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Mercado ajusta projeções econômicas em meio a tensões globais

Economia Brasileira

A economia brasileira enfrenta um cenário de ajustes nas expectativas do mercado, conforme indicado pela pesquisa Focus do Banco Central, divulgada em 22 de abril de 2025. Analistas reduziram a projeção para a inflação medida pelo IPCA em 2025, passando de 5,65% para 5,57%, sinalizando uma leve desaceleração nos preços. Ao mesmo tempo, as previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foram elevadas, com uma estimativa de expansão de 2% para este ano, ante 1,98% na semana anterior. Para 2026, o cenário também mostra otimismo, com o PIB projetado para crescer 1,7%, contra 1,61% da projeção anterior. Esses números refletem um equilíbrio delicado entre pressões inflacionárias e a busca por crescimento econômico, em um contexto global marcado por incertezas comerciais.

Os dados da pesquisa Focus, que reúne as expectativas de cerca de cem economistas, apontam para a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao longo de 2025, marcando a 15ª semana consecutiva sem alterações nessa projeção. Para 2026, a expectativa é que a Selic caia para 12,5%, sugerindo um ciclo de flexibilização monetária no horizonte. A estabilidade na projeção dos juros reflete a cautela do mercado diante de fatores como a alta persistente da inflação, que permanece acima do teto da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No câmbio, o dólar também apresenta sinais de estabilização. A projeção para o fim de 2025 foi mantida em R$ 5,90, enquanto para 2026 houve uma leve redução, de R$ 5,97 para R$ 5,96. A moeda norte-americana, que acumula queda de 6,02% frente ao real em 2025, reflete um movimento de correção após a disparada observada no final de 2024, impulsionada por incertezas relacionadas às políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

  • IPCA: Projeção reduzida para 5,57% em 2025, mas ainda acima do teto da meta de 4,5%.
  • PIB: Crescimento esperado de 2% em 2025 e 1,7% em 2026, indicando otimismo moderado.
  • Selic: Estabilidade em 15% para 2025, com previsão de queda para 12,5% em 2026.
  • Dólar: Cotação projetada em R$ 5,90 para 2025 e R$ 5,96 para 2026.

Inflação segue como desafio central

A redução na projeção do IPCA para 5,57% em 2025, embora positiva, não elimina as preocupações com a inflação. O índice, que mede a variação de preços para famílias com renda de até 40 salários mínimos, fechou 2024 em 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%. Fatores como a alta nos preços de alimentos e bebidas, que pressionaram o bolso dos brasileiros ao longo do último ano, continuam sendo monitorados de perto pelo Banco Central. Em fevereiro de 2025, o IPCA registrou alta de 1,31%, o maior resultado para o mês desde 2003, puxado pelo aumento nas tarifas de energia elétrica. Nos últimos 12 meses, o índice acumula 5,06%, reforçando a necessidade de uma política monetária restritiva.

O Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), tem utilizado a Selic como principal instrumento para conter a demanda aquecida e controlar a inflação. A taxa, atualmente em 14,25% ao ano, deve subir para 15% até o fim de 2025, segundo as projeções do mercado. Essa expectativa está alinhada com as sinalizações do Copom, que anunciou uma elevação de menor magnitude para a reunião de maio, sem indicar os próximos passos. A alta dos juros, embora eficaz para frear a inflação, encarece o crédito e pode limitar a expansão econômica, criando um dilema para os policymakers.

Além dos fatores domésticos, o cenário global contribui para a cautela dos analistas. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada pelas tarifas impostas por Trump, gera temores de uma recessão global. A tarifa mínima de 10% sobre todas as importações americanas, anunciada em 2 de abril, e a escalada de retaliações com a China, que incluiu taxas de 145% sobre produtos chineses, aumentam a volatilidade nos mercados. Esses eventos impactam diretamente o câmbio e os preços de commodities, que afetam a inflação no Brasil.

PIB reflete otimismo cauteloso

A elevação da projeção de crescimento do PIB para 2% em 2025 indica uma visão mais otimista do mercado, embora com ressalvas. Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,49%, superando as expectativas iniciais e beneficiada por setores como agropecuária e serviços. Para 2025, a expectativa de 2% sugere uma desaceleração, mas ainda assim um desempenho sólido frente às incertezas globais. Setores como indústria e varejo devem contribuir para o crescimento, embora a alta dos juros possa limitar investimentos e consumo.

Para 2026, a projeção de 1,7% reflete uma perspectiva de crescimento moderado, com desafios adicionais no horizonte. A desaceleração global, impulsionada pelas tensões comerciais, pode afetar as exportações brasileiras, especialmente de commodities como soja e minério de ferro. Além disso, o mercado monitora de perto a política fiscal do governo, que enfrenta pressões para equilibrar contas públicas em meio a demandas por investimentos sociais. O déficit primário projetado para 2025 é de -0,6% do PIB, com a dívida líquida do setor público estimada em 66,95% do PIB.

  • Crescimento em 2024: 3,49%, impulsionado por agropecuária e serviços.
  • Projeção para 2025: 2%, com destaque para indústria e varejo.
  • Desafios para 2026: Guerra comercial e política fiscal podem limitar expansão.
  • Dívida pública: Previsão de 66,95% do PIB em 2025, com alta gradual nos anos seguintes.

Selic elevada limita expansão econômica

A manutenção da projeção da Selic em 15% para 2025 reflete a percepção de que o Banco Central continuará adotando uma postura contracionista para conter a inflação. A taxa, que atingiu 14,25% após sucessivas altas em 2024 e início de 2025, encarece o crédito para consumidores e empresas, impactando diretamente o consumo e os investimentos. Bancos consideram fatores como risco de inadimplência e custos administrativos ao definir os juros cobrados, o que amplifica o efeito restritivo da Selic.

