Quando o chamado desaparece e só o contracheque importa.
📍 Rio Branco (AC), 14 de novembro de 2025 — 23h12
Por Ton — Coluna do Ton | Cidade AC News
Acre, Brasil

O que está em debate é a distorção nas indicações do governo; quem denuncia é a Coluna do Ton; quando agora, em meio a novas disputas por cargos no Acre; onde na esfera pública; por quê a nomeação virou prêmio e não responsabilidade; como o uso religioso e emocional fragiliza o Estado.
Indicações políticas e o impacto direto na gestão pública
As indicações políticas no Acre seguem um padrão previsível: muita promessa, pouca qualificação. E é justamente essa lógica que empurra o debate para a zona da conveniência, não da responsabilidade. O debate sobre indicações vive uma mentira elegante: todos fingem que é sobre missão, propósito ou vocação. Mas basta arranhar o discurso para o cimento revelar areia solta: a disputa real é por acesso, estabilidade e salário — e ninguém mais faz esforço para esconder.
As instituições religiosas, por mais respeitáveis que sejam, não competem com o conforto de uma nomeação pública. O atrativo do contracheque fala mais alto do que qualquer chamado moral. E é nesse ponto que a ética escorrega.
Quando o atrativo é o cargo, e não o trabalho, a política perde coluna vertebral.
E quando o Estado vira extensão de igrejas, amizades e afinidades, ele deixa de ser público e passa a ser privado — só que pago com dinheiro de todos.
Como as indicações políticas alteram critérios de competência e preparo
O problema central das indicações políticas não é a política em si, mas o uso distorcido da fé, da amizade e da afinidade como senha para ocupar funções que exigem preparo técnico.
Existe um termômetro simples para medir a crise:
Antes, alguém convidado para um cargo perguntava:
“Será que eu tenho preparo para isso?”
Hoje a pergunta mudou:
“Quanto é que eu vou ganhar lá?”
Esse detalhe, aparentemente pequeno, explica uma parte profunda da crise brasileira — e acreana: perdemos a noção de responsabilidade pública.
Por que as indicações políticas fragilizam o Estado quando ignoram mérito
Quando as indicações políticas ignoram mérito e se baseiam apenas em proximidade emocional ou religiosa, o Estado se transforma em um sistema instável, que não sustenta entrega nem eficiência.
O Estado não foi feito para recompensar lealdades emocionais, religiosas ou amistosas. Ele existe para entregar serviços, resultados e eficiência.
Quando instituições — especialmente as que deveriam simbolizar integridade — aceitam participar do jogo da conveniência, perdem a capacidade de dizer “não” justamente quando o país mais precisa de firmeza moral.
O governo precisa de profissionais preparados.
O mercado absorve quem tem mérito.
E quem tem competência não teme troca de secretário, de gestão ou de mandato.
Porque mérito se sustenta. Apadrinhamento implode.
O desastre anunciado das nomeações emocionais
Sempre que um cargo é preenchido por critérios afetivos, religiosos ou de amizade, o Estado inteiro fica fragilizado — e a conta sobra para a sociedade.
Não por falta de fé.
Mas por falta de seriedade.
No serviço público, não existe milagre que sustente incompetência.
Quem confunde influência com capacidade descobre rápido que o altar não substitui currículo — e que gabinete não aceita improviso.
Quando a fé vira moeda política, o fiel vira ferramenta — e descartável.
O que se sabe até agora
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Nomeações políticas crescem mais por afinidades do que por competência.
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Instituições religiosas passaram a disputar espaço no debate público, mas sem estrutura técnica.
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A sociedade paga a conta quando cargos são preenchidos por conveniência.
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A ética pública sofre erosão silenciosa quando o contracheque pesa mais que o currículo.
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O Estado acreano enfrenta desafios que exigem preparo, não improviso.
FAQ – Perguntas rápidas
Por que indicações são um problema?
Porque priorizam lealdade, não competência — e isso derruba a qualidade do serviço público.
Igrejas podem participar da vida pública?
Sim, mas não como filtro para cargos técnicos.
O que deveria determinar uma nomeação?
Experiência, currículo e resultado comprovado.
Quem perde quando o critério é emocional?
A sociedade, que fica refém de decisões frágeis.
Conclusão
A política só recupera credibilidade quando nomeação deixar de ser favor — e voltar a ser responsabilidade. Até lá, seguimos lembrando o óbvio que muitos fingem não ver.
No Acre, as indicações políticas revelam mais sobre quem ocupa o cargo do que sobre o cargo em si — e isso explica boa parte da fragilidade administrativa atual.
Por Ton — Coluna do Ton | Cidade AC News
Acre, Brasil
“O Ton já avisou.”
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Editorial Institucional — Cidade AC News
Bases técnicas sobre indicações e mérito profissional
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ENAP – Capacitação do serviço público: https://www.enap.gov.br






