sexta-feira, 5 dezembro, 2025
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Covid-19: OMS cita aumento de casos e queda alarmante na vacinação

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A diretora técnica para Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, disse nesta terça-feira (6) que a covid-19 segue “bastante presente entre nós” e que o vírus circula atualmente em todos os países. Segundo ela, dados de sistemas de vigilância em 84 países apontam para um aumento substancial na detecção de testes positivos para a doença.

De forma geral, os números mostram uma ampliação de 10% na taxa de testes positivos para covid, mas o índice varia de região para região. Na Europa, por exemplo, o aumento foi de 20%. Além disso, o monitoramento de águas residuais feito pela OMS sugere que a circulação do vírus pode ser entre duas e 20 vezes maior do que o relatado atualmente. “Isso é importante porque o vírus continua a evoluir, o que nos coloca em risco de mutações mais perigosas”.

Durante coletiva de imprensa em Genebra, Maria citou elevação no número de internações e de mortes por covid em diversos países e destacou que um cenário de circulação elevada do vírus nessa época do ano não era esperado, já que os vírus respiratórios tendem a circular mais fortemente durante o inverno no Hemisfério Norte. “Ao longo dos últimos meses, independentemente da estação, diversos países reportaram aumento de casos de covid-19”.

Compartilhamento de dados

A diretora da OMS alertou que, de um total de 234 Estados-membros, apenas 34 reportaram dados sobre hospitalização por covid; 24 reportaram dados sobre internações em unidades de terapia intensiva (UTI) por covid; e 70 reportaram dados sobre mortes provocadas pelo vírus. “Estamos cegos no que diz respeito aos impactos da covid”, disse, ao destacar que a entidade depende dos números para estabelecer, por exemplo, o nível de risco para a doença.

Queda na vacinação

Maria também demonstrou preocupação em relação ao que chamou de “queda alarmante” das taxas de vacinação contra a covid-19 em todo o mundo – sobretudo entre profissionais de saúde e pessoas com mais de 60 anos, dois grupos considerados de risco para a doença. “Esse cenário precisa ser remediado com urgência”, disse, ao cobrar de governos que ampliem a vigilância e invistam na aquisição de vacinas.

Uma dose a cada 12 meses

Por fim, a diretora da OMS recomendou que sejam tomadas medidas individuais para reduzir o risco de infecção e de agravamento do quadro, incluindo ter tomado uma dose da vacina contra a covid ao longo dos últimos 12 meses – sobretudo entre pessoas que pertencem a grupos de risco. Maria lembrou que bilhões de doses contra a doença foram administradas com segurança em todo o mundo desde 2021, prevenindo milhões de casos graves e mortes.

“O que se tornou crítico agora é: quando foi a sua última dose? Se você tem alguma comorbidade, precisa ser vacinado, pelo menos, a cada 12 meses”, reforçou, ao citar que a falsa percepção de que o vírus foi embora comprometeu seriamente as taxas de cobertura vacinal pelo mundo. “O vírus está aqui para ficar. Mas o impacto futuro da covid-19 depende de nós”, concluiu.

Efeitos das mudanças climáticas podem agravar fome, revela estudo

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O último relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo, elaborado por cinco agências especializadas das Nações Unidas, apontou que, em 2023, 2,33 bilhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave e que 733 milhões passaram fome no mundo.

O estudo sinaliza que a insegurança alimentar e a má nutrição estão piorando devido a uma combinação de fatores, que incluem a inflação dos preços dos alimentos, desacelerações econômicas, desigualdade, dietas saudáveis inacessíveis e mudanças climáticas.

Só no Brasil, segundo o Atlas Global de Política de Doação de Alimentos, 61,3 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar, o que representa quase um quarto da população.

“O que vimos é que, entre 2019 e 2020, houve um grande aumento na fome e na insegurança alimentar em todo o mundo. Pensávamos que, à medida que a pandemia de Covid-19 terminasse, esses números diminuiriam. Mas o que realmente aconteceu é que, nos últimos três anos, eles permaneceram persistentemente elevados. Tivemos a guerra na Ucrânia, mudanças climáticas e uma superinflação. E tudo isso significa que há milhões e milhões de pessoas que ainda lutam para ter acesso a alimentos suficientes”, disse Lisa Moon, CEO [diretora-executiva] da The Global FoodBanking Network.

