O Ibovespa renovou sua máxima histórica nesta terça-feira, 13 de maio de 2025, superando a marca de 138 mil pontos pela primeira vez. Durante a sessão, o índice registrou alta de 1,11%, alcançando 138.076,98 pontos, impulsionado por papéis ligados a commodities e pela repercussão de acordos comerciais entre Brasil e China. Em Nova York, as bolsas também avançaram, embora o Dow Jones tenha registrado leve queda de cerca de 0,30%. O mercado global digere o acordo preliminar sobre tarifas entre Estados Unidos e China, anunciado na véspera, que aliviou tensões comerciais.
A alta do Ibovespa reflete um cenário de otimismo com a valorização do minério de ferro e a percepção de que os preços das ações brasileiras ainda estão atrativos. “O valuation segue barato, com lucros das empresas superando as cotações atuais”, destacou Felipe Moura, analista da Finacap. Além disso, o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, divulgado na manhã desta terça-feira, mostrou alta de 0,2% em abril, abaixo das projeções de 0,3%, reforçando apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve.
- Fatores de impulso: Acordos comerciais Brasil-China e valorização de commodities.
- Dados dos EUA: CPI abaixo do esperado eleva chances de redução nos juros.
- Perspectiva local: Ata do Copom mantém Selic em 14,75% sem sinais claros de alta.
Recordes impulsionados por commodities
A valorização do minério de ferro, um dos principais produtos de exportação do Brasil, foi um dos pilares para o avanço do Ibovespa. Empresas como Vale, que têm peso significativo no índice, registraram ganhos expressivos. A sessão também foi marcada por uma reação positiva aos acordos comerciais entre Brasil e China, que incluem parcerias em setores como agricultura, energia e infraestrutura. Esses acordos fortalecem a posição do Brasil como fornecedor estratégico para o mercado chinês, especialmente em commodities.
O cenário externo contribuiu para o otimismo. Após meses de incerteza com a política de tarifas de Donald Trump, o acordo preliminar entre Estados Unidos e China trouxe alívio aos investidores. Em Nova York, o S&P 500 e o Nasdaq avançaram, impulsionados por setores de tecnologia e consumo, enquanto o Dow Jones recuou ligeiramente, pressionado por papéis do setor industrial. No Brasil, o dólar comercial caiu, cotado a R$ 5,73, refletindo a menor aversão ao risco global.
Inflação americana e expectativas de juros
O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, divulgado nesta terça-feira, trouxe números que animaram os mercados. A inflação subiu 0,2% em abril ante março, após uma queda no mês anterior, e avançou 2,3% na comparação anual, contra expectativas de 2,4%. Esses dados, considerados moderados, aumentaram a probabilidade de que o Federal Reserve inicie um ciclo de cortes de juros ainda em 2025.
Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, observou que o CPI reforçou as apostas do mercado. “O dado veio levemente abaixo do esperado, animando os investidores, que agora precificam dois cortes de juros pelo Fed em 2025”, afirmou. Essa perspectiva beneficia mercados emergentes como o Brasil, que podem ganhar espaço para ajustar suas próprias políticas monetárias. No cenário doméstico, a Selic permanece em 14,75% ao ano, conforme decisão do Copom na semana passada.
- CPI de abril: Alta de 0,2% mensal, abaixo dos 0,3% esperados.
- Impacto anual: Inflação de 2,3% contra projeção de 2,4%.
- Projeções do Fed: Mercado aposta em dois cortes de 25 pontos-base em 2025.
- Efeito no Brasil: Menor pressão inflacionária externa favorece ativos brasileiros.
Ata do Copom e política monetária
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada nesta terça-feira, trouxe poucos sinais sobre os próximos passos da taxa Selic. O documento reiterou a decisão de elevar a taxa em 0,50 ponto porcentual na semana passada, para 14,75% ao ano, mas não comprometeu o Banco Central com novas altas. Analistas interpretaram o tom como cauteloso, com o BC monitorando tanto o cenário doméstico quanto o externo.
Caio Megale, economista-chefe da XP, destacou que o Copom parece inclinado a manter a Selic estável nas próximas reuniões. “O plano atual é de pausa, mas sem fechar as portas para ajustes, caso necessário”, afirmou. Já Roberto Padovani, do Banco BV, apontou que a ata não trouxe grandes mudanças em relação ao comunicado anterior, sugerindo flexibilidade para uma eventual alta adicional. Natalie Victal, da SulAmérica Investimentos, reforçou que o cenário desafiador impede debates sobre cortes de juros no curto prazo.
Balanços corporativos em destaque
O mercado também reagiu aos balanços trimestrais divulgados por grandes empresas na véspera. A Petrobras anunciou lucro líquido de R$ 35,2 bilhões no primeiro trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 17,04 bilhões do trimestre anterior. A estatal aprovou a distribuição de R$ 11,72 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, equivalente a R$ 0,90916619 por ação, com data de “ex-direito” marcada para 3 de junho. As ações da companhia (PETR3 e PETR4) registraram alta, impulsionando o Ibovespa.
