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“Kadrons” transformam Avenida Antônio da Rocha Viana em pista de racha e inferno noturno para famílias

“Kadrons” transformam Avenida Antônio da Rocha Viana em pista de racha e inferno noturno para famílias

“Kadrons” transformam Avenida Antônio da Rocha Viana em pista de racha e inferno noturno para famílias

Tempo de leitura: 4 min

Mesmo com leis que proíbem escapamentos adulterados em todo o país, a Avenida Antônio da Rocha Viana, em Rio Branco (AC), virou território livre para motos e carros com “kadrons” — os escapamentos barulhentos que rasgam a madrugada sem piedade. A ausência crônica de fiscalização transforma a via em pista de racha noturno e tormento auditivo para famílias, idosos e, sobretudo, crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que sofrem com o estresse sensorial causado pelo barulho.

Legislação existe, fiscalização não

A legislação nacional, incluindo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e a Resolução Conama nº 252/1999, limita os níveis de ruído dos veículos. Escapamentos modificados, como os kadrons, são proibidos. A infração é considerada gravíssima, com multa, perda de pontos e retenção do veículo. Em Rio Branco, há também normas municipais de sossego público.

Mas na prática? O barulho segue acelerando noite adentro.

O silêncio que protege o cérebro

A maior vítima dessa omissão são as famílias com filhos neurodivergentes. Crianças com autismo têm hipersensibilidade auditiva, e o estrondo dos kadrons — imprevisível, agressivo, contínuo — provoca crises de ansiedade, desorganização emocional e perda de sono.

“É como se explodissem uma bomba a cada cinco minutos na porta da sua casa”, resume uma mãe moradora de condomínio na própria Antônio da Rocha Viana.

Rachas, gritos e desrespeito

Quem vive nos arredores da avenida conhece bem o roteiro: após as 22h, motos e carros se reúnem, aceleram com força, simulam disputas e transformam a via pública em circuito ilegal. Vídeos nas redes sociais já flagraram manobras perigosas, empinadas e até troca de mensagens combinando os encontros — sem que nenhuma força pública interfira.

Os condomínios fechados da região relatam que o som invade apartamentos mesmo com janelas duplas. Moradores perderam a conta de quantas vezes ligaram para a Polícia Militar — sem retorno efetivo.

Ausência do Estado

Não há patrulhamento noturno específico na Antônio da Rocha Viana. Nenhuma operação ostensiva do Detran‑AC foi divulgada nos últimos meses. Tampouco existe sinalização específica proibindo ruído excessivo.

Ou seja: o silêncio da fiscalização é cúmplice do barulho dos infratores.

O que poderia estar sendo feito — e não está

Ação Urgente Descrição
Rondas fixas PM e Detran com blitz noturna, inclusive surpresa, na região da Rocha Viana.
Medição sonora Equipamentos de decibelagem em pontos estratégicos, com registro automático de infração.
Campanha pública Avisos em TV e rádio sobre multas, focando em proteção de crianças com TEA.
Ouvidoria ativa Canal específico para denúncias de ruído em áreas residenciais.

Onde está o Ministério Público?

Diante da negligência do Executivo, o Ministério Público do Estado do Acre poderia ser provocado a abrir inquérito civil para garantir o cumprimento da legislação ambiental e de trânsito. O barulho não é apenas incômodo: é uma violação ao direito constitucional ao sossego e à saúde.

Voz do Acre precisa ser ouvida

A Avenida Antônio da Rocha Viana não é só uma via de tráfego. É onde moram famílias, onde dormem idosos, onde crescem crianças com sensibilidades reais. Não é pista de corrida. Não é palco de vaidade motorizada. O que falta não é lei — é vergonha na cara do Estado em aplicar a que já existe.


Assinatura:
Eliton Lobato Muniz
Cidade AC News – Rio Branco – Acre

Fonte original:
22/07/2025 — https://cidadeacnews.com.br

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