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Ibovespa dispara rumo aos 141 mil pontos após payroll americano surpreender

Ibovespa dispara rumo aos 141 mil pontos após payroll americano surpreender

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, registrou forte alta nesta quarta-feira, 2 de julho de 2025, aproximando-se dos 141 mil pontos, impulsionado por dados positivos do mercado de trabalho americano e pelo desempenho de empresas como Vale e Petrobras. A moeda americana, por sua vez, apresentou oscilações, mas fechou em leve queda, cotada a R$ 5,42, refletindo a redução das tensões comerciais globais e a reação do mercado a questões fiscais internas. A divulgação do relatório de empregos nos Estados Unidos, conhecido como payroll, superou as expectativas, criando 254 mil vagas em junho, contra 200 mil previstas, o que trouxe otimismo aos investidores. No Brasil, a disputa em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a perspectiva de judicialização pelo governo também influenciaram as negociações. Esse cenário reflete um momento de volatilidade, mas com predominância de apetite por risco, especialmente em ações ligadas a commodities.

A trajetória ascendente do Ibovespa foi sustentada por fatores externos e internos que se cruzaram ao longo do pregão. A força do mercado americano, com índices como o S&P 500 e o Nasdaq registrando altas, contagiou os negócios na B3. Enquanto isso, no Brasil, a percepção de uma possível estabilização fiscal, apesar das incertezas, trouxe alívio momentâneo.

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Bolsa de Valores – Foto: sweeann/shutterstock.com

Para entender o impacto desses movimentos, é essencial destacar os principais catalisadores do dia:

O mercado financeiro brasileiro, portanto, navegou por um dia de otimismo cauteloso, com investidores atentos tanto ao exterior quanto às dinâmicas internas.

Alta das commodities impulsiona gigantes da B3

A valorização das commodities foi um dos principais motores do desempenho do Ibovespa. As ações da Vale (VALE3) registraram alta de 1,8%, acompanhando o avanço do minério de ferro na China, que fechou a US$ 122,30 por tonelada em Dalian. A demanda por aço no mercado asiático, aliada à expectativa de recomposição de estoques antes de feriados na China, sustentou os ganhos. Já a Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou cerca de 0,7%, mesmo com o petróleo Brent registrando leve recuo de 0,1%, cotado a US$ 74,20 o barril.

Além das gigantes, papéis do setor financeiro, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), também contribuíram para a alta, com ganhos de 0,9% e 1,1%, respectivamente. A combinação de um cenário externo favorável e a resiliência de setores ligados à economia doméstica trouxe fôlego ao índice.

Por outro lado, nem todas as ações acompanharam o ritmo. Empresas do varejo, como Magazine Luiza (MGLU3), enfrentaram quedas de até 2,3%, refletindo preocupações com o consumo interno em meio a incertezas fiscais. O índice de small caps, que reúne empresas de menor capitalização, também apresentou desempenho inferior, com alta de apenas 0,4%.

Payroll americano e seus efeitos globais

O relatório de empregos dos Estados Unidos, divulgado pelo Departamento do Trabalho, foi o grande destaque do dia. A criação de 254 mil vagas em junho, contra 200 mil esperadas, sinalizou uma economia americana ainda robusta, apesar dos temores de desaceleração. A taxa de desemprego caiu para 4,1%, enquanto os salários subiram 0,4% no mês, acima das projeções.

Esses números reduziram as expectativas de cortes iminentes nos juros pelo Federal Reserve, o que fortaleceu o dólar globalmente. O índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de divisas, subiu 0,3%, para 97,50 pontos. No Brasil, porém, o dólar comercial contrariou a tendência global e recuou 0,2%, influenciado por fluxos de capital externo para a B3.

O otimismo com o payroll também se refletiu nas bolsas globais. Em Nova York, o Dow Jones avançou 0,8%, enquanto o Nasdaq subiu 1,2%, impulsionado por ações de tecnologia. Na Europa, a Bolsa de Frankfurt registrou alta de 0,9%, e Londres avançou 0,6%. O ambiente de maior apetite por risco beneficiou mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Tensões fiscais no radar dos investidores

No cenário doméstico, a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso gerou ruídos no mercado. A Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a decisão, o que trouxe incerteza aos investidores. A medida, proposta pelo governo para compensar perdas fiscais, era vista como uma tentativa de equilibrar as contas públicas em meio a pressões por maior arrecadação.