Outras empresas também divulgaram resultados. A Telefônica (VIVT3) reportou crescimento em receitas, enquanto a Direcional (DIRR3) apresentou lucro líquido sólido, beneficiada pelo aquecimento do setor imobiliário. A Hapvida (HAPV3) e o IRB (IRBR3) também divulgaram números positivos, refletindo a recuperação de seus setores. Após o fechamento do pregão, Nubank (ROXO34) e JBS (JBSS3) estão entre as companhias aguardadas para apresentar seus resultados.
- Petrobras: Lucro de R$ 35,2 bilhões e dividendos de R$ 11,72 bilhões.
- Telefônica: Crescimento em receitas no primeiro trimestre.
- Direcional: Resultados impulsionados pelo setor imobiliário.
- Aguardados: Nubank e JBS divulgam balanços após o pregão.
Acordos Brasil-China em foco
Os acordos comerciais entre Brasil e China, anunciados recentemente, continuam a repercutir no mercado. As negociações abrangem desde a exportação de produtos agrícolas, como soja e carne, até parcerias em energia renovável e infraestrutura. A China, maior parceira comercial do Brasil, absorve cerca de 30% das exportações brasileiras, com destaque para commodities como minério de ferro e petróleo.
A valorização do minério de ferro, que atingiu cotações próximas a US$ 120 por tonelada, beneficia diretamente empresas como Vale e CSN. Além disso, os acordos reforçam a confiança dos investidores na capacidade do Brasil de manter fluxos de exportação robustos, mesmo em um cenário global de incertezas. “Os acordos com a China trazem estabilidade para o setor de commodities, que é um dos motores do Ibovespa”, afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Desempenho das bolsas globais
Em Nova York, o mercado acionário apresentou desempenho misto. O S&P 500 subiu cerca de 0,8%, impulsionado por empresas de tecnologia, enquanto o Nasdaq avançou 1,1%, com destaque para papéis de semicondutores. O Dow Jones, por outro lado, recuou 0,3%, pressionado por ações de companhias industriais sensíveis a mudanças nas tarifas comerciais. O acordo preliminar entre Estados Unidos e China, que reduz tensões tarifárias, segue como um dos principais catalisadores do otimismo global.
Na Europa, as bolsas também registraram ganhos moderados. O índice Stoxx 600 subiu 0,5%, com destaque para o setor automotivo, que reagiu positivamente às negociações comerciais. Na Ásia, o índice Hang Seng, de Hong Kong, avançou 1,2%, refletindo a confiança renovada nas relações comerciais entre China e Estados Unidos. Esses movimentos reforçam o cenário de menor aversão ao risco, que beneficia mercados emergentes como o Brasil.
- S&P 500: Alta de 0,8% com impulso do setor de tecnologia.
- Nasdaq: Ganho de 1,1%, liderado por semicondutores.
- Dow Jones: Queda de 0,3% com pressão de papéis industriais.
- Europa: Stoxx 600 sobe 0,5%, puxado pelo setor automotivo.
- Ásia: Hang Seng avança 1,2% com otimismo comercial.
Papéis de destaque no Ibovespa
Além da Petrobras e da Vale, outras ações tiveram desempenho relevante na sessão. O setor bancário, representado por Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), registrou ganhos moderados, beneficiado pela perspectiva de estabilidade na Selic. No setor de varejo, empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) acompanharam o movimento positivo, impulsionadas pelo aumento da confiança do consumidor.
Por outro lado, papéis de companhias aéreas, como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), enfrentaram pressão devido aos custos elevados de combustíveis, apesar do cenário global mais favorável. A Natura (NTCO3), que divulgou balanço na véspera, manteve trajetória de alta, com avanço superior a 5%, refletindo a recepção positiva de seus resultados trimestrais.

Perspectiva para o mercado doméstico
O Ibovespa acumula alta de 13,84% desde o início de 2025, segundo dados da B3, consolidando-se como um dos índices de melhor desempenho entre os mercados emergentes. A combinação de valorização das commodities, acordos comerciais e um cenário externo mais favorável sustenta o otimismo dos investidores. No entanto, analistas alertam para a volatilidade, especialmente diante de incertezas sobre a política monetária global.
A XP projeta que o Ibovespa pode alcançar 149 mil pontos até o final de 2025, impulsionado por setores como commodities, bancos e varejo. A manutenção da Selic em 14,75% é vista como um fator de estabilidade, mas o mercado permanece atento a possíveis pressões inflacionárias internas, como os custos de energia e alimentos. “O cenário é positivo, mas exige cautela com variáveis domésticas”, destacou Natalie Victal, da SulAmérica Investimentos.
- Projeção da XP: Ibovespa pode chegar a 149 mil pontos em 2025.
