[Cidade AC News – Brasília] — O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quarta-feira (23) a abertura de investigação sobre possível prática de “insider trading” no mercado de câmbio, após a divulgação das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.
A medida foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, com base em relatórios entregues pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Banco Central, que indicam movimentações suspeitas de grandes volumes de venda de dólar futuro nos dias que antecederam o anúncio oficial do governo Trump.
Segundo a decisão, há indícios de que instituições financeiras e operadores individuais atuaram com informação privilegiada, antecipando-se ao impacto das tarifas e lucrando milhões com a queda do real.
“A volatilidade cambial é um reflexo direto de decisões políticas. O uso indevido de informação estatal para benefício próprio representa crime grave contra a ordem econômica”, escreveu Moraes em seu despacho.
A investigação está sendo conduzida em parceria com a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e técnicos da Receita Federal. O foco inicial são três corretoras de câmbio com sede em São Paulo e Brasília, além de duas gestoras de patrimônio ligadas a ex-servidores públicos com passagem pelo Ministério da Economia.
Fontes da CVM relataram que, em apenas 48 horas antes do anúncio das tarifas, cerca de US$ 1,2 bilhão foram movimentados em contratos de venda de dólar, um valor atípico para o período e concentrado em poucas mãos.
O caso acendeu o alerta no setor financeiro e no governo. O Ministério da Fazenda emitiu nota afirmando que “repudia com veemência qualquer tentativa de manipulação de mercado” e se colocou à disposição das investigações. Já o Banco Central disse que reforçará a fiscalização em operações de grande porte durante períodos de sensibilidade política ou internacional.
Para economistas, o episódio reforça a necessidade de regras mais duras de compliance e rastreabilidade nas bolsas de valores e câmbio no Brasil.
“O mercado brasileiro ainda opera com muitas zonas cinzentas. Não é incomum que decisões políticas virem oportunidade para espertos que estão dentro do jogo”, apontou o analista financeiro Gabriel Lima.
Do ponto de vista jurídico, o caso pode se tornar emblemático: se comprovada, a infração envolve crime contra o sistema financeiro, uso indevido de informação privilegiada e possível associação criminosa. As penas podem ultrapassar 15 anos de prisão, além de multas milionárias e bloqueio de bens.
A oposição ao governo Lula, por sua vez, acusa o Planalto de tentar usar o caso para “distrair da crise econômica real” e promover um novo embate político com o mercado.
“É claro que precisa investigar. Mas não pode virar caça às bruxas ou cortina de fumaça. O foco tem que ser salvar a economia, não teatralizar CPI”, afirmou o deputado Rogério Nunes (PL-SP).
No Acre, o impacto do dólar inflado já é sentido por comerciantes e importadores. O valor de produtos eletrônicos, medicamentos e até insumos agrícolas sofreu alta de até 14% no mês de julho. Empresários locais defendem a apuração, mas pedem agilidade para que a economia real não seja engolida pela instabilidade dos bastidores.
Segundo o calendário da CVM, os primeiros depoimentos de testemunhas devem ocorrer ainda nesta semana. A expectativa é que o caso ganhe novos desdobramentos, inclusive com cooperação internacional com o Tesouro dos EUA, que também acompanha os movimentos do mercado latino-americano.
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✍️ Eliton Lobato Muniz
Cidade AC News – Rio Branco – Acre





