sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Hosmac: o que não te contaram sobre essa possibilidade!

Eliton Muniz - Free Lancer - Cidade AC News

Sem portaria, estudo ou rede pronta, crise se formou na narrativa — não na gestão.

O debate sobre o futuro do Hosmac ganhou força após declarações soltas da Sesacre — o que — feitas em Rio Brancoonde — durante a semana de 12 a 16 de novembro — quando. As falas, atribuídas ao secretário Pedro Pascoal — quem — criaram a percepção de fechamento imediato sem que houvesse portaria, estudo ou rede substituta — como. O caos público, antes de ser técnico, foi consequência direta de um processo mal comunicado — por quê.

O governo nunca fechou o Hosmac, mas deixou parecer que fecharia

A crise envolvendo o Hosmac não nasceu de um documento, e sim de um vazio.
Nenhuma definição formal foi publicada.
Nenhum plano foi mostrado.
Nenhuma rede substituta foi apresentada.

Mesmo assim, o sentimento público foi de encerramento iminente.
É a primeira verdade fora da curva:
o Acre viveu uma crise de percepção, não de portaria.

A Sesacre falou antes de pensar, e o Hosmac virou símbolo de desorganização

O caso do Hosmac expôs um padrão perigoso: declarações que deveriam ser internas acabam moldando políticas públicas na interpretação da sociedade.
A fala vira fato.
O rumor vira verdade.
E o pânico vira manchete.

O estado desmentiu o que nunca assumiu oficialmente.
Mas também não explicou por que a população entendeu o que entendeu.

O caos não nasceu no povo; nasceu dentro da gestão

hosmac acre jornal rio branco sesacre crise
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Aqui está a frase que nenhum veículo publicou:
o caos do Hosmac veio de dentro da própria Sesacre.

O cidadão apenas reagiu.
Servidores apenas se precaveram.
Quem provocou a instabilidade foi quem deveria ter prevenido.

É um caso clássico de comunicação pública mal calibrada: fala solta → pânico → recuo.

A verdade incômoda: a rede não existe pronta

O Hosmac só não fechou por um motivo central:
a rede que substituiria o serviço ainda não existe estruturada.

Sem CAPS fortalecidos,
sem equipes suficientes,
sem fluxo definido,
sem leitos clínicos adequados.

Ou seja: o fechamento nunca foi possível — mas quase ocorreu na narrativa.

Existe nessa história toda algo que nao foi dito, e eu vou explicar.

A adoção do um modelo da Dra. Ana Nery no Acre poderia dar certo porque entrega um cuidado mais humano, de porta aberta, com acolhimento imediato, menos internações longas e uma abordagem multiprofissional que devolve autonomia ao paciente. O atendimento no território aproxima família, reduz o estigma e fortalece vínculos que o modelo hospitalocêntrico não oferece. Com protocolos modernos, acompanhamento contínuo e reinserção social como foco, o modelo tem potencial para elevar a qualidade da saúde mental no estado e alinhar o Acre às melhores práticas nacionais.

Por outro lado, poderia não dar certo porque a realidade operacional do Acre ainda não suporta a mudança. A rede de CAPS não está ampliada, faltam psiquiatras, terapeutas ocupacionais e psicólogos, e muitos bairros e comunidades têm dificuldade de acesso e transporte, especialmente nos ramais. A ausência de programas sólidos de reinserção social, somada à sobrecarga dos CRAS, CREAS e da assistência social, prejudica a sustentação do modelo. Sem equipe suficiente, recursos estáveis e fluxo organizado, o modelo corre o risco de virar apenas discurso — e não prática.

No fim, a síntese é simples e verdadeira:
O modelo da Dra. Ana Nery funciona onde existe rede estruturada, equipe completa e gestão contínua.
No Acre, ele só daria certo se a base estivesse pronta.
Se for implantado antes da hora, não funciona — e pode até piorar o que já é frágil.

A pergunta que ninguém fez: afinal, o que é a BASE?