Lisa deu entrevista para a Agência Brasil durante o seminário internacional Sistemas Alimentares: Oportunidades para Combater a Fome e o Desperdício no Brasil, realizado hoje (6) pelo Sesc e pelo The Global FoodBanking Network (GFN), uma entidade internacional que trabalha com organizações locais para apoiar bancos de alimentos em mais de 50 países. O evento foi realizado no Sesc Belenzinho, em São Paulo.

“Esse seminário traz a abertura das comemorações dos 30 anos do programa Sesc Mesa Brasil e também traz à tona toda essa discussão das mudanças climáticas, desperdícios, vulnerabilidade e fome. É importante a gente estar sempre debatendo esse cenário e buscando novos caminhos para mitigar os efeitos tão severos que a gente encontra, com tantas pessoas em situação de insegurança alimentar”, disse Cláudia Roseno, gerente de assistência do Departamento Nacional do Sesc.

Um dos temas das discussões promovidas pelo seminário engloba os efeitos da crise climática sobre a fome e a insegurança alimentar no mundo.

“As mudanças climáticas impactam no circuito de produção e de distribuição [dos alimentos]. Um exemplo muito emblemático e recente é a tragédia no Rio Grande do Sul”, disse Cláudia. No Sul, lembrou ela, as enchentes atingiram toda a produção de agricultura familiar e de subsistência e também a produção de arroz, o que afetou o abastecimento em todo o país.

Questionada sobre esses impactos, Lisa destacou que as comunidades que mais têm sofrido com as mudanças climáticas são também as mais afetadas pela fome. “Vemos taxas mais elevadas de fome crônica e taxas mais elevadas de insegurança alimentar em comunidades que estão sofrendo os impactos das alterações climáticas. Ao mesmo tempo, o nosso sistema alimentar está produzindo alimentos mais do que suficientes para que todos tenham o suficiente, mas estamos descartando cerca de um terço de todos os alimentos produzidos a nível mundial, aumentando as emissões de gases de efeito de estufa”, observou. “Com o desperdício de alimentos, estamos agravando o problema das mudanças climáticas”, acrescentou.

No caso específico do Brasil, destacou Carlos Portugal Gouvêa, professor de Direito na Universidade de São Paulo (USP) e professor visitante na Harvard Law School, essa questão do desperdício de alimentos está relacionada também à pecuária. “Se a gente for olhar, o Brasil está entre os maiores produtores de carne do mundo. Temos as maiores companhias produtoras de proteína do mundo, mas a gente também tem um nível muito elevado de desperdício de animais e de desperdício de carne no mundo. E qual é a questão com a sustentabilidade? Se formos olhar quem é o maior poluidor brasileiro, quem mais contribui de uma forma negativa para a emissão de gases, que tem impacto no aquecimento global, é a indústria de carne. A gente consegue perceber que existe uma direta conexão entre o desperdício e a indústria”, afirmou ele, durante o seminário. “O desperdício, muitas vezes, está ligado a um sistema econômico no qual você precisa dar vazão a uma produção, a um certo nível de produção”, salientou.

Soluções

As respostas para enfrentar a fome e os impactos das mudanças climáticas sobre a insegurança alimentar não são fáceis, nem imediatas. Mas são urgentes.

Exigem também esforço coletivo e “muita discussão”, destacou Cláudia Roseno. “É preciso colocar à mesa pesquisadores, governos, sociedade civil e iniciativas como o Sesc Mesa Brasil para discutir esse problema. Precisamos encontrar outros caminhos para reduzir os efeitos das mudanças climáticas, do desperdício e também da vulnerabilidade e da fome no Brasil”, disse ela.

Em muitos países, 733 milhões passaram fome em 2023, revela estudo. – Marcello Casal/Agência Brasil

Para Lisa Moon, a redução da fome passa, por exemplo, pelo apoio aos bancos de alimentos. “Para as pessoas que estão na pobreza, se não tiverem dinheiro suficiente para sobreviver, a comida é muitas vezes a última coisa que comprarão. Elas terão que comprar suas moradias, remédios e outras coisas. E isso significa que a fome é muito, muito prevalente, mesmo entre as pessoas que têm emprego. E a função dos bancos alimentares é ajudar a fornecer esse apoio às pessoas necessitadas. E eles não só fornecem alimentos para satisfazer as necessidades básicas, como também fornecem nutrição vital”, sustentou.

