquema na BR Distribuidora

O esquema que levou à condenação de Collor envolveu a BR Distribuidora, uma das maiores subsidiárias da Petrobras, responsável pela comercialização de combustíveis. Entre 2010 e 2014, segundo o Ministério Público, Collor recebeu R$ 29,9 milhões em propinas para facilitar a celebração de contratos entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia. A empreiteira, uma das principais investigadas na Lava Jato, buscava vantagens na construção de bases de distribuição de combustíveis, um mercado estratégico para a estatal.

As investigações revelaram que os pagamentos foram realizados por meio de empresas de fachada e contas no exterior, configurando o crime de lavagem de dinheiro. Collor, que à época era senador, teria usado sua influência para pressionar diretores da BR Distribuidora e garantir os interesses da UTC Engenharia. Os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos atuaram como intermediários, articulando as transações e garantindo o fluxo do dinheiro ilícito.

A complexidade do esquema exigiu anos de investigação, com rastreamento de movimentações financeiras e depoimentos de delatores. A condenação de 2023, confirmada em 2024, foi baseada em provas robustas, incluindo documentos bancários e testemunhos que detalharam o papel de Collor no esquema. A decisão de Moraes, ao rejeitar os recursos e determinar a prisão, reflete a solidez das evidências apresentadas ao longo do processo.

  • Funcionamento do esquema na BR Distribuidora:
    • Propinas de R$ 29,9 milhões pagas entre 2010 e 2014.
    • Contratos irregulares com a UTC Engenharia para bases de combustíveis.
    • Uso de empresas de fachada para lavagem de dinheiro.
    • Envolvimento de Collor como articulador político.
    • Participação de Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi.

Papel de Alexandre de Moraes no caso

Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, tem desempenhado um papel central nos desdobramentos envolvendo Collor. Sua decisão de rejeitar os embargos de infringentes e determinar a prisão imediata reflete uma postura rigorosa em relação aos recursos apresentados pela defesa. Moraes classificou os embargos como “meramente protelatórios”, argumentando que não apresentavam novos elementos capazes de reverter a condenação. A ordem de prisão, emitida de forma monocrática, surpreendeu a defesa, que esperava uma análise pelo plenário antes de qualquer medida drástica.

A atuação de Moraes no STF tem sido marcada por decisões firmes em casos de corrupção e abuso de poder. No contexto da Lava Jato, o ministro já foi responsável por outros julgamentos de grande repercussão, consolidando sua imagem como um magistrado que prioriza a celeridade e a aplicação da lei. A convocação do plenário virtual, a pedido de Moraes, demonstra sua intenção de submeter a decisão ao crivo dos colegas, mas a ordem de prisão imediata reforça a gravidade do caso.

A defesa de Collor questionou a decisão monocrática, argumentando que o plenário deveria ter a palavra final sobre os embargos. A sessão desta sexta-feira será uma oportunidade para os demais ministros avaliarem a conduta de Moraes, mas a prisão de Collor já está em curso, com o Juízo da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal encarregado de emitir o atestado de pena. A atuação de Moraes, portanto, coloca o caso em um novo patamar de urgência.

Implicações para a Lava Jato

A prisão de Fernando Collor é um marco para a Operação Lava Jato, que, desde 2014, revelou esquemas de corrupção envolvendo políticos, empresários e estatais. Embora a operação tenha enfrentado críticas e revezes nos últimos anos, como a anulação de condenações por questões processuais, o caso de Collor demonstra que suas ramificações ainda produzem efeitos concretos. A condenação de um ex-presidente reforça a relevância da Lava Jato no combate à corrupção sistêmica, mas também reacende debates sobre a duração dos processos e a efetividade das penas.

O esquema na BR Distribuidora é apenas uma das muitas frentes investigadas pela Lava Jato. A operação desvendou uma rede de propinas que envolveu diversas empresas públicas e privadas, com impactos profundos na política e na economia brasileira. A prisão de Collor, caso confirmada pelo plenário, pode servir como um símbolo de continuidade da luta contra a corrupção, mas também levanta questões sobre o futuro da operação em um cenário de mudanças no Judiciário e na opinião pública.

A decisão de Moraes, ao determinar a prisão antes do julgamento final pelo plenário, também reflete a pressão por resultados mais rápidos em casos de grande repercussão. A Lava Jato, que já condenou figuras como Luiz Inácio Lula da Silva e Eduardo Cunha, continua a ser um divisor de águas na história brasileira, e o caso de Collor adiciona mais um capítulo a essa trajetória.

Linha do tempo do caso Collor na Lava Jato

O processo contra Fernando Collor na Operação Lava Jato seguiu uma trajetória marcada por investigações, julgamentos e recursos. Abaixo, os principais momentos do caso:

  • 2010-2014: Collor recebe R$ 29,9 milhões em propinas por contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia.
  • 2015: Operação Lava Jato começa a investigar Collor, com buscas em suas propriedades.
  • 2023: STF condena Collor a 8 anos e 10 meses por corrupção e lavagem de dinheiro.
  • Novembro de 2024: STF rejeita recursos de Collor, por 6 a 4, mantendo a condenação.
  • 24 de abril de 2025: Moraes rejeita embargos e determina prisão imediata de Collor.
  • 25 de abril de 2025: Plenário virtual do STF analisa decisão de Moraes.

Contexto político e social

A prisão de Collor ocorre em um momento de alta tensão política no Brasil. Com a aproximação das eleições municipais de 2026, decisões judiciais envolvendo figuras públicas tendem a polarizar opiniões. Collor, que já foi uma das principais lideranças políticas do país, enfrenta agora o peso de uma condenação que pode marcar o fim de sua carreira pública. A decisão de Moraes, embora ancorada em fundamentos jurídicos, também alimenta discussões sobre o papel do STF em casos de corrupção e a percepção de seletividade no sistema judicial.

A sociedade brasileira, que acompanhou de perto os desdobramentos da Lava Jato, reage de forma diversa à prisão de Collor. Para alguns, a decisão é um sinal de justiça e fortalecimento das instituições; para outros, levanta questionamentos sobre a celeridade e a imparcialidade do Judiciário. O caso também coloca em evidência a trajetória da BR Distribuidora, que, após anos de envolvimento em escândalos, foi privatizada em 2019, marcando uma nova fase em sua história.

A sessão do plenário virtual, marcada para esta sexta-feira, será acompanhada com atenção por analistas políticos e pela imprensa. O resultado do julgamento pode influenciar não apenas o destino de Collor, mas também a percepção pública sobre o STF e a Lava Jato. Enquanto isso, a ordem de prisão segue em vigor, e Collor se prepara para cumprir a determinação judicial, em um desfecho que marca mais um capítulo na história da corrupção no Brasil.

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