O ex-presidente Jair Bolsonaro foi internado no Hospital DF Star, em Brasília, onde passou por uma cirurgia de grande porte na manhã de 13 de abril para tratar uma subobstrução intestinal. O procedimento, iniciado por volta das 8h30, envolveu uma laparotomia exploradora, técnica cirúrgica que permite a liberação de aderências intestinais e a reconstrução da parede abdominal. A operação foi motivada por uma obstrução parcial no intestino, diagnosticada após ele passar mal durante um evento político no Rio Grande do Norte, dois dias antes. A condição, que impede a passagem normal de gases e fezes, é uma complicação recorrente decorrente de múltiplas cirurgias realizadas desde o atentado sofrido em 2018, quando foi vítima de uma facada na região abdominal. A equipe médica, liderada pelo cirurgião Cláudio Birolini, optou pelo procedimento após exames indicarem a persistência do quadro, apesar de tratamentos clínicos iniciais.
A transferência de Bolsonaro para Brasília ocorreu na noite de 12 de abril, em uma UTI aérea, partindo de Natal, onde ele havia sido inicialmente atendido. O quadro de saúde do ex-presidente gerou preocupação entre aliados e familiares, que acompanharam de perto as atualizações médicas. O senador Rogério Marinho, presente durante a internação, destacou que a cirurgia seria extensa devido à complexidade do caso. A operação, segundo relatos médicos, exigiu cuidados minuciosos, considerando o histórico de intervenções no abdômen de Bolsonaro, que já passou por pelo menos cinco procedimentos cirúrgicos desde o atentado.
A gravidade da situação foi enfatizada por Birolini, que classificou o episódio como o mais sério desde 2018. A decisão pela cirurgia veio após tentativas de tratamento com jejum, hidratação intravenosa e uso de sonda nasogástrica não apresentarem resultados suficientes. O hospital divulgou boletins regulares para informar o público sobre o estado de saúde do ex-presidente, mantendo a transparência durante o processo.
Histórico de complicações abdominais
Bolsonaro enfrenta problemas intestinais desde o atentado sofrido em Juiz de Fora, Minas Gerais, durante a campanha presidencial de 2018. Na ocasião, a facada perfurou o intestino, exigindo uma cirurgia de emergência. Desde então, ele passou por múltiplos procedimentos para corrigir sequelas, incluindo obstruções e aderências, que são faixas de tecido cicatricial que podem causar bloqueios no intestino. Esses episódios, segundo especialistas, são comuns em pacientes com histórico de cirurgias abdominais extensas, mas o quadro atual foi considerado particularmente grave.
As aderências intestinais, como as enfrentadas por Bolsonaro, surgem quando tecidos cicatriciais se formam entre as alças intestinais, dificultando o movimento natural do órgão. Isso pode levar a sintomas como dor abdominal intensa, distensão e dificuldade para eliminar gases e fezes. No caso do ex-presidente, a recorrência dessas complicações tem exigido monitoramento constante e, em algumas ocasiões, intervenções cirúrgicas. Em 2023, ele também foi internado para tratar um problema semelhante, o que reforça a complexidade de seu quadro clínico.
A laparotomia exploradora realizada no DF Star é um procedimento invasivo, que envolve a abertura da cavidade abdominal para identificar e corrigir anormalidades. Além de liberar as aderências, a equipe médica reconstruiu a parede abdominal, muitas vezes enfraquecida por cirurgias anteriores. Esse tipo de operação exige recuperação cuidadosa, com risco de complicações pós-operatórias, especialmente em pacientes com histórico como o de Bolsonaro.
– Hospital Rio Grande
– Natal/RN
– 12 Abr 12h10 Sábado
– Jair Bolsonaro pic.twitter.com/0K1FK5RMfY— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 12, 2025
Cronologia dos eventos recentes
Os acontecimentos que culminaram na cirurgia de Bolsonaro começaram na sexta-feira, 11 de abril, durante um evento do Partido Liberal (PL) no interior do Rio Grande do Norte. A seguir, os principais momentos:
- 11 de abril: Bolsonaro sentiu fortes dores abdominais em Santa Cruz, a 115 km de Natal, e foi atendido em um hospital local.