Lisa destaca outras ações importantes para reduzir a fome e a insegurança alimentar no mundo, principalmente relacionadas às doações para os bancos alimentares. A primeira delas, afirmou, diz respeito à proteção de responsabilidade. “Se as empresas e os produtores de alimentos doarem de boa-fé deverão ter a certeza de que não terão qualquer tipo de problemas jurídicos”, opinou.

Outros pontos que Lisa ressaltou como importantes são os incentivos fiscais, a rotulagem e os investimentos no terceiro setor.

“Em muitos lugares é mais caro doar alimentos do que jogá-los fora. Com incentivos fiscais podemos ajudar a incentivar as empresas a conseguirem, pelo menos, aliviar alguns dos seus custos quando fazem essa doação. Outra coisa é a rotulagem de validade [dos alimentos]. A rotulagem de validade é muito confusa e causa confusão sobre se esses rótulos de qualidade ou de segurança alimentar. Adotar uma rotulagem realmente focada na segurança alimentar pode ser muito útil para a doação. A última coisa é pensar realmente em como investir no terceiro setor que vai recuperar esse excedente alimentar. Descobrimos que, com pequenos investimentos em subsídios para infraestruturas, podemos realmente aumentar a capacidade dos bancos alimentares para receber mais produtos excedentes e redistribuí-los às pessoas necessitadas”, frisou Lisa.

Para o professor Carlos Portugal Gouvêa, da USP e da Harvard Law School, a questão da fome precisa ser enfrentada não só com políticas públicas eficientes, mas também com assistência social. Ele lembra que não adianta ter uma boa política pública, se ela não chega a quem mais necessita. “Você precisa ter pessoas que vão onde a pobreza está. A gente precisa ter pessoas que descobrem o problema daquelas famílias especificamente e aí usam o aparato estatal para dar uma resposta especificamente para aquela família”, observou.

“Se o Brasil é um país desigual e você faz uma política pública que, no fim, está atendendo uma classe média, você, eventualmente, está perpetuando essa desigualdade”, disse Carlos. “Os desafios, no caso da sociedade brasileira, são efetivamente imensos. Mas como eu digo para os meus alunos, se a gente conseguir resolver esses problemas no Brasil, a gente cria exemplos para o mundo”, argumentou.

Mesa Brasil

Para celebrar os 30 anos do programa Sesc Mesa Brasil, maior rede privada de bancos de alimentos da América Latina, o Sesc, em São Paulo, está promovendo uma programação especial, que foi chamada de Festival Sesc Mesa Brasil.

Nos dias 10 e 11 de agosto, as unidades da capital, litoral e interior paulista terão mais de 80 apresentações artísticas gratuitas, além de abrir seus espaços para receber doações de alimentos não perecíveis. Os itens arrecadados serão doados a instituições sociais. Mais informações sobre a programação podem ser obtidas no site.

Ex-prefeito Nilson Areal é internado às pressas após sofrer aneurisma pleural

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O ex-prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, foi internado às pressas no Hospital de Sena Madureira após sentir-se mal no início desta semana. Areal foi diagnosticado com um aneurisma pleural,…

Ato desumano: Servidores do Samu em Rio Branco recebem refeições contaminadas e temem perseguição

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Representantes da Segurança Pública do Acre são escolhidos para compor Comitê Estratégico Estadual do Plano Amazônia: Segurança e Soberania

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública designou nesta terça-feira, 6, para compor o Comitê Estratégico Estadual do Plano Amazônia: Segurança e Soberania – Plano Amas, o secretário adjunto de Segurança Pública do Estado do Acre, coronel Evandro Bezerra da Silva, o presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Acre, Marcos Frank Costa e Silva e a diretora de Gestão Administrativa e Financeira, Marilda Moreira Brasileiro Rios. Os nomes foram indicados pelo secretário de segurança pública do Acre, coronel José Américo Gaia ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

“O plano Amas é muito importante para o nosso Estado, é por meio dele que são desenvolvidas ações de segurança pública levando em consideração as necessidades e as especificidades dos Estados que compõem a Amazônia Legal com o objetivo de reduzir de crimes ambientais e conexos. Por isso é tão importante termos representantes que atuem de maneira assertiva”, disse o secretário José Américo Gaia.

