🖋 COLUNA – ELITON LOBATO MUNIZ
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A senadora que virou vice agora quer virar governadora. Mailza Assis entra oficialmente no jogo de 2026 com o selo do PP, os aplausos de parte da base e o silêncio de quem ainda não sabe se engole a dobradinha ou cospe nas urnas. E não dá pra fingir surpresa: essa candidatura vem sendo gestada desde o momento em que Gladson Cameli deixou vago mais do que um cargo — deixou vago o protagonismo.
Mailza não é apenas mais um nome em busca de poder. Ela é o plano B de um governo que já foi A, mas que vem enfrentando desgaste, investigação, crise de imagem e um eleitorado que está menos disposto a aceitar narrativas prontas. O problema é que o plano B já nasceu com os mesmos vícios do plano A: loteamento de cargos, dependência de aliados e pouca entrega concreta pra quem mora no beco alagado, na fila do TFD ou com filho fora da escola.
A pergunta que ronda os bastidores não é se ela tem direito de se lançar. Claro que tem. A questão é: Mailza vai governar ou será governada? Porque se for apenas o “nome da vez” numa estratégia para manter o mesmo grupo agarrado no poder, a resposta do eleitor tende a ser dura. O povo anda mais esperto do que os caciques imaginam.
Mailza tem méritos, é respeitada por setores sociais, e tem construído sua imagem com simpatia, leveza e diálogo. Mas precisa mostrar independência real. Precisa deixar claro que não é apenas uma extensão do mandato de Cameli. Porque se a população perceber que o projeto é só mudar o nome na placa do gabinete e manter as mesmas digitais nos bastidores, a candidatura desanda — e feio.
E tem mais: 2026 vai ser uma eleição de ruptura. A paciência com promessas recicladas está no limite. Quem vier vai ter que apresentar projeto de Estado, e não só discurso de campanha. Vai ter que lidar com a realidade dura da segurança, da saúde que patina e da educação que desidrata. Vai ter que ter coragem pra romper com esquemas que sugaram o Acre por décadas.
Então, que Mailza venha. Mas venha com autenticidade, com equipe técnica, com plano claro. E, principalmente, com coragem de dizer onde discorda de Gladson — se é que discorda de algo.
Porque governar não é obedecer. E o Acre não precisa de uma substituta obediente. Precisa de alguém que enfrente o sistema, que corte privilégios, que abra a porta da governadoria pro povo de verdade — não só pros de sempre.
A eleição vai mostrar. E o povo, como sempre, vai decidir. Mas é bom lembrar: quem confunde popularidade com procuração, acaba tomando um susto nas urnas.





