Uma nova ferramenta passou a facilitar a vida de pais e responsáveis no acompanhamento da saúde infantil no Brasil. Desde 10 de abril, o aplicativo Meu SUS Digital disponibiliza a Caderneta de Saúde da Criança em formato digital, permitindo monitorar vacinas, crescimento e histórico clínico diretamente pelo celular. A iniciativa, que integra a Rede Nacional de Dados em Saúde, oferece notificações automáticas sobre doses de reforço e consultas, garantindo maior praticidade para famílias. A caderneta digital não substitui a versão física, mas funciona como um complemento acessível e interativo, disponível para cerca de 26 milhões de crianças de até 9 anos no país.
A plataforma reúne informações cruciais, como registros de imunizações e marcos de desenvolvimento, atualizados em tempo real por profissionais de saúde. Além disso, os responsáveis podem adicionar observações sobre o bem-estar da criança, criando um canal direto com o sistema de saúde. O acesso exige apenas uma conta ativa no Gov.br, tanto para a criança quanto para o responsável, e o aplicativo é gratuito, disponível para Android, iOS e versão web.
Com a digitalização, o governo busca reduzir problemas comuns, como a perda do documento físico ou esquecimento de datas de vacinação. A ferramenta também oferece conteúdos educativos sobre temas como amamentação e prevenção de acidentes, reforçando o cuidado integral com a infância.
Como funciona a nova ferramenta
A caderneta digital é dividida em duas áreas principais: Registros de Saúde e Cuidados da Família. A primeira permite acompanhar o histórico de vacinas, consultas e atendimentos, enquanto a segunda oferece orientações práticas para o dia a dia. Dados inseridos por médicos e enfermeiros ficam disponíveis instantaneamente, garantindo que as informações estejam sempre atualizadas.
Famílias podem interagir com a plataforma, registrando sintomas ou mudanças na rotina da criança. Essas anotações são compartilhadas com profissionais de saúde, se necessário, criando uma comunicação mais fluida. A caderneta cobre desde o nascimento até os 9 anos, faixa etária em que a atenção primária é essencial para o desenvolvimento saudável.
O aplicativo notifica automaticamente sobre vacinas pendentes ou exames de rotina, ajudando a manter o calendário em dia. Essa funcionalidade é especialmente útil para pais que enfrentam rotinas corridas, já que elimina a dependência exclusiva do documento físico, entregue em unidades de saúde.
Benefícios para as famílias
A praticidade da caderneta digital resolve desafios antigos. Antes, esquecer a caderneta física em consultas ou na escola podia atrasar atendimentos ou vacinações. Agora, com o aplicativo, todas as informações estão a poucos cliques, acessíveis mesmo em áreas remotas com conexão à internet.
Outro destaque é a integração com a Rede Nacional de Dados em Saúde, que conecta serviços do SUS em todo o país. Isso significa que, independentemente da cidade onde a criança for atendida, os registros estarão disponíveis para médicos e enfermeiros, agilizando diagnósticos e tratamentos.
Os conteúdos educativos também ganham espaço. Pais encontram dicas sobre alimentação saudável, saúde bucal e até direitos da criança, adaptadas para diferentes idades. Essas orientações, antes restritas à versão impressa, agora são interativas e podem ser consultadas a qualquer momento.
Passo a passo para acessar
Usar a caderneta digital é um processo simples, projetado para alcançar o maior número de famílias possível. Os requisitos incluem:
- Baixar o aplicativo Meu SUS Digital, disponível gratuitamente na App Store ou Google Play, ou acessar a versão web;
- Fazer login com CPF e senha do Gov.br, tanto do responsável quanto da criança;
- Selecionar a opção “Caderneta da Criança” na seção Miniapps e vincular a criança à conta, informando seus dados.
Após a validação, a caderneta fica disponível, com todas as funcionalidades liberadas.
Impacto na saúde infantil
A introdução da caderneta digital chega em um momento estratégico. Dados mostram que a cobertura vacinal no Brasil caiu nos últimos anos, com apenas 67% das crianças imunizadas contra poliomielite em 2023, contra a meta de 95%. A nova ferramenta busca reverter esse cenário, incentivando a adesão por meio de lembretes ativos.
Além das vacinas, a caderneta monitora indicadores como peso, altura e desenvolvimento neurológico, permitindo identificar precocemente problemas de saúde. Essa vigilância é crucial nos primeiros anos de vida, quando intervenções rápidas podem prevenir complicações graves, como desnutrição ou atrasos cognitivos.
