No coração das cidades brasileiras, milhares de entregadores percorrem ruas movimentadas para atender pedidos pelo iFood, uma das maiores plataformas de delivery do país. A partir de 1º de junho de 2025, esses trabalhadores terão um ajuste significativo em seus ganhos. A empresa anunciou um aumento na taxa mínima paga por entrega, que passará de R$ 6,50 para até R$ 7,50, dependendo do modal de transporte utilizado. A mudança, que reflete um reajuste de até 15,4%, foi recebida com reações mistas entre os entregadores.
A decisão chega após pressões de movimentos trabalhistas, incluindo greves organizadas por entregadores em diversas cidades. O reajuste, embora superior à inflação acumulada desde o último ajuste em 2023, não atende integralmente às reivindicações de muitos trabalhadores, que pediam uma taxa mínima de R$ 10. A plataforma, por outro lado, destaca que a medida visa melhorar as condições dos entregadores e acompanhar as mudanças no mercado.
Os novos valores variam conforme o meio de transporte:
- Entregadores que utilizam motos ou carros receberão R$ 7,50 por entrega.
- Ciclistas terão a taxa mínima ajustada para R$ 7,00.
- O valor por quilômetro rodado permanecerá inalterado, em R$ 1,50.
A empresa também informou que os ajustes serão implementados automaticamente no aplicativo, sem necessidade de ação por parte dos entregadores. A notícia, amplamente debatida em redes sociais, reflete um momento de transformações no setor de entregas rápidas no Brasil.

Reajuste reflete pressões trabalhistas
Movimentos como o #BrequeDosApps, que ganhou força nos últimos anos, têm pressionado plataformas de delivery por melhores condições de trabalho. Em abril de 2025, entregadores de mais de 60 cidades brasileiras organizaram paralisações, exigindo aumento na taxa mínima e ajustes no pagamento por quilômetro. A resposta do iFood veio dias após essas mobilizações, com o anúncio do reajuste.
A plataforma destacou que o aumento de até 15,4% para motos e carros supera a inflação acumulada desde 2023, quando a taxa mínima foi fixada em R$ 6,50. Para ciclistas, o reajuste de 7,7% foi menor, o que gerou críticas de trabalhadores que utilizam bicicletas. Muitos deles argumentam que o aumento de R$ 0,50 é insuficiente para cobrir os custos de manutenção e alimentação.
A mobilização dos entregadores começou a ganhar visibilidade em 2020, durante a pandemia, quando o setor de delivery se tornou essencial. Desde então, as demandas por melhores remunerações e condições de trabalho se intensificaram. O iFood, que conta com mais de 360 mil entregadores cadastrados, enfrenta o desafio de equilibrar as expectativas dos trabalhadores com a sustentabilidade do negócio.
Aumento na taxa mínima
A partir de junho, os entregadores de moto e carro verão o valor mínimo por entrega subir de R$ 6,50 para R$ 7,50, um incremento de 15,4%. Para ciclistas, a taxa passará para R$ 7,00, representando um aumento de 7,7%. A empresa informou que o reajuste foi calculado com base em fatores como inflação, custos operacionais e feedback dos próprios entregadores.
O valor por quilômetro rodado, no entanto, permanecerá em R$ 1,50, o que decepcionou alguns trabalhadores. Eles argumentam que o custo de combustível, manutenção de veículos e desgaste físico não é adequadamente compensado pelo pagamento atual. Além disso, a plataforma estabeleceu um novo limite de 4 quilômetros para rotas, o que pode impactar a distribuição das entregas.
Os reajustes também incluem benefícios adicionais:
- Ampliação da cobertura de seguros para acidentes durante as entregas.
- Benefícios específicos para entregadoras mulheres, como suporte em casos de violência.
- Treinamentos gratuitos para segurança no trânsito.
Apesar dessas medidas, a percepção entre os entregadores é de que o aumento não resolve questões estruturais, como a dependência de gorjetas ou a alta concorrência por pedidos.
Reações dos entregadores
A notícia do reajuste gerou debates acalorados entre os entregadores. Em grupos de redes sociais e fóruns, muitos expressaram insatisfação com o aumento, especialmente os ciclistas. Um trabalhador de São Paulo, que preferiu não se identificar, afirmou que o acréscimo de R$ 0,50 para entregas de bicicleta não compensa o esforço físico e os riscos enfrentados nas ruas.
Por outro lado, alguns entregadores de moto reconheceram o aumento como um avanço, ainda que tímido. Para quem trabalha cerca de 8 horas por dia, o reajuste pode representar um incremento mensal de aproximadamente R$ 400, dependendo do volume de entregas. No entanto, a ausência de mudanças no valor por quilômetro foi apontada como uma limitação.
Organizações de entregadores, como a Associação dos Motoboys Autônomos, planejam novas mobilizações para pressionar por ajustes adicionais. Eles defendem que a taxa mínima deveria ser de pelo menos R$ 10, considerando os custos de vida nas grandes cidades brasileiras.
Histórico de ajustes no iFood
O iFood já realizou outros reajustes na taxa mínima nos últimos anos. Em 2021, o valor foi fixado em R$ 5,31, e em 2023, passou para R$ 6,50. Com o aumento anunciado para 2025, a taxa mínima terá acumulado um crescimento de 41,2% desde 2021. A empresa destaca que esses ajustes acompanham as mudanças econômicas e as necessidades dos entregadores.
