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Modelo taiwanesa Cai Yuxin morre após negligência em clínica estética com propofol

Tragédia em clínica estética de Taipé: a modelo Cai Yuxin, de 40 anos, morreu após receber uma dose excessiva de propofol, conhecido como “injeção de leite”, em um procedimento para tratar insônia crônica, em 25 de maio de 2025. A administração inadequada do anestésico, realizada na Fairy Clinic, levou a uma parada cardiorrespiratória, deixando a paciente em coma por 18 dias. A família desligou os aparelhos em 12 de junho, após ausência de recuperação. O caso, marcado por negligência médica, gerou revolta em Taiwan e expôs falhas na regulamentação de clínicas estéticas. A investigação contra o médico Wu Shaohu, que deixou a paciente sob cuidados de um assistente não qualificado, está em andamento, enquanto o país debate a segurança de procedimentos com substâncias controladas.

A história de Cai Yuxin, conhecida por sua carreira em exposições de automóveis e comparada à atriz Lin Chi-ling por sua beleza e estatura de 1,70 m, chocou o público taiwanês. A modelo, que buscava alívio para um problema de sono de longa data, confiou em uma recomendação de uma amiga para realizar o procedimento. A clínica, localizada no distrito de Daan, prometia resultados rápidos, mas o desfecho foi devastador.

O caso reacendeu discussões sobre o uso indevido de medicamentos potentes em ambientes não hospitalares. O propofol, um sedativo de ação rápida, é restrito a contextos cirúrgicos ou de terapia intensiva, mas sua aplicação em clínicas estéticas tem crescido, apesar dos riscos.

  • Detalhes do procedimento: Cai recebeu o propofol por via intravenosa, mas a taxa de gotejamento foi ajustada incorretamente, resultando em uma overdose.
  • Falta de supervisão: O médico responsável saiu da clínica, deixando a paciente com um assistente sem treinamento adequado.
  • Resposta tardia: A tentativa de reanimação, guiada por videochamada, não foi suficiente para reverter o quadro.
  • Impacto imediato: A modelo foi internada em estado crítico, mas não apresentou sinais de recuperação cerebral.

O que aconteceu na Fairy Clinic

A Fairy Clinic, inaugurada em 2022, era conhecida por oferecer tratamentos estéticos e terapias alternativas, incluindo a controversa “terapia do sono” com propofol. Wu Shaohu, diretor da clínica e autointitulado “Pioneiro da Lipoescultura”, administrava procedimentos que atraíam clientes em busca de soluções rápidas para problemas como insônia. No dia 25 de maio, Cai Yuxin chegou ao local para sua sexta sessão de tratamento, confiante nos resultados das visitas anteriores.

O propofol, apelidado de “injeção de leite” por sua aparência leitosa, foi aplicado por via intravenosa. No entanto, Wu deixou a clínica logo após iniciar o procedimento, delegando a supervisão a um assistente sem licença médica. Um erro na configuração do gotejamento intravenoso fez com que a modelo recebesse uma dose muito superior à recomendada em poucos minutos. O quadro evoluiu rapidamente para convulsões, olhos revirados e, por fim, parada cardiorrespiratória.

O assistente, em pânico, contatou Wu por videochamada, que tentou orientá-lo para realizar uma reanimação cardiopulmonar (RCP). Apesar dos esforços, Cai já não apresentava sinais vitais quando o médico retornou. A modelo foi transferida para um hospital próximo, onde foi declarada em morte cerebral após tentativas de estabilização.

A carreira de Cai Yuxin

Cai Yuxin construiu uma trajetória notável em Taiwan, destacando-se em feiras automotivas, onde representava grandes montadoras. Sua presença carismática e altura incomum para os padrões locais a tornaram uma figura icônica, frequentemente comparada à atriz Lin Chi-ling. Com mais de 32 mil seguidores nas redes sociais, ela compartilhava momentos de sua vida profissional e pessoal, conquistando admiradores em toda a Ásia.

A modelo enfrentava insônia crônica há anos, o que a levou a buscar tratamentos alternativos. A “injeção de leite” foi apresentada como uma solução eficaz, mas a falta de regulamentação rigorosa em clínicas estéticas transformou a busca por alívio em uma tragédia.

Propofol: um medicamento sob escrutínio

O propofol é um anestésico intravenoso amplamente utilizado em cirurgias e procedimentos médicos que requerem sedação. Sua administração exige monitoramento contínuo, devido ao risco de depressão respiratória e arritmias cardíacas. Em Taiwan, o medicamento é classificado como substância controlada de Classe IV, permitido apenas em ambientes hospitalares com profissionais qualificados.