A tecnologia também fortalece o vínculo entre famílias e o SUS. Com acesso facilitado a informações, pais se tornam mais engajados no cuidado, enquanto profissionais de saúde ganham uma visão mais completa do histórico da criança.
Modernização do SUS
A digitalização da caderneta faz parte de um esforço maior para transformar o Sistema Único de Saúde. O Meu SUS Digital, lançado como sucessor do Conecte SUS, já acumula mais de 50 milhões de downloads e 4,5 milhões de usuários ativos. Além da caderneta, o aplicativo oferece serviços como consulta de exames, agendamento de consultas e localização de unidades de saúde.
Desde 2023, o governo investiu R$ 464 milhões na expansão da infraestrutura digital do SUS, com foco em áreas de baixa conectividade. A meta é universalizar o acesso a serviços online, reduzindo desigualdades regionais. Em 2024, 80% das unidades básicas de saúde já estavam integradas à Rede Nacional de Dados, um salto em relação aos 65% de 2022.
A caderneta digital é vista como um marco nesse processo, especialmente por seu impacto na infância. Crianças representam cerca de 12% da população brasileira, e garantir sua saúde é uma prioridade para reduzir indicadores como mortalidade infantil, que caiu de 13,1 para 11,8 por mil nascidos vivos entre 2019 e 2023.

Funcionalidades práticas
A caderneta digital oferece recursos que vão além do registro de vacinas. Pais podem acompanhar:
- Marcos de desenvolvimento, como primeiros passos ou fala;
- Histórico de consultas e procedimentos realizados no SUS;
- Orientações sobre cuidados específicos, como saúde bucal ou prevenção de acidentes domésticos.
Esses dados são sincronizados em tempo real, garantindo precisão e continuidade no atendimento.
Apoio educativo para cuidadores
Cuidar de uma criança envolve mais do que consultas médicas. A seção Cuidados da Família traz informações detalhadas sobre temas essenciais, como amamentação exclusiva até os 6 meses, recomendada pela Organização Mundial da Saúde. Outros tópicos incluem prevenção de violência infantil e uso consciente de telas, que devem ser limitadas a 2 horas diárias para crianças de 2 a 5 anos.
Esses conteúdos são apresentados de forma acessível, com linguagem clara e exemplos práticos. Por exemplo, há guias sobre introdução alimentar, sugerindo alimentos naturais em vez de processados, e alertas sobre os riscos de acidentes domésticos, que causam 4,7 mil mortes anuais entre crianças de 0 a 14 anos no Brasil.
A interatividade é um diferencial. Pais podem salvar dicas favoritas ou compartilhar informações com outros cuidadores, criando uma rede de apoio virtual. Essa abordagem fortalece o papel das famílias na promoção da saúde infantil, especialmente em comunidades onde o acesso a profissionais é limitado.
Desafios de implementação
Apesar dos avanços, a caderneta digital enfrenta obstáculos. A conectividade ainda é um problema em 15% dos municípios brasileiros, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde 3,2 milhões de pessoas não têm acesso à internet. O governo planeja expandir a infraestrutura de banda larga, mas a universalização pode levar anos.
Outro desafio é a alfabetização digital. Cerca de 20% dos brasileiros com mais de 10 anos não sabem usar aplicativos básicos, o que pode limitar o alcance da ferramenta. Para contornar isso, o Ministério da Saúde lançou campanhas em unidades básicas, ensinando pais a criar contas no Gov.br e navegar no aplicativo.
A adesão de profissionais de saúde também é crucial. Embora 90% dos médicos do SUS estejam capacitados para usar a Rede Nacional de Dados, a atualização de registros depende da rotina de cada unidade, que muitas vezes enfrenta sobrecarga.
Cronograma de integração
A implementação da caderneta digital segue um plano gradual:
- Abril 2025: Lançamento nacional e integração com 80% das unidades de saúde;
- Julho 2025: Expansão para 90% das unidades, com foco em áreas rurais;
- Dezembro 2025: Avaliação do impacto, incluindo aumento da cobertura vacinal.
Esse cronograma reflete o compromisso de alcançar todas as regiões do país até o fim do ano.
Segurança dos dados
Proteger as informações das crianças é uma prioridade. O aplicativo usa criptografia avançada, e o acesso é restrito a contas verificadas no Gov.br, que exige autenticação por CPF e senha. Apenas responsáveis legais podem vincular uma criança, e os dados são armazenados em servidores da Rede Nacional de Dados, com backups regulares.
Em 2024, o SUS registrou zero incidentes de vazamento de dados em seus sistemas digitais, um feito atribuído aos investimentos em cibersegurança. Mesmo assim, os usuários são orientados a evitar compartilhar senhas ou acessar o aplicativo em dispositivos públicos.
A privacidade também é garantida por lei. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) regula o uso das informações, exigindo consentimento explícito para qualquer compartilhamento com terceiros, como em pesquisas de saúde pública.
Impacto nas comunidades
A caderneta digital tem potencial para transformar o cuidado infantil, especialmente em áreas vulneráveis. No Brasil, 26% das crianças de 0 a 9 anos vivem em famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo. Para essas comunidades, o acesso gratuito a uma ferramenta digital pode significar maior controle sobre a saúde dos filhos.
Em regiões indígenas, onde a mortalidade infantil é 2,5 vezes maior que a média nacional, a caderneta pode ajudar a monitorar doenças preveníveis, como diarreia e pneumonia, que respondem por 30% das mortes de crianças até 5 anos. A ferramenta já foi adaptada para incluir orientações em línguas nativas, como guarani e yanomami, em projetos-piloto no Amazonas e no Mato Grosso.
A iniciativa também beneficia profissionais de saúde comunitária, como agentes indígenas e técnicos de enfermagem, que podem consultar dados atualizados durante visitas domiciliares. Isso reduz a dependência de documentos físicos, que muitas vezes se deterioram em condições adversas.
Educação como pilar do cuidado
Promover a saúde infantil exige informação acessível. A caderneta digital oferece guias sobre temas como:
- Saúde mental infantil, com sinais de alerta para ansiedade ou depressão;
- Prevenção de obesidade, que afeta 15% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos;
- Cuidados com recém-nascidos, incluindo testes do pezinho e da orelhinha.
Esses conteúdos são atualizados regularmente com base em diretrizes do Ministério da Saúde.
Apoio aos profissionais de saúde
Médicos e enfermeiros também se beneficiam da caderneta digital. Antes, consultar o histórico de uma criança exigia localizar a caderneta física, que nem sempre estava completa. Agora, os registros digitais permitem acesso instantâneo a informações como alergias, internações ou vacinas aplicadas, mesmo em diferentes cidades.
A ferramenta também reduz erros administrativos. Em 2023, 5% das doses de vacinas foram registradas com dados incorretos, como datas ou lotes, o que atrasava a validação. Com a integração digital, esses equívocos caíram para menos de 2% em unidades piloto.
Profissionais recebem treinamento contínuo para usar o sistema, com 70 mil capacitados em 2024. A meta é alcançar 100 mil até o fim de 2025, cobrindo 95% das equipes de atenção primária.
Futuro da digitalização na saúde
A caderneta digital é apenas um passo na modernização do SUS. O governo planeja lançar novos recursos no Meu SUS Digital, como prontuários unificados para adultos e monitoramento de doenças crônicas. Em 2026, a previsão é integrar inteligência artificial para prever surtos epidêmicos com base em dados da Rede Nacional.
Essas inovações visam tornar o SUS mais eficiente, reduzindo filas e custos. Em 2024, o sistema economizou R$ 120 milhões com a digitalização de processos administrativos, valor que será reinvestido em infraestrutura.
A caderneta digital, por sua vez, deve evoluir para incluir mais funcionalidades, como lembretes para exames preventivos e integração com wearables para monitorar sinais vitais em tempo real.
Engajamento das famílias
Envolver os pais no cuidado infantil é essencial. A caderneta digital incentiva essa participação ativa, permitindo que famílias registrem informações e recebam feedback imediato. Em testes iniciais, 85% dos usuários relataram maior confiança no acompanhamento da saúde dos filhos após usar o aplicativo.
A ferramenta também facilita o diálogo com professores e cuidadores. Escolas podem acessar a caderneta (com autorização) para verificar vacinas exigidas, como a BCG, aplicada em 98% dos recém-nascidos em 2023. Isso fortalece a integração entre saúde e educação, áreas críticas para o desenvolvimento infantil.
O engajamento é ainda maior em áreas urbanas, onde 90% das famílias têm smartphones. Nas zonas rurais, o governo distribui tablets em unidades de saúde para apoiar o acesso, beneficiando 1,2 milhão de crianças em 2024.
Números que mostram o alcance
A caderneta digital já impacta milhões de brasileiros. Até abril de 2025, cerca de 500 mil crianças foram vinculadas ao aplicativo, com projeção de alcançar 5 milhões até o fim do ano. Outros dados incluem:
- 80% das unidades de saúde integradas à ferramenta;
- 3 milhões de notificações de vacinas enviadas mensalmente;
- 12 mil conteúdos educativos acessados por dia.
Esses números refletem o potencial da tecnologia para transformar a saúde infantil no Brasil.