O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, foi o entrevistado da última quinta-feira (18) no programa Bar do Vaz, onde protagonizou uma entrevista polêmica: defendeu sua relação com o agronegócio, atacou a blindagem no Congresso e projetou futuro político. Ao longo da conversa, usou números inflados, ironias e contradições para sustentar seus argumentos e buscar reposicionar sua imagem. Eu assisto todos os programas do Bar do Vaz, e sei quando a retórica vem carregada mais de efeito do que de substância.
O presidente da ApexBrasil, Jorge, foi o entrevistado da última quinta-feira (18) no programa Bar do Vaz, onde protagonizou uma entrevista polêmica: defendeu sua relação com o agronegócio, atacou a blindagem no Congresso e projetou futuro político. Ao longo da conversa, usou números inflados, ironias e contradições para sustentar seus argumentos e buscar reposicionar sua imagem. Eu assisto todos os programas do Bar do Vaz, e sei quando a retórica vem carregada mais de efeito do que de substância.
Êxodo ou lotação de ônibus?
O Censo 2022 registrou crescimento populacional, não êxodo. O saldo migratório negativo acumulado foi de 20 a 30 mil ao longo de uma década, não de uma vez. Se 40 mil saíram de repente, devem ter ido todos no mesmo ônibus. Nos 20 anos de PT, a geração de empregos foi insuficiente para segurar jovens. O discurso é de tragédia, mas os números são apenas medíocres.
Agro de estimação, só agora?
Nos anos de governo, a marca foi a “florestania”: licenciamento rígido, secretarias criadas para fiscalizar e produção de grãos crescendo só 20% em dez anos, contra 80% em Rondônia. Hoje, na presidência da Apex, o agro aparece como bandeira salvadora. Conversão tardia, de ocasião.
Kilômetros de currículo ou de barro?
A contabilidade é verdadeira, mas a transformação é nula. A BR-364 continuou um atoleiro crônico, mesmo após bilhões. No período petista, prometeram trânsito livre o ano inteiro; nunca aconteceu. A ponte de Abunã, entregue em 2021 por outro governo, teve mais impacto que todas as inaugurações acumuladas. Obras são fatos, mas não viram legado se o povo continua atolado.
“Esse tarifaço do Trump é inexplicável… foi por causa da família Bolsonaro.” Viana
O tarifaço de aço e alumínio foi decretado em março de 2018, antes de Bolsonaro assumir. Foi política de Trump para proteger indústria americana, não intriga familiar. Atribuir a Bolsonaro é fantasia. Cronologia não é detalhe: é a linha que separa fato de invenção.
Se você matar três pessoas sendo deputado, vai depender de autorização do Congresso para ser investigado –
A PEC da Blindagem é retrocesso sério, pois limita investigações. Mas não libera assassinato em série. A frase rende manchete, mas distorce. Quem gargalha com isso não é o eleitor, é o parlamentar blindado nos bastidores.
“O Acre exportou 87 milhões em 2024 e vai exportar 100 milhões em 2025.” –
O dado é real, mas 90% da pauta é carne bovina. Café, madeira e frutas mal chegam a 5%. Durante os 20 anos de PT, o Acre exportava em média menos de US$ 30 milhões. O salto recente veio de investimentos privados e negociações federais, não de políticas estaduais. Exportar boi não faz do Acre uma potência.
Hino desafinado não paga conta
O maior problema do acreano não é entoar o hino, mas sobreviver ao desemprego e à violência. Em 2018, a era petista terminou com analfabetismo acima de 13% e PIB per capita entre os menores do Brasil. O orgulho do Acre não se mede pelo coral, mas pela qualidade de vida.
Jorge Viana Ideologia, eu? Logo eu?
Os 20 anos de PT no Acre foram ideológicos até o osso: zoneamento rígido, criação de órgãos ambientais e entraves à produção. Enquanto Rondônia colhia 1,5 milhão de toneladas de grãos em 2018, o Acre mal chegava a 150 mil. Dizer que não havia ideologia é negar a própria história.
Conclusão –
Jorge fala em tom professoral, mas os números desmentem boa parte das frases. Em duas décadas de PT, o Acre ficou atrás em produção, exportações, logística e educação. Agora, as palavras voltam com verniz novo, mas sem a base sólida dos fatos. O eleitor já não se impressiona com retórica. Como se diz nos corredores: discurso se mede no asfalto da BR-364, não na métrica das entrevistas.
E é justamente por isso que espaços como o Bar do Vaz são tão relevantes: porque ali as frases de efeito encontram o teste da opinião pública, sem maquiagem e sem edição.
Nota final — O espírito do Bar do Vaz
O Bar do Vaz, do AC24horas, é mais do que um programa de entrevistas: é uma mesa de bar simbólica onde a política, a economia e o cotidiano acreano sentam lado a lado, sem filtro, para conversar com o povo. Assistir ao programa é mergulhar no espírito franco do Acre — com suas contradições, gargalhadas e debates quentes.
Meu amigo Roberto Vaz consegue o equilíbrio raro de provocar sem ofender, dar palco sem bajular e ouvir sem perder o fio. O mérito não está só na condução, mas nas figuras que ali passam: de autoridades de alto escalão a personagens populares, todos tratados como protagonistas do momento. É essa mistura de vozes, sotaques e posturas que faz o Bar do Vaz ser bom — um espaço de diálogo que traduz a alma acreana em tempo real. Abraço, Vaz: seu balcão é um retrato vivo do Acre em conversa consigo mesmo.
Adm. Eliton Muniz – Free Lancer – Cidade AC | News
Links de evidências:
- IBGE – Censo 2022 Acre → População oficial (êxodo inventado).
- Conab – Produção de grãos → Acre x Rondônia (agro).
- DNIT – Obras BR-364 → Situação da estrada (obras de barro).
- USTR – Section 232 Tariffs → Data oficial do tarifaço (2018).
- Câmara dos Deputados – PEC da Blindagem → Texto da proposta (blindagem).
- Comex Stat – Exportações Acre → Dados oficiais de exportações.
- IBGE – Indicadores Sociais → Analfabetismo e PIB per capita (hino não paga conta).
- SEMA Acre – Zoneamento e órgãos ambientais → Estrutura criada nos governos petistas (ideologia).
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Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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