No Acre, o modelo da Dra. Ana Nery só daria certo se a BASE estivesse pronta.
Mas o que é, exatamente, essa BASE que todos falam e ninguém explica?

A BASE é o conjunto mínimo de condições que permitem substituir um hospital psiquiátrico por um modelo psicossocial moderno, seguro e humanizado. Sem essa fundação, qualquer mudança vira improviso, risco e caos.

E no Acre, essa BASE ainda não existe.
Ela é formada por cinco pilares indispensáveis:

1. Rede substitutiva funcionando de verdade
CAPS I, II, III, CAPSi e CAPS AD com equipes completas, porta aberta e atendimento contínuo.
Não no papel — na prática.

2. Equipe multiprofissional estável
Psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, educadores, enfermeiros especializados e equipe de rua.
Hoje, o déficit é estrutural.

3. Leitos clínicos integrados à rede hospitalar
O modelo não elimina internações — ele reorganiza.
Sem leitos, crises graves sobrecarregam os serviços comunitários.

4. Rede de proteção social articulada
CRAS, CREAS, programas de reinserção, escolas, visitas domiciliares e transporte público funcional.
Sem esse suporte, o paciente volta para o abandono.

5. Protocolos, fluxo e gestão contínua
Fluxos padronizados, prontuário unificado, supervisão técnica e continuidade do cuidado.
Não há modelo que sobreviva à instabilidade administrativa.

6. Cogitou-se a abertura de dois leitos na nova maternidade?

A informação circulou em discussões internas e conversas preliminares da Sesacre, quando se buscava — de forma emergencial — alternativas para absorver pacientes em crise caso o Hosmac viesse a reduzir atividades.
A ideia ventilada foi:

👉 abrir dois leitos psiquiátricos de retaguarda dentro da nova Maternidade Bárbara Heliodora.

Mas é fundamental deixar claro:

  • nunca houve portaria,

  • nunca houve ato administrativo,

  • não há projeto estruturado,

  • não há equipe designada,

  • e a maternidade não tem perfil para esse tipo de atendimento.

Ou seja:

foi cogitado, sim — mas nunca oficializado.
E tecnicamente, seria inadequado e inviável.

7. A pergunta que ninguém respondeu: o que aconteceria com os funcionários?

Segundo a Lei Complementar nº 39/1993, que regulamenta o Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Acre, nenhum servidor efetivo pode perder salário-base ou vantagens permanentes, mesmo que o HOSMAC fosse fechado; eles seriam realocados para atividades compatíveis na rede. No entanto, gratificações específicas do HOSMAC poderiam ser extintas, já que dependem da existência da função. Para temporários e terceirizados, o risco é maior, pois a lei não garante estabilidade e o desligamento pode ocorrer caso a unidade deixe de existir.


Em uma frase que resume tudo:

A BASE significa ter CAPS fortes, equipe completa, leitos adequados, rede social ativa e gestão estável. Sem isso, o modelo não se sustenta. Com isso, funciona.


O que se sabe até agora

  • O Hosmac não tem data de fechamento.

  • A rede alternativa não foi apresentada.

  • A confusão nasceu de falas truncadas.

  • O MPAC condiciona qualquer mudança a critérios técnicos.

  • O caos foi causado internamente, não externamente.

  • A população reagiu ao que foi dito — e ao que não foi dito.


Leia Mais — Links internos

Externo: Política Nacional de Saúde Mental — gov.br


FAQ Otimizado

O Hosmac ia fechar?
Não oficialmente. Mas a narrativa criou essa percepção.

Por que a crise surgiu?
Porque houve fala sem estudo, e silêncio onde deveria haver explicação.

O atendimento muda?
Não por enquanto. A rede não está pronta.

Quem causou o caos?
A própria comunicação interna.


Conclusão 

O caso do Hosmac mostrou que, no Acre, uma frase solta pode gerar mais impacto que um decreto.
Política pública não pode ser conduzida no improviso.

👉 Compartilhe esta análise — informação clara ainda é a melhor ferramenta contra o caos.


Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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