Representantes do Acre são escolhidos para compor comitê do Plano Amas. Foto: Ascom/Sejusp

O governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), participou de uma reunião técnica na Sede do Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília visando a efetivação para o estado do Acre de projetos estratégicos do governo federal, com proposições de programas operacionais. Serão investidos R$ 318 milhões para todo o Brasil, orçamento advindo de contrato do BNDES. Nesta primeira fase, o recurso previsto do Amas a ser destinado para o Acre é de R$ 45. 534.219,70.

Programa visa combater os diferentes crimes que acontecem na Amazônia Legal, destaca o coronel Evandro Bezerra. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

O secretário adjunto de Justiça e Segurança Pública, coronel Evandro Bezerra, reforça que o programa visa combater os diferentes crimes que acontecem na Amazônia Legal. “Compor o plano Amas será de grande importância para que nosso trabalho na segurança pública do Estado seja cada vez melhor”, disse.

O Plano Amas, foi instituído em julho de 2023, por meio do decreto presidencial nº 11.614, de 21 de julho. O delegado Marcos Frank fala sobre a importância do programa para o Acre. “O programa Amas é importante para a Amazônia e em especial para o estado do Acre. Nos sentimos honrados pela designação feita pelo ministro para composição do comitê estadual. A missão exige dedicação e vamos potencializar ainda mais a segurança e soberania a que se destina o plano”, disse.

Marcos Frank, destaca que programa Amas é importante para a Amazônia e em especial para o estado do Acre. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

A diretora de Gestão Administrativa e Financeira, Marilda Moreira Brasileiro Rios, destaca que o foco será direcionado à prevenção, repressão e atuação estratégica em segurança pública, de forma organizada e coordenada em todas as frentes de atuação. “Compor o Amas é um grande desafio e honra, recebemos com muita responsabilidade essa missão. É muito importante que estejamos juntos a todos os estados que compõem a Amazônia Legal, para que possamos desenvolver ações de segurança dentro da realidade de cada local”, concluiu.

Diretora Marilda Rios destaca que o foco será direcionado à prevenção, repressão e atuação estratégica em segurança pública. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

Perfil dos profissionais

Evandro Bezerra da Sila é coronel R1 da Polícia Militar do Estado do Acre, pós-graduado em Administração e Gestão Pública pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC, pós-graduado em Segurança Pública e Complexidade pela Universidade Federal do Acre – UFAC, graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Acre – UFAC. Formado em Operações Especiais no 8° Curso de Operações Policias Especiais – COPE no BOPE/PMPE; Atuou no Corpo de Bombeiros Militar do Acre – CBMAC; Batalhão de Operações Especiais – BOPE/PMAC; no comando do 2º e 6º Batalhões de Polícia Militar; Coordenador-Geral do Grupo Especial de Operações em Fronteira do Acre – Gefron/AC e atualmente exerce o cargo de secretário ajunto de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre.

Marcos Frank é bacharel em Direito pela Ufac em 2009, tem pós-graduação em Medicina Legal e Psicologia Forense, Ciências Forenses e Perícia Criminal, ambos pela Unyleya, e Ciências Penais pela Anhanguera. Fez curso de Multiplicador em Unidades Especializadas de Fronteiras em 2019 e concluiu a 13ª Instrução de Nivelamento de Conhecimento, Polícia Judiciária, da Força Nacional em 2022.

Marilda Moreira Brasileiro Rios é Graduada em Administração de Cooperativas e Pós Graduada em Administração Pública. Consultora certificada pela GigaMedia em Captação de Recursos de Bancos Públicos, Privados e de Agências de Desenvolvimento. Consultora em Elaboração de Projetos e Mobilização de Recursos voltados para a Gestão Pública e para Instituições do Terceiro Setor. Atuou no governo do Estado do Acre na Coordenação de Projetos Estratégicos voltados para geração de oportunidades de trabalho e renda; Assessora Técnica em Projetos Especiais por seis anos, e nove anos com Comunidades e Políticas Públicas Florestais (Organizações Sociais, Certificação Florestal em Cadeia de Custódia e Grupo, Residência Florestal). Consultora do Sebrae/AC em temas ligados à Gestão Administrativa Comercial e Financeira, Elaboração de Planos de Negócios e Estudos de Viabilidade Econômica, Cooperativismo e Artesanato. Consultora de diversas associações e cooperativas (lácteas e florestais), no assessoramento à elaboração e execução de projetos de desenvolvimento socioeconômico e profissionalização dos respectivos conselhos diretivos, e prestações de contas a investidores.

