Paulo Cupertino, empresário de 54 anos, foi condenado a 98 anos de prisão em regime fechado por assassinar o ator Rafael Miguel, de 22 anos, e seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel, em São Paulo, em 2019. O julgamento, finalizado na sexta-feira, 30 de maio de 2025, no Fórum da Barra Funda, durou dois dias e resultou na sentença por triplo homicídio duplamente qualificado, motivado por razão fútil e sem chance de defesa às vítimas. A decisão unânime dos jurados, composta por quatro homens e três mulheres, foi lida pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital. O crime, que chocou a cidade, ocorreu na frente da casa da filha de Cupertino, Isabela Tibcherani, devido à desaprovação do relacionamento dela com Rafael. Câmeras de segurança registraram o momento dos disparos e a fuga do réu, que permaneceu foragido por quase três anos.
O caso ganhou destaque pela brutalidade e pela trajetória de fuga do empresário, que se escondeu em diversos estados brasileiros e dois países antes de ser preso em 2022. A sentença foi celebrada por familiares das vítimas, que acompanharam o julgamento. Os outros dois réus, acusados de auxiliar na fuga de Cupertino, foram absolvidos. O Ministério Público apontou que os 13 disparos foram motivados pela rejeição de Cupertino ao namoro de sua filha.
A condenação marca o desfecho de um dos crimes mais notórios da capital paulista nos últimos anos. O julgamento, que havia sido anulado em 2024 por questões processuais, foi remarcado e conduzido com rigor para evitar novas nulidades. A defesa de Cupertino tentou alegar falta de provas e negativa de autoria, mas os argumentos foram rejeitados pelos jurados.

- Principais pontos do caso:
- Crime ocorreu em 9 de junho de 2019, no bairro Pedreira, zona sul de São Paulo.
- Rafael Miguel era conhecido por papéis em “Chiquititas” e comerciais de TV.
- Cupertino fugiu após o crime e foi capturado em maio de 2022.
- Julgamento envolveu sete testemunhas, incluindo a filha e a ex-esposa do réu.
Detalhes do julgamento
O julgamento de Paulo Cupertino começou na quinta-feira, 29 de maio de 2025, e foi concluído no dia seguinte, no Fórum Criminal da Barra Funda. A sessão, que durou cerca de dois dias, incluiu a oitiva de sete testemunhas, interrogatórios dos réus e debates entre acusação e defesa. O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza presidiu o plenário, composto por um júri popular de sete membros. A sentença foi anunciada sem a presença de Cupertino, que permaneceu no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos durante o processo.
O Ministério Público, representado pelos promotores Thiago Marin e Rogério Leão Zagallo, sustentou que Cupertino agiu por motivo fútil, disparando 13 vezes contra Rafael Miguel e seus pais. As câmeras de segurança foram peças-chave na acusação, mostrando o momento do crime e a fuga do empresário. Testemunhas, como Isabela Tibcherani, filha de Cupertino, relataram a rapidez dos eventos, com disparos ocorrendo em questão de segundos.
A defesa, conduzida pelas advogadas Juliane Oliveira e Miriam Souza, questionou a ausência de testemunhas oculares diretas e a falta de análise pericial detalhada das cápsulas encontradas no local. Alegaram que Cupertino fugiu por medo de represálias e negaram sua participação no crime, mas os argumentos não convenceram o júri.
Trajetória do crime
O triplo homicídio aconteceu em 9 de junho de 2019, na rua Semeão de Oliveira, no bairro Pedreira, zona sul de São Paulo. Rafael Miguel, então com 22 anos, e seus pais, João Alcisio, de 52 anos, e Miriam Selma, de 50 anos, foram até a casa de Isabela Tibcherani para discutir o relacionamento do jovem casal. Segundo o Ministério Público, Cupertino, que não aceitava o namoro da filha, confrontou as vítimas na rua e efetuou os disparos.
Imagens de câmeras de segurança capturaram o momento exato do crime, mostrando um homem disparando contra as três vítimas e fugindo em seguida. A brutalidade do ato, com 13 tiros, chocou a vizinhança e gerou ampla repercussão na mídia. Isabela, que tinha 18 anos na época, relatou no julgamento que ouviu os disparos e, ao sair, encontrou os corpos.
- Cronologia dos eventos:
- 9 de junho de 2019: Rafael e seus pais são assassinados na zona sul de São Paulo.
- 10 de junho de 2019: Cupertino foge e inicia período como foragido.
- 16 de maio de 2022: Empresário é preso em operação policial.
- 2024: Primeiro julgamento é anulado por questões processuais.
- 30 de maio de 2025: Sentença de 98 anos é anunciada.
Perfil das vítimas
Rafael Miguel era um ator conhecido por sua participação na novela “Chiquititas”, do SBT, onde interpretou o personagem Paçoca. Ele também atuou em produções da Globo, como “Pé na Jaca” e “Cama de Gato”, além de estrelar um comercial famoso em que uma criança pede brócolis. Com uma carreira promissora, Rafael tinha 22 anos e mantinha um relacionamento com Isabela Tibcherani, o que motivou o crime, segundo a acusação.
