sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Lula no Acre: Quatro horas de promessas, ausências e o velho roteiro da Caravana da Promessa

Em visita relâmpago, presidente anuncia R$ 1,1 bilhão sem detalhar origem, Marina e Janja não aparecem, e palco vira desfile de saudosismo político.

Eliton Muniz – Caboco das Manchetes

Em visita relâmpago, presidente anuncia R$ 1,1 bilhão sem detalhar origem, Marina e Janja não aparecem, e palco vira desfile de saudosismo político.

Militantes históricos no palco ao lado de Lula durante visita ao Acre
Militantes históricos no palco ao lado de Lula durante visita ao Acre

Na última sexta-feira (08), em Rio Branco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permaneceu no Acre por apenas quatro horas, anunciando R$ 1,1 bilhão em investimentos sem esclarecer origem ou prazos, enquanto nomes como Marina Silva e Janja ficaram de fora, e o palco foi ocupado por militantes históricos e rostos sumidos da cena política.

“Aqui ninguém é poupado”

Quatro horas cravadas. Esse foi o tempo da visita de Lula ao Acre. O suficiente para cortar fita, prometer bilhões, tirar foto, tomar um café rápido e embarcar de volta para Brasília sem suar a camisa. Na agenda oficial, “missão de Estado”; na prática, mais um episódio da velha Caravana da Promessa, com público selecionado e roteiro ensaiado.

A primeira grande ausência foi Marina Silva. Ministra, acreana de raiz e símbolo do discurso ambiental, simplesmente não quis assistir ao replay da BR-364 “recuperada” pela trigésima vez. Evitou o constrangimento de explicar como se coloca asfalto sem enterrar a própria narrativa ambientalista.

Depois, Janja. A primeira-dama alegou “outros compromissos” e não deixou nem um story no Instagram. Sinal de que até quem divide o travesseiro com o presidente sabe que certos roteiros não rendem boa foto.

E aí entra o “Senado do Caralho” do Acre. Esse elenco que adora o microfone em Brasília, mas some quando é hora de encarar promessa reciclada no palanque. Não subiram no palco. Estratégia? Covardia? Ou medo de sair na foto errada com 2026 batendo à porta?

O que teve foi um revival político: Raimundão Mendes, Francisca Marinheiro, Nilson Morão e outros militantes históricos que não apareciam nem para tomar café no Mercado Velho. Teve militante beijando o tablado e suspirando: “Oh, saudade de ver tanta gente reunida”. Saudade pode ser bonita, mas não ilumina poste nem tapa buraco de ramal.

O encontro reservado na Cooperacre foi tão discreto que funcionários e alunos do lado nem sabiam que o presidente estava ali. Isso diz muito sobre o tipo de evento: controlado, sem riscos, para garantir que a narrativa corra limpa.

Lula prometeu R$ 1,1 bilhão em investimentos. Mas esqueceu de detalhar o que é dinheiro novo, o que é reaproveitado, o que depende de projeto aprovado e o que… simplesmente não existe. Enquanto isso, o Acre segue no velho esquema: “luz para alguns e vela para todos”.

Vale lembrar: entre 2019 e 2022, Bolsonaro destinou R$ 50,77 milhões ao Acre, com obras documentadas, licitação e CNPJ — como a duplicação da AC-405 e a recuperação da AC-10. Pode não ser bilhão, mas foi concreto no chão, não slide em PowerPoint.

Jorge Viana — ou JorgePex para os íntimos — apareceu em todo enquadramento possível. Mais presente que legenda de telejornal, sempre pronto para estampar o santinho eleitoral. Saudosismo vende mais que planejamento, e ele sabe explorar.

Faltou a turma do TCE, aquele reduto onde Jorge Viana e Irailton Lima dão cursos motivacionais, com Naluh Gouveia e Dulcinéia Benício sempre no camarote. Fica para a próxima temporada da série Agora Vai.

Entre gafes e improvisos, sobrou para o anedotário político: evento onde ninguém sabia que teria reunião, militante beijando palco como se fosse altar, discurso de “bilhões” sem cronograma, anúncio repetido da BR-364 e nenhuma prestação de contas do custo da visita.

Reconheço: o governador Gladson Cameli fez bem em acompanhar de perto e mostrar boa vontade em destravar projetos. Mas seria ótimo se exigisse do Planalto não só promessa, mas cronograma assinado e orçamento garantido. E ponto para o secretário Tchê, que levou demandas ambientais com franqueza — sem medo de parecer “desagradável” para o presidente.

Resumo da ópera: pouso rápido, promessas longas, ausências calculadas, saudosismo no palco, zero clareza nos números e um Acre que continua esperando. Quase ninguém acreditou que Lula esteve aqui. Difícil de ACREditar. Impossível mesmo são as promessas cumpridas.

Militantes históricos no palco ao lado de Lula durante visita ao Acre
Militantes históricos no palco ao lado de Lula durante visita ao Acre

E antes que perguntem: quanto custou essa visita relâmpago? Vai ter prestação de contas ou vão deixar evaporar como poeira da BR no verão? Santa paciência…

Eu mesmo ia escrever só na segunda-feira, mas ouvi um grito de bastidor: “Só amanhã o c@r@lho. Você tem que me respeitar, rapaz!”. Então foi no domingo mesmo. Desculpa aí, senador.


Linkagem interna sugerida (Cidade AC News):

Eliton Lobato Muniz — Letal, direto e sem poupar ninguém. Jornalismo de impacto, sem pestanejar.

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