Representantes da Segurança Pública do Acre são escolhidos para compor Comitê Estratégico Estadual do Plano Amazônia: Segurança e Soberania

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública designou nesta terça-feira, 6, para compor o Comitê Estratégico Estadual do Plano Amazônia: Segurança e Soberania – Plano Amas, o secretário adjunto de Segurança Pública do Estado do Acre, coronel Evandro Bezerra da Silva, o presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Acre, Marcos Frank Costa e Silva e a diretora de Gestão Administrativa e Financeira, Marilda Moreira Brasileiro Rios. Os nomes foram indicados pelo secretário de segurança pública do Acre, coronel José Américo Gaia ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

“O plano Amas é muito importante para o nosso Estado, é por meio dele que são desenvolvidas ações de segurança pública levando em consideração as necessidades e as especificidades dos Estados que compõem a Amazônia Legal com o objetivo de reduzir de crimes ambientais e conexos. Por isso é tão importante termos representantes que atuem de maneira assertiva”, disse o secretário José Américo Gaia.

Representantes do Acre são escolhidos para compor comitê do Plano Amas. Foto: Ascom/Sejusp

O governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), participou de uma reunião técnica na Sede do Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJSP), em Brasília visando a efetivação para o estado do Acre de projetos estratégicos do governo federal, com proposições de programas operacionais. Serão investidos R$ 318 milhões para todo o Brasil, orçamento advindo de contrato do BNDES. Nesta primeira fase, o recurso previsto do Amas a ser destinado para o Acre é de R$ 45. 534.219,70.

Programa visa combater os diferentes crimes que acontecem na Amazônia Legal, destaca o coronel Evandro Bezerra. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

O secretário adjunto de Justiça e Segurança Pública, coronel Evandro Bezerra, reforça que o programa visa combater os diferentes crimes que acontecem na Amazônia Legal. “Compor o plano Amas será de grande importância para que nosso trabalho na segurança pública do Estado seja cada vez melhor”, disse.

O Plano Amas, foi instituído em julho de 2023, por meio do decreto presidencial nº 11.614, de 21 de julho. O delegado Marcos Frank fala sobre a importância do programa para o Acre. “O programa Amas é importante para a Amazônia e em especial para o estado do Acre. Nos sentimos honrados pela designação feita pelo ministro para composição do comitê estadual. A missão exige dedicação e vamos potencializar ainda mais a segurança e soberania a que se destina o plano”, disse.

Marcos Frank, destaca que programa Amas é importante para a Amazônia e em especial para o estado do Acre. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

A diretora de Gestão Administrativa e Financeira, Marilda Moreira Brasileiro Rios, destaca que o foco será direcionado à prevenção, repressão e atuação estratégica em segurança pública, de forma organizada e coordenada em todas as frentes de atuação. “Compor o Amas é um grande desafio e honra, recebemos com muita responsabilidade essa missão. É muito importante que estejamos juntos a todos os estados que compõem a Amazônia Legal, para que possamos desenvolver ações de segurança dentro da realidade de cada local”, concluiu.

Diretora Marilda Rios destaca que o foco será direcionado à prevenção, repressão e atuação estratégica em segurança pública. Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

Perfil dos profissionais

Evandro Bezerra da Sila é coronel R1 da Polícia Militar do Estado do Acre, pós-graduado em Administração e Gestão Pública pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC, pós-graduado em Segurança Pública e Complexidade pela Universidade Federal do Acre – UFAC, graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Acre – UFAC. Formado em Operações Especiais no 8° Curso de Operações Policias Especiais – COPE no BOPE/PMPE; Atuou no Corpo de Bombeiros Militar do Acre – CBMAC; Batalhão de Operações Especiais – BOPE/PMAC; no comando do 2º e 6º Batalhões de Polícia Militar; Coordenador-Geral do Grupo Especial de Operações em Fronteira do Acre – Gefron/AC e atualmente exerce o cargo de secretário ajunto de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre.

