quinta-feira, 4 dezembro, 2025

Liberdade Política

Cidade AC News – Adm. Eliton Muniz

A articulação do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, para disputar o Governo do Acre em 2026 causou mais que surpresa: abriu uma fissura dentro da base governista e lançou perguntas ainda sem resposta. A reação de Mailza Assis, vice-governadora e aliada histórica do prefeito, foi imediata e reveladora de um desconforto político até então inexistente.

Bocalom ainda não oficializou sua pré-candidatura, mas o gesto já alterou o tabuleiro político. E mais do que sua viabilidade eleitoral, o que se discute agora são os motivos, as companhias e o momento dessa movimentação.

Nos bastidores, circula a dúvida: quem está dizendo a Bocalom que ele pode — e deve — disputar o governo agora? A quem ele está ouvindo nos bastidores que o fez acreditar que essa é a hora certa de romper com velhos aliados e se lançar em um novo projeto de poder?

E mais: por que essa decisão acontece justamente quando Mailza fortalece sua presença no interior e consolida pontes institucionais que antes estavam trincadas?

O histórico político de Mailza Assis com Tião Bocalom sempre foi de lealdade, respeito e alinhamento. Em diversas ocasiões, a vice-governadora defendeu o prefeito, protegeu sua imagem pública e ajudou a viabilizar alianças em nome da governabilidade.

Foi, inclusive, Mailza quem ajudou a pavimentar caminhos dentro do PP que hoje sustentam parte da musculatura política de Bocalom. É esse passado que torna o presente tão difícil de engolir.

Outra hipótese começa a circular: haveria interesses escusos tentando enfraquecer Mailza para beneficiar outro nome? Um possível “candidato barbudo” com apoio velado de setores externos ao núcleo duro do PP?

Essa leitura, embora ainda sem confirmação, levanta interpretações. Se a candidatura de Bocalom enfraquece Mailza, quem ganha com isso nos bastidores?

A movimentação de Bocalom pode ser legítima do ponto de vista jurídico, mas no Acre, política ainda se faz com compromisso de palavra. Acordos não precisam estar registrados em cartório para valerem — basta um aperto de mão, uma promessa firmada entre pares.

E, até onde se sabia, havia um entendimento de que Mailza Assis seria a candidata natural da base, com apoio inclusive de figuras como Bocalom. O gesto do prefeito, por isso, é lido como uma ruptura silenciosa — e, para muitos, desleal.

“Aqui, a gente combina com a palavra. Se vai quebrar, que tenha coragem de avisar e arcar com o peso político disso”, comentou um articulador da base ouvido pela reportagem.

E veio a frase que acendeu os bastidores:

“Façam este golpe direitinho, porque meu coração não perdoa traição.” — Mailza Assis, em declaração à Tribuna do Acre

A fala da vice-governadora, publicada em coluna política, não esconde o abalo na relação. A palavra “traição” pode ser forte — mas para quem acompanhou a trajetória conjunta dos dois, expressa a frustração de quem se dedicou a um projeto coletivo e agora assiste a um desvio repentino.

O cenário estadual para 2026 ainda é volátil, mas uma coisa é certa: uma candidatura dividida enfraquece o grupo inteiro. Ao romper com Mailza, o prefeito arrisca transformar aliados em adversários — e esvaziar pontes que demoraram anos para serem construídas.

A base eleitoral de Tião Bocalom é sólida na capital, mas eleições para o governo do Estado se vencem no interior. O eleitorado de Rio Branco representa cerca de 35% do total de votos do Acre. E nos últimos ciclos eleitorais, o diferencial esteve nos pequenos e médios municípios.

Mailza, por sua vez, já percorreu o interior do Estado tantas e tantas vezes que conhece o caminho como a palma da mão. Ela já faz esse percurso de olhos fechados — não por automatismo, mas porque sabe exatamente onde estão os desafios, quem são as lideranças e o que move cada município. Esse é o tipo de presença que não se improvisa.

Bocalom pode ser candidato? Pode. Tem direito? Sim.

Mas a discussão não é sobre direito formal — e sim sobre custo político, coerência e lealdade a um projeto que foi construído a muitas mãos. Um projeto no qual Mailza Assis foi peça fundamental, não coadjuvante.

Por isso, o que está em jogo agora é mais do que uma candidatura.

É o tipo de gesto que definirá como o prefeito quer ser lembrado:

Como alguém que rompeu silenciosamente com uma aliada leal…

Ou como alguém que teve grandeza para recuar e apoiar com sinceridade quem caminhou ao seu lado.

Porque caso a candidatura de Bocalom não vá adiante, o abraço que ele der em Mailza terá que ser de frente — firme, visível, verdadeiro.

Não um abraço lateral, protocolar, ensaiado, daqueles que escondem a frustração de quem “abriu mão, mas não ficou satisfeito”.

A política acreana exige gestos autênticos.

E Mailza já percorre o Estado inteiro com segurança, domínio e reconhecimento.

O curral eleitoral de Rio Branco é importante — mas não decide sozinho.

Quem conhece o Acre sabe: sem o interior, não se chega ao Palácio Rio Branco.

E é por isso que cada gesto daqui pra frente — seja de apoio, seja de disputa — precisa vir com verdade, não apenas com cálculo.

 

 

 

Por: Cidade AC News – Adm. Eliton Muniz

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