O humorista Leo Lins voltou aos holofotes ao comentar os ataques recentes contra Vicky Justus, filha de Roberto Justus, comparando a repercussão com a sua condenação judicial por piada feita com uma criança com hidrocefalia. A fala gerou polêmica nas redes sociais e levantou novamente o debate sobre os limites do humor, da liberdade de expressão e da seletividade do cancelamento.
Quando o humor incomoda — e quando ele é punido
Em vídeo publicado nas redes sociais, Leo Lins apontou o que considera uma “hipocrisia midiática”. Segundo ele, a comoção causada pelos ataques recentes à pequena Vicky Justus, de apenas 4 anos, não foi a mesma quando ele foi judicialmente punido por uma piada feita em 2022 durante um show de stand-up.
Na época, Leo foi condenado por capacitismo após uma fala sobre uma criança com hidrocefalia — caso que gerou ampla repercussão, culminando com sua demissão do SBT e sua exclusão de diversas plataformas.
“Quando fui condenado, fui chamado de monstro. Agora que atacaram uma criança rica e famosa, todos se sensibilizam. Por quê? Qual a diferença?”, disse Lins.
Leo Lins foi condenado por capacitismo em 2022
Vicky Justus tem 4 anos e é diagnosticada com Trissomia do Cromossomo 15
O humorista teve shows cancelados, redes suspensas e enfrentou queda de contratos
Liberdade de expressão ou escudo para crueldade?
A comparação feita por Lins reacendeu um dos temas mais complexos da atualidade: os limites do humor. Para muitos, o comediante apenas reforça seu estilo agressivo e provocador, sempre à beira do aceitável. Para outros, ele levanta uma crítica válida sobre incoerências no tribunal das redes sociais.
“Tem gente que pode tudo. Tem gente que, quando é atacado, vira mártir. Outros, como eu, são sacrificados. Eu fiz piada, fui condenado. Agora estão atacando uma criança de verdade e ninguém vai preso?”, questiona.
A reflexão, ainda que polêmica, ecoa nas redes sociais com opiniões divididas. Enquanto parte do público reforça o repúdio ao tipo de humor feito por Lins, outros destacam a falta de proporcionalidade e a seletividade no linchamento virtual.
Cancelamento seletivo — o novo padrão de julgamento?
O caso mais recente envolvendo Vicky Justus surgiu após sua mãe, Ana Paula Siebert, expor que a filha vinha sofrendo ataques de ódio nas redes. A repercussão foi imediata: celebridades e influenciadores saíram em defesa da criança. A comoção foi legítima — mas a comparação proposta por Leo Lins levanta uma pergunta incômoda: o quão justo e equilibrado é o tribunal das redes?
Pesquisas recentes apontam que mais de 70% dos brasileiros acreditam que o “cancelamento” na internet ocorre de forma injusta e desproporcional, segundo levantamento do Instituto Locomotiva.
Nesse ambiente, humoristas, artistas e influenciadores vivem sob o risco constante de serem mal interpretados, fora de contexto ou vítimas de julgamentos rápidos e implacáveis.
Humor de choque e carreira em reconstrução
Leo Lins tem construído sua carreira em cima do chamado humor de choque, estilo que aposta em temas sensíveis para provocar gargalhadas — ou revolta. Após os episódios de cancelamento, o humorista passou a investir em plataformas alternativas, shows independentes e um discurso cada vez mais libertário.
Sua linha é clara: o humor deve ser livre, inclusive para incomodar. Já seus críticos argumentam que liberdade sem empatia vira violência simbólica.
No caso específico da comparação com Vicky Justus, a dúvida permanece: Leo defende um ponto válido ou apenas tenta relativizar sua própria condenação?
A fala de Leo Lins sobre os ataques à filha de Justus é mais do que uma provocação. É uma crítica ácida ao funcionamento desigual das redes sociais e aos critérios do chamado “cancelamento”. Entre exageros e verdades incômodas, a discussão segue aberta — sobre o que é aceitável, quem pode rir de quem e por que certas vítimas mobilizam mais solidariedade que outras.