Marcos Frank é bacharel em Direito pela Ufac em 2009, tem pós-graduação em Medicina Legal e Psicologia Forense, Ciências Forenses e Perícia Criminal, ambos pela Unyleya, e Ciências Penais pela Anhanguera. Fez curso de Multiplicador em Unidades Especializadas de Fronteiras em 2019 e concluiu a 13ª Instrução de Nivelamento de Conhecimento, Polícia Judiciária, da Força Nacional em 2022.

Marilda Moreira Brasileiro Rios é Graduada em Administração de Cooperativas e Pós Graduada em Administração Pública. Consultora certificada pela GigaMedia em Captação de Recursos de Bancos Públicos, Privados e de Agências de Desenvolvimento. Consultora em Elaboração de Projetos e Mobilização de Recursos voltados para a Gestão Pública e para Instituições do Terceiro Setor. Atuou no governo do Estado do Acre na Coordenação de Projetos Estratégicos voltados para geração de oportunidades de trabalho e renda; Assessora Técnica em Projetos Especiais por seis anos, e nove anos com Comunidades e Políticas Públicas Florestais (Organizações Sociais, Certificação Florestal em Cadeia de Custódia e Grupo, Residência Florestal). Consultora do Sebrae/AC em temas ligados à Gestão Administrativa Comercial e Financeira, Elaboração de Planos de Negócios e Estudos de Viabilidade Econômica, Cooperativismo e Artesanato. Consultora de diversas associações e cooperativas (lácteas e florestais), no assessoramento à elaboração e execução de projetos de desenvolvimento socioeconômico e profissionalização dos respectivos conselhos diretivos, e prestações de contas a investidores.

Prio: lucro líquido soma US$ 272 milhões no 2º trimestre

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A Prio (PRIO3) reportou lucro líquido de US$ 272 milhões no segundo trimestre de 2024, um aumento de 48% quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou US$ 584,78 milhões entre abril e junho deste ano, uma alta de 76% na base anual. Já o Ebitda ajustado, que desconsidera os efeitos não recorrentes, subiu 64% no segundo trimestre em comparação ao mesmo intervalo do ano passado, para US$ 546,08 milhões. A margem Ebtida ajustada, por sua vez, subiu 4 pontos porcentuais (p.p.), alcançando 78%.

A receita líquida foi de US$ 727,56 milhões no trimestre, valor 37% superior a igual período de 2023, reflexo do aumento de 19% das vendas da companhia, assim como do petróleo tipo Brent, que apresentou alta anual de 9%. Ainda segundo a Prio, em release de resultados, o campo de Frade foi responsável por 47% da receita total, enquanto Albacora Leste contribuiu com 35% e o cluster Polvo e TBMT com 18%.

No encerramento de junho, a dívida líquida da petrolífera era de US$ 740 milhões, resultado menor em US$ 235 milhões quando comparado ao primeiro trimestre deste ano. A alavancagem, medida pela dívida líquida por Ebitda ajustado, encerrou o período em 0,4 vez, 0,2 p.p. menor que no trimestre imediatamente anterior, quando ficou em 0,6 vez.

Operacional

A produção total da Prio entre abril de junho foi de 89.886 mil barris de óleo equivalente por dia (boepd), queda de 1,3% ante o mesmo trimestre de 2023. Do total, a maior produção foi no Campo de Frade, onde a companhia possui 100%, com 47.222 mil boepd, recuo de 7,1% na mesma base de comparação.

O custo de produção, conhecido como lifting cost, encerrou junho em US$ 7,6 por barril, uma alta de 3,4% quando comparado ao mesmo intervalo do ano anterior.

No segundo trimestre, a Prio vendeu 8,5 milhões de barris, sendo 4,027 milhões de Frade, 2,948 milhões de Albacora Leste, além de 1,575 milhão do cluster Polvo e Tubarão Martelo. O preço médio do Brent de referência no período foi de US$ 85,03, 9,4% acima do registrado um ano antes.

Projeto dá isenção de IR sobre premiação para medalhistas olímpicos

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Na reta final das Olimpíadas de Paris, o senador senador Nelsinho Trad (PSD-MS) apresentou um projeto de lei que prevê, para os atletas brasileiros medalhistas olímpicos, isenção de Imposto de Renda sobre os valores recebidos como premiação.