- Fatores de suporte: Commodities, bancos e varejo lideram ganhos.
- Riscos domésticos: Pressões inflacionárias em energia e alimentos.
- Cenário global: Menor aversão ao risco beneficia emergentes.
Movimentações no câmbio
O dólar comercial registrou queda nesta terça-feira, fechando cotado a R$ 5,73, uma baixa de 0,9% em relação à véspera. A desvalorização da moeda americana reflete o alívio nas tensões comerciais e a perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos. O real brasileiro foi uma das moedas de melhor desempenho entre os emergentes, beneficiado pelo fluxo de capital estrangeiro para o mercado acionário.
A menor pressão sobre o dólar também é sustentada pela valorização das commodities, que fortalece as moedas de países exportadores como o Brasil. No entanto, analistas destacam que a volatilidade cambial pode persistir, especialmente se houver mudanças inesperadas na política monetária do Federal Reserve ou no cenário político doméstico.
Setores em ascensão
O setor de commodities, especialmente mineração e petróleo, liderou os ganhos no Ibovespa. Além da Vale e da Petrobras, empresas como CSN (CSNA3) e PetroRio (PRIO3) registraram altas expressivas, impulsionadas pela valorização do minério de ferro e do petróleo Brent, que superou os US$ 80 por barril. O setor financeiro, embora com ganhos mais moderados, também contribuiu para o avanço do índice.
No varejo, a confiança do consumidor, estimulada por acordos comerciais e pela perspectiva de maior fluxo de exportações, favoreceu empresas de bens de consumo. A Magazine Luiza, por exemplo, acumula alta de mais de 20% no ano, refletindo a recuperação do setor. Já o setor de saúde, com destaque para a Hapvida, mantém trajetória positiva, apoiada em resultados trimestrais robustos.
- Mineração: Vale e CSN impulsionam o Ibovespa com alta do minério.
- Petróleo: Petrobras e PetroRio ganham com Brent acima de US$ 80.
- Varejo: Magazine Luiza acumula alta de 20% em 2025.
- Saúde: Hapvida avança com balanços sólidos.
Cronograma de resultados
O calendário de balanços segue movimentando o mercado. Após a divulgação dos resultados da Petrobras e de outras grandes empresas na véspera, os investidores aguardam os números de Nubank e JBS, que serão apresentados após o fechamento do pregão. A expectativa é de que ambas as companhias reportem crescimento em receitas, impulsionadas por suas respectivas estratégias de expansão.
Outras empresas, como Itaúsa (ITSA4) e Sabesp (SBSP3), também divulgaram resultados positivos, reforçando a percepção de recuperação econômica em setores-chave. O mercado permanece atento às teleconferências de resultados, que podem trazer novas perspectivas sobre o desempenho corporativo no segundo trimestre de 2025.
- Nubank: Resultados aguardados após o pregão desta terça-feira.
- JBS: Expectativa de crescimento em receitas com exportações.
- Itaúsa: Balanço reforça solidez do setor financeiro.
- Sabesp: Resultados refletem avanços em saneamento.
Fatores globais em jogo
A redução das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, impulsionada pelo acordo preliminar sobre tarifas, criou um ambiente mais favorável para os mercados globais. A decisão do governo americano de postergar tarifas sobre o setor automotivo de México e Canadá também contribuiu para o otimismo. Esses movimentos aliviam pressões inflacionárias e sustentam a recuperação de ativos de risco.
Na Europa, a votação sobre uma reforma fiscal na Alemanha, prevista para esta semana, mantém os investidores atentos. Enquanto isso, as negociações entre Donald Trump e Vladimir Putin sobre a Ucrânia adicionam um elemento de incerteza, embora sem impacto direto nos mercados até o momento. O ouro, que atingiu US$ 3.000 por onça, reflete a busca por ativos seguros em meio a esses desdobramentos.
Cenário doméstico em destaque
No Brasil, o mercado acionário segue beneficiado por um fluxo crescente de capital estrangeiro. Dados da B3 mostram que os investidores internacionais aplicaram mais de R$ 10 bilhões no Ibovespa desde o início de 2025, atraídos pelos valuations atrativos e pela valorização das commodities. A participação de estrangeiros no índice atingiu 45%, o maior nível em dois anos.
A estabilidade política, embora desafiada por debates fiscais, também contribui para a confiança. O governo brasileiro anunciou medidas para conter o déficit público, incluindo a tributação de lucros no exterior, o que pode gerar receitas adicionais de R$ 4,75 bilhões. Essas iniciativas são vistas como um passo para equilibrar as contas públicas sem comprometer o crescimento econômico.
- Capital estrangeiro: Mais de R$ 10 bilhões investidos no Ibovespa em 2025.
- Participação externa: Estrangeiros respondem por 45% do índice.
- Medidas fiscais: Tributação de lucros no exterior pode gerar R$ 4,75 bilhões.
- Estabilidade: Ações do governo visam conter déficit público.