João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Silva Miguel, de 50 anos, eram os pais de Rafael. Eles acompanharam o filho até a casa de Isabela para conversar sobre o namoro, mas acabaram surpreendidos pelo ataque. A família era descrita como unida, e a perda gerou comoção entre amigos e fãs do jovem ator.
Fuga e captura de Cupertino
Após o crime, Paulo Cupertino empreendeu uma longa fuga, circulando por pelo menos dez estados brasileiros e dois países, segundo a defesa. Ele utilizou documentos falsos e contou com a ajuda de terceiros para evitar a captura. A polícia intensificou as buscas, e o empresário foi incluído na lista de procurados da Interpol.
Em 16 de maio de 2022, Cupertino foi preso em uma operação conjunta das polícias de São Paulo e do Paraná. A captura ocorreu após quase três anos de investigações, com base em denúncias sobre seu paradeiro. Desde então, ele permaneceu detido no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos, aguardando o julgamento.
- Etapas da fuga:
- Uso de documentos falsos para circular pelo Brasil.
- Passagem por estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.
- Estadia temporária em países vizinhos, segundo investigações.
- Captura em 2022 após denúncia anônima.
Papel dos corréus
Além de Cupertino, dois outros réus foram julgados no processo: Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado. Eles foram acusados de favorecimento pessoal por supostamente ajudar o empresário a fugir e se esconder após o crime. Ambos negaram envolvimento e afirmaram não ter conhecimento dos assassinatos.
Durante o julgamento, os corréus responderam em liberdade, e suas defesas reforçaram a ausência de provas concretas contra eles. O júri decidiu pela absolvição de ambos, o que gerou alívio entre seus familiares, mas não alterou a condenação de Cupertino.
Depoimentos das testemunhas
Sete testemunhas foram ouvidas durante o julgamento, incluindo Isabela Tibcherani e Vanessa Tibcherani, filha e ex-esposa de Cupertino, respectivamente. Isabela relatou que não viu o momento exato dos disparos, mas confirmou que o pai foi o responsável. Vanessa, por sua vez, descreveu o crime como um ato a sangue frio, reforçando a tese da acusação.
Outras testemunhas, como vizinhos e policiais envolvidos na investigação, forneceram detalhes sobre o local do crime e a fuga de Cupertino. As declarações reforçaram as imagens das câmeras de segurança, que foram exibidas no plenário e consideradas decisivas para a condenação.
- Relatos marcantes:
- Isabela: “Ouvi os disparos, me abaixei e comecei a gritar.”
- Vanessa: “Ele assassinou as três pessoas a sangue frio.”
- Vizinhos descreveram barulhos de tiros e confusão na rua.
Repercussão da sentença
A condenação de Paulo Cupertino a 98 anos de prisão foi recebida com emoção pelos familiares das vítimas, que acompanharam o julgamento no Fórum da Barra Funda. Parentes de Rafael, João e Miriam celebraram a decisão, que consideraram justa diante da gravidade do crime. A sentença também foi destaque em portais de notícias e redes sociais, com muitos usuários lembrando a trajetória de Rafael como ator.
O advogado da família das vítimas, Fernando Viggiano, destacou a robustez das provas apresentadas e a condução cuidadosa do processo para evitar nulidades. O promotor Rogério Zagalo, por sua vez, elogiou a pena aplicada, considerando-a um marco contra a cultura de penas mínimas no Brasil.
Aspectos processuais
O julgamento de 2025 foi o segundo a ser realizado no caso. Em 2024, uma primeira sessão foi anulada após Cupertino demitir seu advogado durante o plenário, gerando questionamentos sobre a validade do processo. A remarcação para maio de 2025 envolveu cuidados adicionais para garantir a legalidade, com a presença de promotores, advogados e um júri atento às provas.
A defesa de Cupertino tentou, sem sucesso, anular o julgamento atual, alegando falhas processuais e falta de evidências. O juiz Antonio Carlos Pontes de Souza rejeitou todos os pedidos de nulidade, mantendo a sentença com base na decisão unânime do júri.
- Medidas processuais:
- Anulação do julgamento de 2024 por questões técnicas.
- Novo júri formado por quatro homens e três mulheres.
- Provas incluíram vídeos, depoimentos e relatórios policiais.
- Rejeição de pedidos de nulidade pela defesa.
Legado de Rafael Miguel
Rafael Miguel deixou uma marca na televisão brasileira, especialmente entre o público jovem que acompanhou “Chiquititas”. Sua morte, aos 22 anos, interrompeu uma carreira em ascensão e gerou debates sobre violência motivada por questões pessoais. Fãs do ator usaram as redes sociais para relembrar seu trabalho e lamentar a tragédia que atingiu sua família.
A história de Rafael e seus pais também trouxe à tona discussões sobre a segurança pública em São Paulo e a demora na captura de foragidos. O caso, amplamente coberto pela imprensa, permanece como um marco de violência urbana na capital paulista.