A plataforma também investiu em programas de suporte, como:
- Seguro contra acidentes, implementado em 2022.
- Parcerias com oficinas para manutenção de motos e bicicletas.
- Cursos de capacitação para entregadores iniciantes.
- Benefícios para entregadores com maior número de entregas.
Apesar desses esforços, a relação com os entregadores permanece tensa. As greves de 2024 e 2025 mostram que as demandas por melhores condições vão além de aumentos pontuais na taxa mínima.
Impacto nos consumidores
O aumento na taxa mínima dos entregadores pode influenciar os preços pagos pelos consumidores. Embora o iFood não tenha anunciado oficialmente um repasse direto, especialistas apontam que as plataformas de delivery frequentemente ajustam suas taxas para compensar custos operacionais. Em 2024, o preço médio de uma entrega no iFood variava entre R$ 8 e R$ 12, dependendo da distância e da cidade.
Consumidores em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, já relatam alta nos custos de entrega nos últimos anos. Com o reajuste para os entregadores, é provável que os valores subam entre R$ 1 e R$ 2 por pedido, especialmente para distâncias maiores. Pequenos restaurantes, que dependem da plataforma para alcançar clientes, também podem sentir os efeitos, já que as taxas cobradas pelo iFood impactam suas margens de lucro.
A plataforma, por sua vez, afirma que trabalha para equilibrar os custos entre consumidores, restaurantes e entregadores. Novas funcionalidades, como a opção de pedidos em grupo, foram introduzidas para reduzir o impacto financeiro para os usuários.
Benefícios adicionais para entregadores
Além do reajuste na taxa mínima, o iFood anunciou melhorias em seu programa de benefícios. A cobertura de seguros foi ampliada, oferecendo proteção em casos de acidentes durante as entregas. Para entregadoras mulheres, a empresa criou um canal de atendimento especializado, com suporte para situações de assédio ou violência.
Outras iniciativas incluem:
- Parcerias com empresas de manutenção para descontos em peças e serviços.
- Cursos gratuitos de educação financeira para entregadores.
- Ampliação do programa de recompensas para trabalhadores com alta performance.
Essas medidas visam melhorar a percepção dos entregadores sobre a plataforma, mas muitos ainda consideram os benefícios insuficientes diante dos desafios diários, como longas jornadas e exposição a riscos no trânsito.
Cenário do delivery no Brasil
O setor de delivery no Brasil cresceu exponencialmente desde a pandemia de 2020. O iFood, líder de mercado, processa milhões de pedidos mensais, conectando consumidores, restaurantes e entregadores. Em 2024, a plataforma registrou um aumento de 12% no número de entregadores ativos, reflexo da alta demanda por serviços de entrega.
Outras plataformas, como Rappi e Uber Eats, também competem no mercado, mas o iFood mantém a maior fatia, com cerca de 60% dos pedidos no país. A concorrência tem pressionado as empresas a oferecerem melhores condições para atrair e reter entregadores, especialmente em um cenário de inflação e aumento dos custos de vida.
A informalidade, característica do setor, é outro ponto de debate. A maioria dos entregadores trabalha como autônoma, sem direitos trabalhistas como férias ou 13º salário. Propostas de regulamentação do setor estão em discussão no Congresso Nacional, mas ainda não há consenso sobre como equilibrar os interesses das plataformas e dos trabalhadores.
Mobilizações e negociações futuras
As greves de entregadores em 2024 e 2025 marcaram um novo capítulo na luta por melhores condições no setor de delivery. Organizações de trabalhadores planejam manter a pressão sobre o iFood e outras plataformas, com novas paralisações previstas para o segundo semestre de 2025. O objetivo é alcançar uma taxa mínima de R$ 10 e aumentar o valor por quilômetro rodado.
Negociações entre representantes dos entregadores e o iFood têm ocorrido, mas os avanços são considerados lentos. A plataforma afirma estar aberta ao diálogo, mas defende que os reajustes precisam ser sustentáveis para não impactar negativamente os consumidores e os restaurantes parceiros.
A mobilização dos entregadores também ganhou apoio de figuras públicas e movimentos sociais. Em abril de 2025, parlamentares de partidos de esquerda defenderam a criação de uma legislação específica para regulamentar o trabalho nas plataformas de delivery, o que pode influenciar as negociações futuras.
Ajustes operacionais no iFood
O iFood também anunciou mudanças operacionais para acompanhar o reajuste. A plataforma reduziu o limite de distância para rotas de entrega para 4 quilômetros, o que pode otimizar o tempo dos entregadores e reduzir custos com combustível. Além disso, novos algoritmos estão sendo testados para distribuir pedidos de forma mais equilibrada entre os trabalhadores.
A empresa investiu em tecnologia para melhorar a experiência dos entregadores, como:
- Atualizações no aplicativo para maior transparência nos ganhos.
- Ferramentas de previsão de demanda em tempo real.
- Suporte técnico 24 horas para problemas com o app.
Essas mudanças, segundo a plataforma, buscam aumentar a eficiência das entregas e a satisfação dos entregadores, mas ainda enfrentam resistência de trabalhadores que pedem maior participação nas decisões da empresa.