O projeto (PL 3.047/2024) altera o artigo 6º da Lei 7.713, de 1988, para criar essa isenção fiscal. De acordo com a proposta, os valores pagos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), pelo governo federal ou por qualquer de seus órgãos aos atletas brasileiros medalhistas em Jogos Olímpicos serão isentos do Imposto de Renda.

Nelsinho argumenta que a isenção seria uma forma de reconhecer e valorizar o esforço desses atletas, além de motivá-los a buscar a excelência em suas modalidades. Também seria, acrescenta ele, uma forma de atrair jovens talentos e estimular maior participação em competições de alto nível.

“Atletas que conquistam medalhas em Jogos Olímpicos realizam um esforço excepcional ao longo de anos de treinamento intensivo e dedicação. A conquista de uma medalha olímpica é um reflexo não apenas do talento, mas também da perseverança e do compromisso com o esporte. A isenção do Imposto de Renda sobre as premiações se configura como uma forma de reconhecimento e valorização desse esforço singular”, afirma ele.

O senador destaca que sua proposta está alinhada com práticas comuns em diversos países, “onde há reconhecimento fiscal para conquistas esportivas significativas”. Ele ressalta que muitos atletas enfrentam altos custos pessoais relacionados ao treinamento e à preparação.

Nelsinho também lembra que o sucesso em eventos internacionais como os Jogos Olímpicos promove a imagem do Brasil no cenário global. Por isso, argumente ele, ao apoiar e valorizar os atletas, o governo reforça seu compromisso com o esporte e com a promoção da imagem do país.

Vinícius Gonçalves, sob supervisão de Patrícia Oliveira

Sena Madureira conquista o Campeonato Estadual de Futsal Sub-17 com vitória em todos os jogos

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O time sub-17 de Sena Madureira sagrou-se campeão estadual ao vencer três jogos decisivos no Ginásio Álvaro Dantas, em Rio Branco, na tarde desta terça-feira (6). A equipe mostrou um…

Festival Katxá Nawá Hô Hô Ika fortalece tradições e intercâmbio de culturas na Aldeia Boa União, em Feijó

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Descendo alguns quilômetros pelas águas do rio Envira, a partir de Feijó, na margem esquerda, algumas embarcações de madeira indicam que há grupos de visitantes chegando para o Festival Katxá Nawá Hô Hô Ika, do povo Huni Kuî, na Aldeia Boa União. Antes de ancorar, praias de areia branca, barrancos e galhos de árvores revelam que o Envira está mais seco que o costume neste verão amazônico. Mas isto não foi impedimento para a chegada de grupos que somaram entre 500 e mil pessoas, segundo estimativa das lideranças locais, no festival que aconteceu neste último final de semana.

“Os jovens fazem a festa acontecer”, conta o cacique Josimar Matos Kupi Huni Kuî sobre o fortalecimento da cultura do povo, durante a décima edição do Festival Katxá Nawá Hô Hô Ika. A festividade que entrou em janeiro, pela primeira vez, no calendário oficial de eventos do Estado, tem um significado único para os Huni Kuî da Aldeia Boa União. O evento recebeu apoio do governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete) e Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) para sua realização.

Festival Katxá Nawá Hô Hô Ika compôs, pela primeira vez, o calendário de eventos oficiais do Estado. Foto: Karolini Oliveira/Sete

“No cenário geral, o festival é o chamamento do espírito dos legumes, para fortalecer a agricultura familiar dentro da própria aldeia. E não deixa de ser uma forma de concentrar todo o povo, onde você vai ver seu amigo, seu parente, ter uma relação de intercâmbio”, apontou um dos líderes locais, Décio Biná Huni Kuî.

Festival celebra o chamamento de espírito para fortalecer a agricultura familiar. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Para quem chega, o portal de entrada da festa com palhas ainda verdes mostra o cuidado de quem pensou em cada detalhe. Atravessando o pórtico, o caminho de terra em meio à grama verde leva ao terreirão, no centro da aldeia, onde os principais pontos da programação do festival acontecem, dia, noite e madrugada à dentro até o próximo nascer do sol.

