Jorge Viana mais uma vez aposta no saudosismo e números inflados, mas o Acre cobra caro: obras inacabadas, êxodo real e promessas que não pagam a conta.

Jorge Viana resolveu abrir a caixa de lembranças e vender o Acre em versão Polaroid: colorido no discurso, desbotado nos números. O problema é que saudade não paga boleto, e estatística de guardanapo não vira emprego.
Em entrevista recente, Jorge Viana recorreu à nostalgia para justificar números e discursos que não batem com a realidade atual do Acre. Entre projeções de crescimento, estatísticas arredondadas e promessas ainda no papel, sobrou saudosismo e faltou verdade.
“Brasil cresce três anos acima de 3%.” Bonito no som, feio no papel. IBGE confirma 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024, mas 2025 não chega nem perto: projeção é 2%. No Acre, onde cada décimo de PIB decide se a família come carne ou só farinha, vender ilusão é crueldade.
E veio a manchete de rodoviária: “40 mil acreanos foram embora.” O número certo do Censo 2022 é 34 mil. Arredondar pra cima pode funcionar em mesa de bar, mas em palanque é truque barato. O êxodo existe, mas tem décadas de promessas quebradas: protagonismo de vitrine que nunca chegou no prato.
Na sequência, o filme de terror: “Vivemos uma violência terrível.” Metade de verdade. O Acre sangrou entre 2016 e 2019, mas os últimos dois anos mostram queda expressiva nos homicídios. Jorge prefere congelar o pior quadro e vender como se fosse o filme atual. É a clássica política do caos: fala do que foi, ignora o que é.
A cereja? “90% ganham menos de R$ 5 mil.” Nenhum relatório oficial cravou esse percentual. O que existe é salário médio formal em torno de R$ 4 mil e renda per capita de R$ 2,1 mil. Dizer “90% ganham menos de 5 mil” é chute fantasiado de estatística. E chute não paga conta de luz.
E a isca da esperança: “Isenção do IR até R$ 5 mil.” Hoje não existe. É projeto, ainda em papel, só valendo se aprovado para 2026. Confundir futuro com presente é o truque mais velho da cartilha política.
Pra fechar, a anedota de boteco: “João Pessoa tem bairros de acreanos.” Sem IBGE, sem estudo, sem dado. É o famoso “ouvi falar”. Se for assim, logo aparece bairro acreano em Lisboa.
No fim, o pacote é claro: números inflados, memórias seletivas, estatísticas sem fonte. Enquanto isso, o Acre carrega o peso real: ZPE fantasma, Peixes da Amazônia falida, Escola de Gastronomia sem retorno. Tudo registrado em Diário Oficial, tudo pago pelo contribuinte.
Apex Brasil – Quando a exportação vai, o desenvolvimento vem
Só lembrar:
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Crescimento Inflado: o PIB que não veio
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Êxodo e a conta do protagonismo vazio
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Violência: fotografia antiga em filme atual
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Salários, IR e a fantasia dos 90%
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Do anedotário às obras que ficaram no Diário Oficial
Conclusão
O discurso pode até aquecer o coração dos nostálgicos, mas não enche a geladeira de quem ficou. O Acre não precisa de lembranças douradas, precisa de presente sólido e futuro possível.
Opinião sem açúcar, só o amargo da verdade.
Coluna do Ton – Cidade AC News – www.cidadeacnews.com.br



