Enquanto o Progressistas sela a pré-candidatura de Mailza Assis ao governo do Acre em 2026, uma pergunta começa a circular nos bastidores: o que será de Mailza quando Gladson Cameli sair de cena? Sem o escudo político do atual governador, ela terá força para sustentar o projeto sozinha? Ou será apenas uma continuação maquiada de uma gestão em desgaste?
A pergunta é legítima. E o debate já começou.
Quando, onde, por que essa pauta agora?
O aceno à pré-candidatura de Mailza Assis aconteceu publicamente no último evento estadual do PP Mulher, realizado na capital acreana no início da semana. Lideranças femininas como Nazaré Araújo, ex-vice-governadora, fizeram discursos inflamados em defesa de Mailza, denunciando a misoginia na política e selando a unidade em torno de seu nome. O fato foi simbólico: pela primeira vez, Mailza foi apresentada não mais como “vice”, mas como a “governadora que pode vir”.
Nos bastidores, no entanto, a história não é tão simples.
O peso do sobrenome (Cameli)
Mailza Assis chegou à política majoritária pela mão de Gladson Cameli. Sua trajetória é marcada por fidelidade. Desde a suplência no Senado até a vice-governadoria, sua imagem sempre esteve atrelada ao projeto de Cameli. Isso é trunfo… e armadilha.
Com Gladson cada vez mais ausente do debate público — seja por desgaste, seja por estratégia —, a missão de Mailza é romper com a sombra sem trair o legado. Difícil equilíbrio.
Especialistas apontam que, se quiser mesmo disputar em pé de igualdade com nomes como Bocalom, Socorro Neri ou algum outsider da direita, Mailza terá que mostrar mais do que lealdade. Ela precisará de firmeza, projeto claro e independência. E até agora, isso ainda não apareceu.
A pergunta que vale mandato: Mailza tem projeto?
A população acreana está cada vez mais crítica. E, como mostram as pesquisas internas de partidos, há uma rejeição crescente a projetos de continuidade sem conteúdo. O eleitor quer saber o que muda. Qual será o plano de Mailza para segurança pública? Qual sua visão sobre desenvolvimento regional, incentivo à produção e combate à pobreza urbana?
Até aqui, o discurso da vice-governadora tem se mantido genérico, com foco em frases de unidade e respeito ao legado. Mas o tempo exige mais. É preciso sair do papel de escudo e ocupar a linha de frente.
Fragmentação no PP?
O Progressistas tenta demonstrar unidade, mas há inquietações internas. Alguns aliados de Gladson ainda não digeriram a ideia de passar o bastão político a Mailza. E parlamentares de outros partidos da base já começaram a costurar planos B, em caso de perda de fôlego da pré-campanha.
O lançamento precoce do nome de Mailza tem um objetivo tático: desestimular adversários e testar sua capacidade de resistir à pressão. Mas, ao mesmo tempo, serve de termômetro para saber até onde ela aguenta caminhar sem precisar olhar para trás esperando por Gladson.
Conclusão
O Acre pode estar diante de um dos seus ciclos políticos mais imprevisíveis. Mailza tem a chance histórica de se tornar a primeira mulher eleita ao governo do estado. Mas, para isso, terá que provar que tem voz própria, projeto real e coragem para desagradar — inclusive quem a colocou onde está.
Porque em 2026, mais do que herança política, o eleitor vai querer independência. E talvez seja isso que Mailza ainda não mostrou.
—
✍️ Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre





