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Show de R$ 650 mil em 2026 levanta dúvidas sobre antecipação de pagamento e coerência fiscal. O tacacá pode até chegar frio, mas a polêmica já ferveu.
📍 Epitaciolândia – Acre | Por Inácio Viana da Silva – Cidade AC News
⏱️ Tempo de leitura: 5 min
Joelma Epitaciolândia show 2026 é o nome que vem agitando os bastidores desde setembro de 2025.
A Prefeitura de Epitaciolândia firmou contrato de R$ 650 mil com a Music Editora Produções Artísticas Ltda. para garantir o show da cantora Joelma no XIII Circuito Country e Feira de Agronegócio de 2026, via Inexigibilidade de Licitação nº 021/2025.
O evento ainda está longe, mas o contrato já está no Diário Oficial — um verdadeiro “passe de mágica” orçamentário.
O problema não é o cachê, é o timing: será que o dinheiro vai voando pro Pará antes da artista?
Na administração pública, antecipar pagamento exige justificativa técnica e garantia (Lei 14.133/2021, art. 141).
Sem isso, o show pode virar ensaio de irregularidade.
Tacacá frio, verba quente
A CGE/AC orienta: pagamento só após a execução, salvo em casos comprovados de necessidade e com caução.
Já o TCE/AC, que adora fiscalizar palco e pipoqueira, costuma ter audição seletiva — parece ouvir melhor as festas municipais que as festas estaduais.
Mas a lei é a mesma para todos:
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Contratar artista exclusivo? ✅ Pode.
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Antecipar valor sem garantia? ❌ Não pode.
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Justificar reserva de agenda? ⚠️ Depende de prova e transparência.
Ou seja: pode contratar Joelma, mas sem desafinar com a lei.
Voando pro Pará (e pro TCE também)
O trocadilho é inevitável: se a verba voar antes do show, o processo vai voando pro TCE.
O tribunal exige comprovação de exclusividade, pesquisa de preços e motivação do interesse público.
E, segundo a própria jurisprudência, antecipar pagamento total é irregular, salvo exceções com garantia contratual.
Se o objetivo é promover cultura, ótimo.
Mas quando a cultura vira prefeitura tour, a plateia precisa saber quem paga o ingresso e quem sobe no palco.
Tchau pra você (e pra coerência)
Joelma canta “Tchau pra você”, e parece que é isso que o contribuinte quer dizer quando vê contrato de 2025 pra festa de 2026.
Enquanto escolas esperam reforma e servidores, reajuste, o cachê do próximo ano já está carimbado.
Nada contra a artista — a rainha do tacacá merece o palco.
Mas a moral pública não pode dançar no mesmo ritmo da vaidade política.
O prefeito bem que podia ouvir outra música: “Desfaz as malas”, mas desfazer os vícios da velha política.
E se a administração quiser mesmo “voar pro Pará”, que seja com nota fiscal, controle e transparência.
Porque, do contrário, o tacacá pode até chegar frio — mas o parecer do TCE vai sair fervendo.
Editorial | Municípios com bala na agulha, mas mirando compromissos futuros
O potencial econômico dos municípios acreanos vive um momento de expansão silenciosa. Há mais obras, editais, convênios e parcerias em curso. Esse crescimento mostra que o potencial econômico dos municípios pode impulsionar renda, emprego e desenvolvimento regional.
Mas o que preocupa é o outro lado da moeda: a pressa em assumir compromissos futuros. Contratos assinados hoje, com execução prevista para 2026, precisam respeitar o equilíbrio fiscal e a lei. O potencial econômico dos municípios só será sustentável se vier acompanhado de planejamento, controle e responsabilidade.
Ter “bala na agulha” é bom. Significa capacidade de investimento. Mas disparar sem mira é perigoso. A Nova Lei de Licitações (14.133/2021) e a Lei de Responsabilidade Fiscal deixam claro: nenhum gestor pode comprometer o exercício seguinte sem previsão orçamentária e garantia financeira.
O Acre precisa crescer com coerência. O potencial econômico dos municípios deve ser ferramenta de progresso, não de imprudência. Desenvolvimento verdadeiro nasce de contas equilibradas, transparência e gestão que respeite limites.
Antes de celebrar o futuro, é preciso garantir que o presente esteja em ordem.
Inácio Viana da Silva
“Uma estrela no meio da floresta.” 🌲⭐
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