- Meio-dia de sexta-feira: Transferido de helicóptero para o Hospital Rio Grande, em Natal, onde recebeu diagnóstico inicial de subobstrução intestinal.
- 12 de abril: Após estabilização, ele foi levado para Brasília em uma UTI aérea, chegando ao DF Star às 21h56.
- 13 de abril: Exames confirmaram a necessidade de cirurgia, iniciada às 8h30, com previsão de duração prolongada.
Essa sequência de eventos reflete a urgência com que a equipe médica agiu para evitar complicações mais graves, como uma obstrução total do intestino, que poderia levar a infecções ou danos irreversíveis.
Impacto político e reações
A internação de Bolsonaro interrompeu uma agenda política intensa no Nordeste, onde ele participava do projeto Rota 22, iniciativa do PL para fortalecer a presença do partido na região. O ex-presidente planejava visitar cidades no Rio Grande do Norte e outros estados, promovendo eventos e articulações para as próximas eleições. A suspensão dessas atividades gerou reações entre aliados, que manifestaram apoio e desejos de recuperação.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, publicou uma mensagem de solidariedade, destacando a força de Bolsonaro e sua importância no cenário político. Outros líderes do PL, como o deputado Sóstenes Cavalcante, reforçaram a confiança na equipe médica e na recuperação do ex-presidente. A presença de apoiadores na porta do hospital, rezando e cantando, também marcou a chegada de Bolsonaro ao DF Star, evidenciando o impacto emocional do episódio entre seus seguidores.
A saúde de Bolsonaro, frequentemente associada ao atentado de 2018, continua sendo um tema sensível no debate público. O ex-presidente já utilizou redes sociais para relatar os desafios físicos decorrentes do ataque, reforçando a narrativa de resiliência que permeia sua trajetória política.
Detalhes do procedimento cirúrgico
A laparotomia exploradora realizada no DF Star é considerada uma cirurgia de alta complexidade, especialmente no caso de Bolsonaro, cujo abdômen foi submetido a múltiplas intervenções. O procedimento envolve:
- Abertura abdominal: Um corte é feito para acessar os órgãos internos, permitindo a visualização direta das alças intestinais.
- Liberação de aderências: As faixas de tecido cicatricial são cuidadosamente separadas para restaurar o funcionamento do intestino.
- Reconstrução da parede abdominal: Envolve a reparação de tecidos danificados ou enfraquecidos, muitas vezes com o uso de telas sintéticas para reforço.
- Monitoramento pós-operatório: Após a cirurgia, o paciente é acompanhado para evitar infecções, sangramentos ou novas obstruções.
A duração prolongada da operação, conforme previsto pela equipe médica, reflete a necessidade de cautela para evitar danos adicionais a um órgão já fragilizado. O cardiologista Leandro Echenique, integrante da equipe, destacou que o quadro de Bolsonaro exigia uma abordagem detalhada, considerando as manipulações anteriores no abdômen.
Contexto médico das obstruções intestinais
Subobstruções intestinais, como a enfrentada por Bolsonaro, ocorrem quando o fluxo de conteúdo intestinal é parcialmente bloqueado. Diferentemente de uma obstrução completa, que exige intervenção imediata, a subobstrução pode ser tratada inicialmente com medidas conservadoras, como:
- Jejum para reduzir a carga no intestino.
- Hidratação intravenosa para manter o equilíbrio metabólico.
- Uso de sonda nasogástrica para descomprimir o estômago e aliviar a pressão.
- Medicamentos para controlar dor e inflamação.
Quando essas medidas não são suficientes, como no caso atual, a cirurgia se torna necessária. Especialistas apontam que pacientes com histórico de cirurgias abdominais, como Bolsonaro, têm maior risco de desenvolver aderências, que podem se formar semanas ou anos após os procedimentos iniciais.
A condição também pode ser agravada por fatores como infecções, traumas ou inflamações crônicas. No caso do ex-presidente, a facada de 2018 causou danos extensos ao intestino delgado e grosso, exigindo reparos que deixaram cicatrizes propensas a complicações futuras.