A aplicação do propofol para tratar insônia é considerada uma prática fora dos padrões médicos. Especialistas apontam que o medicamento não tem indicação terapêutica para esse fim, sendo sua utilização em clínicas estéticas uma violação das normas de segurança.

  • Riscos do propofol: Pode causar parada respiratória, arritmias e, em casos raros, a síndrome da infusão de propofol, com complicações fatais.
  • Regulamentação em Taiwan: O Ministério da Saúde exige que o uso ocorra em salas cirúrgicas ou UTIs, com equipamentos de monitoramento.
  • Uso indevido: Clínicas estéticas oferecem o medicamento para fins não aprovados, como tratamento de insônia ou relaxamento.

Negligência médica em foco

A investigação contra Wu Shaohu concentra-se em dois pontos principais: a administração inadequada do propofol e a ausência de supervisão qualificada. Autoridades taiwanesas analisam se o médico violou a Lei de Assistência Médica, que regula a prática de procedimentos invasivos. A falta de equipamentos de monitoramento na Fairy Clinic e a decisão de Wu de deixar a paciente com um assistente não licenciado são agravantes no caso.

Lai Xianyong, anestesista renomado em Taiwan, criticou a conduta de clínicas que utilizam substâncias controladas sem seguir protocolos. Ele destacou que incidentes semelhantes ocorrem anualmente, muitas vezes encobertos por acordos extrajudiciais. A ausência de registros de vídeo do procedimento, já que as imagens de segurança da clínica foram apagadas, levanta suspeitas de tentativa de ocultar evidências.

Reações do público e da família

A morte de Cai Yuxin gerou uma onda de indignação nas redes sociais, com hashtags exigindo justiça e maior fiscalização de clínicas estéticas. Fãs da modelo compartilharam mensagens de luto, enquanto grupos de defesa dos direitos dos pacientes cobraram reformas na legislação taiwanesa.

A família de Cai, devastada, evitou declarações públicas detalhadas, mas confirmou a decisão de desligar os aparelhos após 18 dias de coma. Representantes legais indicaram que a família considera abrir um processo civil contra a Fairy Clinic, além de apoiar a investigação criminal contra Wu Shaohu.

Cai Yuxin
Cai Yuxin – Foto: Facebook

Falhas na regulamentação de clínicas estéticas

O caso expôs fragilidades no controle de clínicas estéticas em Taiwan. Embora o Ministério da Saúde e Bem-Estar Social imponha restrições ao uso de substâncias como o propofol, a fiscalização é limitada, permitindo que estabelecimentos operem em uma zona cinzenta. Muitas clínicas oferecem tratamentos experimentais sem aprovação médica, atraindo clientes com promessas de resultados rápidos.

Especialistas defendem medidas mais rigorosas, como:

  • Auditorias regulares: Verificação obrigatória de licenças e equipamentos em clínicas estéticas.
  • Treinamento obrigatório: Exigência de certificação para profissionais que administram anestésicos.
  • Proibição de uso off-label: Banir o uso de propofol fora de indicações aprovadas.
  • Punições severas: Penalidades criminais para casos de negligência com desfecho fatal.

Casos semelhantes no mundo

A morte de Cai Yuxin não é um incidente isolado. O uso indevido de propofol ganhou notoriedade em 2009, com a morte do cantor Michael Jackson, que recebeu o medicamento para tratar insônia em casa. O médico Conrad Murray foi condenado por homicídio culposo, em um caso que destacou a necessidade de regulamentação mais rígida.

Em Taiwan, outros episódios de negligência em clínicas estéticas já foram registrados, embora poucos tenham alcançado a mesma visibilidade. A pressão pública após a tragédia de Cai pode impulsionar mudanças legislativas, com propostas de lei tramitando no parlamento taiwanês.

O legado de Cai Yuxin

A trajetória de Cai Yuxin, marcada por sua ascensão no mundo da moda e sua luta contra a insônia, terminou de forma abrupta, mas seu caso pode deixar um impacto duradouro. Organizações de saúde e ativistas têm usado a tragédia para alertar sobre os perigos de procedimentos médicos realizados sem supervisão adequada.

A Fairy Clinic permanece sob escrutínio, com possibilidade de fechamento caso as investigações confirmem violações graves. Wu Shaohu, por sua vez, enfrenta a suspensão de sua licença médica, enquanto as autoridades avaliam a extensão de sua responsabilidade no caso.

Demandas por segurança médica

O debate em Taiwan agora se volta para a proteção dos pacientes. Propostas incluem a criação de um órgão independente para supervisionar clínicas estéticas e a obrigatoriedade de relatórios detalhados sobre o uso de substâncias controladas. A tragédia de Cai Yuxin serve como um alerta sobre os riscos de práticas médicas mal regulamentadas, especialmente em um setor movido por promessas de bem-estar e beleza.

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