A arrecadação federal, aliás, surpreendeu positivamente em maio, com R$ 202,9 bilhões, alta real de 7,2% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Tesouro Nacional. Esse resultado aliviou temporariamente as preocupações com o déficit fiscal, mas analistas alertam que a judicialização do IOF pode prolongar a volatilidade.

A percepção de risco fiscal também foi atenuada pelo IPCA-15 de junho, que registrou alta de 0,39%, abaixo das expectativas de 0,45%. A desaceleração nos preços de serviços e a queda na difusão inflacionária reforçaram a visão de que a inflação pode se estabilizar no curto prazo, mesmo que permaneça acima da meta de 3%.

Avanços comerciais entre EUA e China

As negociações comerciais entre Estados Unidos e China também influenciaram o humor do mercado. Um acordo para agilizar embarques de terras raras chinesas, anunciado por autoridades americanas, trouxe alívio aos investidores. A trégua de 90 dias nas tarifas recíprocas, que entram em vigor em 8 de julho, reduziu os temores de uma guerra comercial mais ampla.

No Brasil, o impacto foi sentido principalmente nas empresas exportadoras. A Embraer (EMBR3), por exemplo, subiu 2,1%, beneficiada pela expectativa de maior estabilidade no comércio global. O índice MSCI Brazil, que reúne ações brasileiras negociadas no exterior, avançou 1,4%, refletindo o otimismo com o cenário externo.

Os principais pontos do acordo incluem:

Desempenho setorial na B3

O pregão na B3 foi marcado por desempenhos distintos entre os setores. As ações do setor imobiliário, como Cyrela (CYRE3) e MRV (MRVE3), subiram 1,5% e 1,9%, respectivamente, impulsionadas pelo fluxo de capital externo. O índice imobiliário acumula alta de 42% no ano, superando o Ibovespa.

No setor de consumo, empresas como Ambev (ABEV3) registraram ganhos tímidos de 0,3%, enquanto o segmento de tecnologia, representado por Totvs (TOTS3), avançou 1,3%. A diversidade de desempenhos reflete a complexidade do momento econômico, com setores expostos ao mercado externo se beneficiando mais do que os ligados à demanda interna.

Foco no minério de ferro e petróleo

A alta do minério de ferro continuou a sustentar as ações da Vale. A commodity atingiu o maior valor em três meses na China, impulsionada pela retomada da produção de aço. Dados da consultoria Mysteel apontam que os estoques de minério nos portos chineses caíram 3% em junho, sinalizando maior demanda.

No caso do petróleo, a estabilidade do Brent em torno de US$ 74 por barril limitou os ganhos da Petrobras, mas a perspectiva de tensões geopolíticas no Oriente Médio manteve os preços em patamares elevados. A PetroRecôncavo (RECV3) também registrou alta de 0,8%, refletindo o interesse em empresas do setor.

Movimentações no câmbio

O dólar comercial abriu o pregão em alta, chegando a R$ 5,50, mas perdeu força ao longo do dia, fechando a R$ 5,42. A entrada de capital estrangeiro na B3, que somou R$ 12 bilhões em junho, contribuiu para a desvalorização da moeda. O real brasileiro foi uma das poucas moedas emergentes a se valorizar frente ao dólar, contrastando com o peso mexicano e o rand sul-africano.

A mínima do dia foi de R$ 5,41, enquanto a máxima atingiu R$ 5,50. O Banco Central não realizou intervenções no mercado cambial, sinalizando confiança na estabilidade da moeda.

Perspectiva para o semestre

O Ibovespa acumula alta de 15,2% no primeiro semestre de 2025, superando o CDI (5,3%) e o IPCA projetado (3,1%). O desempenho reflete a entrada de capital externo, que totalizou R$ 25 bilhões no período, segundo a B3. Empresas como Vale, Petrobras e bancos lideraram os ganhos, enquanto o varejo enfrenta desafios.

O segundo semestre será marcado por eventos como a decisão do Copom sobre a Selic, em agosto, e a evolução das negociações comerciais globais. A expectativa é de que a Bolsa mantenha a trajetória de alta, mas com volatilidade devido às incertezas fiscais e geopolíticas.

Volume de negócios na B3

O volume financeiro na B3 atingiu R$ 28,5 bilhões no pregão de 2 de julho, acima da média diária de R$ 25 bilhões do ano. A participação de investidores estrangeiros foi de 52%, enquanto os institucionais locais responderam por 38%. Ações como VALE3, PETR4 e ITUB4 lideraram as negociações, concentrando 35% do volume total.

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