Repercussão entre aliados e adversários
A internação de Bolsonaro gerou reações variadas no cenário político. Enquanto aliados expressaram preocupação e apoio, adversários políticos, como o ministro da Saúde Alexandre Padilha, destacaram o uso do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento inicial, reforçando a importância de serviços públicos como o SAMU. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, disponibilizou um helicóptero para a transferência de Bolsonaro, gesto que foi interpretado como uma demonstração de responsabilidade institucional.
A presença de Michelle Bolsonaro na decisão sobre o local da cirurgia também chamou atenção. Apesar de sugestões para que o ex-presidente fosse tratado em São Paulo, sob os cuidados de outro médico que o acompanha desde 2018, a ex-primeira-dama optou por Brasília, onde Cláudio Birolini assumiu a liderança da equipe cirúrgica. A escolha gerou debates entre apoiadores, mas reforçou a confiança no especialista em reconstrução abdominal.
A saúde de Bolsonaro, frequentemente associada ao atentado, continua sendo um ponto de polarização. Para seus seguidores, o episódio reforça a imagem de um líder que enfrenta batalhas físicas e políticas com determinação. Para críticos, a situação destaca a importância de um sistema de saúde acessível, capaz de atender emergências independentemente de posições ideológicas.
Desafios da recuperação pós-cirúrgica
A recuperação de uma laparotomia exploradora é um processo delicado, especialmente para pacientes com histórico cirúrgico extenso. Bolsonaro enfrentará um período de cuidados intensivos, que inclui:
- Monitoramento em UTI: Para observar sinais vitais e prevenir complicações como infecções ou sangramentos.
- Dieta controlada: Introdução gradual de alimentos para evitar sobrecarga no intestino.
- Fisioterapia: Para recuperar a mobilidade e fortalecer a parede abdominal.
- Acompanhamento psicológico: Cirurgias invasivas podem impactar o bem-estar emocional, especialmente em casos recorrentes.
O tempo de internação pode variar de uma a duas semanas, dependendo da resposta do organismo. Fatores como idade, condição física geral e adesão às orientações médicas influenciam o sucesso da recuperação. No caso de Bolsonaro, que mantém uma rotina ativa, o repouso será essencial para evitar novas complicações.
A equipe médica destacou a importância de um acompanhamento de longo prazo, já que as aderências podem se formar novamente. Exames periódicos e cuidados preventivos serão necessários para minimizar riscos futuros.
O impacto do atentado de 2018
O atentado sofrido por Bolsonaro em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, marcou não apenas sua trajetória política, mas também sua saúde. A facada, desferida por Adélio Bispo, atingiu o intestino delgado, o intestino grosso e uma veia abdominal, causando hemorragia interna e exigindo uma colostomia temporária. A cirurgia de emergência realizada na Santa Casa de Juiz de Fora salvou sua vida, mas deixou sequelas que persistem até hoje.
Nos anos seguintes, Bolsonaro passou por procedimentos para:
- Reverter a colostomia, em 2019.
- Corrigir uma hérnia incisional, também em 2019.
- Tratar obstruções intestinais, em 2021 e 2023.
- Ajustar telas abdominais usadas para reforçar a musculatura.
Cada intervenção aumentou o risco de novas aderências, criando um ciclo de complicações que culminou na cirurgia atual. O caso ilustra os desafios enfrentados por pacientes com traumas abdominais graves, que muitas vezes convivem com limitações permanentes.
Perspectivas para o futuro político
A internação de Bolsonaro ocorre em um momento de articulações políticas intensas, com o PL buscando consolidar sua base para as eleições municipais de 2026. O ex-presidente, réu no Supremo Tribunal Federal por questões relacionadas aos eventos de 8 de janeiro de 2023, mantém uma agenda ativa de viagens e eventos. A pausa forçada por motivos de saúde pode alterar o ritmo de suas atividades, mas aliados afirmam que ele deve retomar os compromissos assim que estiver recuperado.
