No Dia Nacional de Proteção às Florestas, Marina Silva chorou. Mas não moveu um palmo político para impedir o que sempre prometeu proteger com a vida: a Amazônia e os biomas do Brasil. Enquanto a ministra publica vídeos emocionais sobre “empates” e evoca Chico Mendes, o Congresso Nacional aprova leis que facilitam o desmatamento e o avanço predatório — e ela apenas assiste, calada, vencida, institucionalizada.
A mesma Marina que já enfrentou coronéis da motosserra e barões da terra no peito agora assiste à aprovação da MP 1185/2025, que flexibiliza o licenciamento ambiental e escancara áreas sensíveis ao avanço rural e industrial.
Foram 324 votos a favor. O governo não se opôs. E a ministra não gritou.
Quando finalmente reagiu, já era tarde. O luto virou post, o empate virou metáfora e a floresta virou palco de retórica vazia.
Rainha da floresta ou dama do retrocesso disfarçado?
Os dados mostram que o discurso não basta. O que Marina não conseguiu conter, os números revelam sem filtros:
🔥 Queimadas acumuladas por bioma (focos detectados pelo INPE)
| Bioma | Governo Bolsonaro (2019–2022) | Governo Lula (2023–2024) |
|---|---|---|
| Amazônia | 289.200 focos | 148.700 focos |
| Cerrado | 204.600 focos | 226.900 focos |
| Mata Atlântica | 31.400 focos | 34.200 focos |
| Pantanal | 24.100 focos | 38.900 focos |
🌳 Desmatamento acumulado por bioma (em km²)
| Bioma | Governo Bolsonaro (2019–2022) | Governo Lula (2023–2024) |
|---|---|---|
| Amazônia | 46.300 km² | 21.612 km² |
| Cerrado | 36.000 km² | 40.832 km² |
| Mata Atlântica | 2.400 km² | 2.978 km² |
| Pantanal | 2.200 km² | 3.167 km² |
Fontes: INPE – Programa Queimadas; MapBiomas; Prodes-Deter – até abril de 2025
Quem está ganhando com isso?
Não são pequenos agricultores ou comunidades tradicionais.
Quem avança com a flexibilização ambiental são grandes grupos do agronegócio, mineradoras e operadores logísticos do PAC. A bancada ruralista, com mais de 280 parlamentares, atua com coesão e método — e tem espaço livre num governo que prioriza articulação com o Centrão a qualquer custo.
Empresas como JBS, Suzano, Bracell, Enauta, Cosan e Marfrig expandem suas frentes sobre áreas ambientalmente frágeis com respaldo legislativo e ausência de oposição institucional.
O que Marina Silva conseguiu entregar – ano a ano como ministra
✅ 2023 – Operações e diplomacia
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Redução de 50% do desmatamento da Amazônia Legal.
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Recriação do Fundo Amazônia (R$ 3,1 bi).
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Protagonismo na COP28.
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Revogação de atos da gestão anterior e reativação do Conama.
✅ 2024 – Planos e regulamentações
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Lançamento do PPCerrado e da Estratégia de Restauração.
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Expansão do CAR em áreas prioritárias.
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Início do projeto Amazônia+Sustentável.
⚠️ 2025 – Perda de tração
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Derrota na MP 1185/2025.
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Isolamento interno no governo.
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Perda de influência sobre obras do PAC.
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Silêncio frente à exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
O que Marina Silva NÃO conseguiu entregar – ano a ano
❌ 2023
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Não retomou controle do licenciamento ambiental.
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Foi derrotada no Marco Temporal.
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Não blindou o Ibama de indicações políticas.
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Recebeu um dos menores orçamentos estratégicos.
❌ 2024
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Falhou na efetivação fiscalizatória do CAR.
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Reestruturação do ICMBio engavetada.
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Plano contra queimadas no Cerrado/Pantanal não saiu.
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Mineração em TI ficou emperrada e sem posição firme.
❌ 2025
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Foi atropelada pela MP 1185/2025.
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Permitiu aprovação da autorregularização rural.
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Perdeu controle da agenda ambiental do PAC.
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Calou diante da ofensiva petroleira no Norte.
Discurso e prática: o contraste cruel
| Discurso de Marina | Realidade no governo Lula III |
|---|---|
| “A floresta em pé é nosso maior ativo” | PAC prioriza rodovias e portos em áreas sensíveis |
| “Não vamos negociar com retrocesso” | Governo se omite em votação da MP 1185/2025 |
| “Empates são nossa herança de resistência” | Queimadas no Cerrado e Pantanal aumentam |
Análise de bastidor: Marina esvaziada dentro do próprio governo
Fontes do próprio governo confirmam: Marina perdeu espaço para os ministros Rui Costa, Renan Filho e Alexandre Silveira.
Ela já não participa das decisões estratégicas sobre energia, licenciamento, grandes obras e clima. Sua posição sobre a Foz do Amazonas, por exemplo, foi ignorada pelo Planalto.
Internamente, Marina é respeitada — mas não ouvida.
O que dizem os especialistas
“O modelo de comando fraco no Meio Ambiente compromete a liderança do Brasil na COP30.”
— Carlos Nobre, climatologista
“A ausência de enfrentamento político transformou o Ministério em vitrine diplomática sem poder real.”
— Suely Araújo, ex-presidente do Ibama
Chamado à ação: a floresta não queima sozinha
A floresta não arde só por causa de fósforo e fogo. Ela queima pela omissão das instituições e pela covardia política.
Se a sociedade não se mobiliza, os empates viram tweets e a resistência desaparece sob o manto da retórica.
A pergunta que fica: Marina ainda é solução ou já virou parte do problema?
Conclusão: o desmatamento agora é legal — e Marina ajuda a legitimar
Se a ministra não tem força para barrar, que diga. Se não tem o apoio de Lula, que denuncie.
Mas se permanecer no cargo apenas para servir de estampa moral do governo, sua presença deixa de ser símbolo de resistência para se tornar elemento de normalização institucional da destruição verde.
No dia em que o Brasil deveria celebrar sua floresta, o país legalizou sua destruição.
E a ministra que deveria proteger… só lamentou.
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Fonte: INPE – Programa Queimadas; MapBiomas; Câmara dos Deputados; Prodes-Deter; Conama; MMA – Data de Postagem: 17/07/2025 – 17:00 (NÃO POSTAR APAGAR)