O Copom, em suas últimas reuniões, destacou a desancoragem das expectativas de inflação e o superaquecimento da economia como justificativas para o aperto monetário. A ata da reunião de março de 2025 reforçou a preocupação com a inflação de serviços, que permanece elevada, e com os impactos das políticas econômicas sobre o câmbio. Para 2026, a projeção de queda da Selic para 12,5% sugere que o Banco Central poderá iniciar um ciclo de cortes, caso a inflação mostre sinais de convergência para a meta.

A política monetária restritiva, embora necessária para controlar a inflação, tem efeitos colaterais. Taxas de juros mais altas desestimulam o consumo e podem frear a criação de empregos, especialmente em setores sensíveis ao crédito, como construção civil e varejo. O mercado espera que o Banco Central equilibre esses impactos, mantendo a inflação sob controle sem comprometer o crescimento de longo prazo.

Dólar reflete tensões comerciais

A estabilidade na projeção do dólar em R$ 5,90 para 2025 indica um cenário de relativa calma no mercado cambial, após a volatilidade observada no final de 2024. A moeda norte-americana, que chegou a ultrapassar R$ 6 em novembro do último ano, recuou 6,02% em 2025, influenciada por uma correção de preços e pela redução das incertezas em torno das tarifas americanas. Para 2026, a projeção de R$ 5,96 sugere uma leve apreciação do real, embora o cenário permaneça suscetível a choques externos.

As tarifas impostas por Trump, que incluem uma taxa universal de 10% sobre importações e medidas específicas contra a China, têm impacto direto no câmbio global. A valorização do dólar frente a moedas emergentes, como o real, reflete a força da economia americana e a busca por ativos seguros em meio às tensões comerciais. No Brasil, o câmbio elevado pressiona os preços de produtos importados, como combustíveis e insumos industriais, contribuindo para a inflação.

  • Queda do dólar em 2025: Acumula recuo de 6,02% frente ao real.
  • Projeção estável: R$ 5,90 para 2025, com leve alta para R$ 5,96 em 2026.
  • Impactos das tarifas: Política de Trump eleva volatilidade no câmbio global.
  • Pressão inflacionária: Câmbio afeta preços de combustíveis e insumos.

Contexto global pressiona economia brasileira

O cenário internacional desempenha um papel crucial nas projeções do mercado. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada pelas tarifas de Trump, cria um ambiente de incerteza que afeta economias emergentes como o Brasil. A tarifa de 10% sobre todas as importações americanas, implementada em abril, foi parcialmente ajustada, mas as retaliações com a China, que incluíram taxas de 145% sobre produtos chineses e uma resposta de 125% de Pequim, mantêm os mercados em alerta.

Essas tensões impactam o Brasil de forma indireta, por meio da redução da demanda global por commodities e da volatilidade no câmbio. O país, que-dotado de um forte setor exportador, enfrenta desafios para manter a competitividade em um cenário de dólar elevado. A balança comercial brasileira, projetada em US$ 73,4 bilhões para 2025, pode ser afetada pela queda nos preços de commodities, como soja e minério de ferro, que representam uma fatia significativa das exportações.

Inflação
Inflação – Foto:
rafastockbr/ Shutterstock.com

Cronograma das reuniões do Copom em 2025

O Comitê de Política Monetária do Banco Central tem um calendário definido para suas reuniões, que são cruciais para as decisões sobre a Selic. As datas previstas para 2025 incluem:

  • Maio: 7 e 8, com expectativa de alta de menor magnitude na Selic.
  • Junho: 25 e 26, com possíveis ajustes dependendo da inflação.
  • Agosto: 5 e 6, momento de avaliação do impacto das altas anteriores.
  • Setembro: 16 e 17, com foco na convergência da inflação à meta.
  • Outubro: 28 e 29, possível início de discussões sobre flexibilização.
  • Dezembro: 9 e 10, última reunião do ano, definindo o tom para 2026.

Perspectivas para o futuro

A redução da projeção de inflação para 5,57% em 2025 é um sinal positivo, mas o índice permanece acima do teto da meta, exigindo vigilância contínua do Banco Central. A alta dos juros, embora necessária, pode limitar o crescimento econômico, especialmente em setores dependentes de crédito. O PIB, projetado para crescer 2%, reflete um otimismo moderado, mas o cenário global, marcado por tensões comerciais, representa um risco significativo.

O dólar, estabilizado em R$ 5,90, oferece alguma previsibilidade ao mercado, mas a volatilidade pode retornar caso as tensões entre Estados Unidos e China se intensifiquem. A política fiscal do governo, que enfrenta pressões para reduzir o déficit, também será determinante para a confiança dos investidores. A dívida pública, projetada em 66,95% do PIB, exige medidas de ajuste para garantir a sustentabilidade das contas públicas.

Os próximos meses serão cruciais para definir a trajetória da economia brasileira. As decisões do Copom, combinadas com o desempenho dos setores produtivos e o cenário externo, moldarão as perspectivas para 2025 e 2026. O mercado, por enquanto, mantém uma postura de cautela, equilibrando otimismo com a necessidade de monitorar os riscos globais e domésticos.

  • Inflação: Controle exige política monetária restritiva, mas com impacto no crescimento.
  • PIB: Expansão de 2% depende de investimentos e consumo interno.
  • Câmbio: Estabilidade do dólar é positiva, mas suscetível a choques externos.
  • Política fiscal: Redução do déficit é essencial para confiança do mercado.

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