A saúde de Bolsonaro também reacende debates sobre sua capacidade de liderar campanhas futuras. Aos 70 anos, ele enfrenta não apenas desafios físicos, mas também a pressão de manter relevância em um cenário político competitivo. Seus apoiadores, no entanto, veem na resiliência diante de adversidades uma característica central de sua imagem pública.
A operação no DF Star, embora complexa, foi planejada com base em um diagnóstico preciso e uma equipe experiente. A expectativa é que Bolsonaro receba alta nas próximas semanas, com orientações para evitar esforços excessivos e manter um acompanhamento médico rigoroso.
Curiosidades sobre obstruções intestinais
As obstruções intestinais, como a enfrentada por Bolsonaro, são condições que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Algumas informações relevantes incluem:
- Causas comuns: Além de aderências, tumores, hérnias e torções intestinais podem levar a bloqueios.
- Sintomas principais: Dor abdominal, náuseas, vômitos e distensão são sinais típicos.
- Prevalência: Pacientes com histórico de cirurgias abdominais têm até 30% de chance de desenvolver aderências.
- Tratamento: Cerca de 70% dos casos de subobstrução são resolvidos sem cirurgia, mas quadros persistentes exigem intervenção.
Esses dados destacam a importância de um diagnóstico precoce e de um acompanhamento especializado para minimizar riscos.
A rotina hospitalar durante a internação
Durante sua passagem pelo Hospital Rio Grande, em Natal, Bolsonaro apresentou sinais de melhora inicial, com redução da distensão abdominal e uma noite de sono prolongada. No DF Star, a rotina incluiu exames de imagem, como tomografias, e avaliações laboratoriais para monitorar inflamações ou infecções. A equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões, cardiologistas e outros especialistas, garantiu um atendimento integrado.
A presença de Birolini, que viajou de São Paulo para acompanhar o caso, reforçou a confiança da família na condução do tratamento. A decisão de realizar a cirurgia em Brasília, em vez de São Paulo, foi influenciada pela proximidade com familiares, como Michelle e Flávio Bolsonaro, que residem na capital federal.
Apoios na porta do hospital, embora em pequeno número, incluíram orações e gestos de solidariedade, refletindo a conexão emocional de parte do público com o ex-presidente. Esses momentos, embora discretos, foram registrados por veículos de imprensa e amplificados nas redes sociais.
O papel da equipe médica
A equipe responsável pela cirurgia de Bolsonaro no DF Star reuniu profissionais experientes, com destaque para Cláudio Birolini, especialista em cirurgias abdominais complexas. O médico, que já acompanhava o ex-presidente em episódios anteriores, trouxe expertise para lidar com um caso desafiador. Cardiologistas como Leandro Echenique e Ricardo Camarinha monitoraram os sinais vitais, enquanto os diretores do hospital, Guilherme Meyer e Allisson Barcelos Borges, coordenaram a logística.
A abordagem multidisciplinar foi essencial para avaliar o quadro de forma abrangente, considerando não apenas a obstrução, mas também os impactos de cirurgias anteriores. A comunicação com a família foi mantida em tempo real, garantindo que decisões fossem tomadas com consenso.
A experiência do DF Star, um hospital privado conhecido por atender casos de alta complexidade, contribuiu para a confiança no procedimento. A estrutura de UTI e os equipamentos avançados permitiram um manejo seguro durante e após a cirurgia.
Fatores de risco para complicações futuras
Pacientes com histórico de aderências, como Bolsonaro, enfrentam riscos contínuos de novas obstruções. Fatores que podem agravar o quadro incluem:
- Novas cirurgias: Cada intervenção aumenta a probabilidade de cicatrizes adicionais.
- Inflamações: Processos infecciosos ou crônicos podem comprometer o intestino.
- Estilo de vida: Atividades físicas intensas ou dieta inadequada podem sobrecarregar o sistema digestivo.
- Idade: O envelhecimento reduz a elasticidade dos tecidos, dificultando a recuperação.
A prevenção envolve exames regulares, ajustes na alimentação e, em alguns casos, medicamentos para reduzir a formação de cicatrizes internas. Para Bolsonaro, o acompanhamento médico será indispensável nos próximos anos.