Festividades e cerimônias de ayahuasca acontecem até o raiar do sol. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Na chegada, cada visitante recebe o entrelaçamento de braços de dois membros da comunidade, levando-o ao centro, onde a dança tradicional acontece embalada pelo entoamento de Hô Hô, a canção dos músicos que comandam a festa. Os brincantes vão dançando ao redor da canoa e montagem de frutas e palhas de bananeira no centro da aldeia, até que os entrelaçados começam a oferecer banana prata e da terra aos visitantes, seguido da famosa matxú – ou caiçuma, bebida fermentada da macaxeira. E segue o baile.

Comunidade celebra com danças tradicionais noite à dentro, na Aldeia Boa União, em Feijó. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Das celebrações que acontecem para cada novo grupo que chega, o cacique Josimar Matos Kupi Huni Kuî destaca a importância de fortalecer os costumes e tradições: “Na época do meu pai, não tinha a aldeia da forma que a gente vive hoje. Agora, através de pesquisa, nós temos livros construídos, da música, dos kenês, [como estudos] do professor Joaquim Maná. E as escolas estão dando incentivo para que as cantorias e as histórias não sejam extintas”.

Cacique Josimar Matos Kupi Huni Kuî destaca a importância de fortalecer os costumes e tradições do povo. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Perguntado sobre como os anciãos contribuem para o fortalecimento das tradições, o cacique revela: “Aqui fazemos o contrário: ao invés de os velhos fazerem, são os jovens que fazem a festa acontecer”, pontua.

No centro da aldeia, o Katxá – a canoa onde foram colocados alimentos, tem uma representatividade única para o povo que compartilha diversas tradições e brincadeiras. “E aí tem várias competições de jogos tradicionais, do arco e flecha, da lança, do artesanato”, conta Décio Huni Kuî. Entre elas, também estão a do mamão e da macaxeira.

Brincadeira tradicional da macaxeira em que as mulheres precisam arrancar as macaxeiras (homens) da terra. FotoFoto: Karolini Oliveira/Sete

Na brincadeira da macaxeira, as mulheres precisam arrancar as macaxeiras (homens) plantadas na terra. Na do mamão, homens e mulheres disputam qual grupo está no comando com a posse do fruto, enquanto o outro tenta tomá-lo.

Brincadeira do mamão disputa qual grupo está no comando com a posse do fruto, enquanto o outro tenta tomá-lo. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Nesta edição do festival, o governo do Acre, por meio da Sete e Secom, apoiou o evento com artes gráficas, impressão de banner e camisetas, além de divulgação e envio da representante da Sete, Adalgisa Bandeira e dos jornalistas Carlos Minuano e Ana Paula Nogueira, de São Paulo, para cobertura e conhecimento da cultura e medicinas tradicionais da comunidade, com foco principal na ayahuasca.

“A inclusão dos festivais indígenas no calendário oficial do Estado e o apoio do governo, por meio da Sete, vem exatamente com esse propósito de fortalecer as festividades tradicionais que já acontecem. No que pudermos ajudar, a Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo vai contribuir”, destacou o titular da Sete, Marcelo Messias.

Pela primeira vez no calendário oficial de eventos do Estado, o Festival Katxá Nawá Hô Hô IKA recebeu apoio do governo, por meio da Sete e Secom, para sua realização com materiais gráficos e divulgação. Foto: Karolini Oliveira/Sete

“Eu estou me sentindo ótimo, agora ainda mais incorporado na força indígena Huni Kuî”, relata Carlos Minuano durante experiência com as pinturas tradicionais. O jornalista estuda a ayahuasca há mais de duas décadas, desde quando teve a primeira experiência com o chá há 25 anos. Desde então, tem como missão escrever sobre o tema desmistificando tabus.

Minuano escreve sobre o tema há mais de dez anos no portal UOL e em outras publicações nacionais e estrangeiras e é autor do blog Psicodelicamente da revista CartaCapital, que recentemente publicou uma reportagem sobre os festivais indígenas do Acre.

Fotógrafa Ana Paula Nogueira e jornalista Carlos Minuano participaram das festividades na Aldeia Boa União. Foto: Karolini Oliveira/Sete

“A ayahuasca, para nós, é uma internet viva, porque através da internet você pesquisa tudo o que você quiser e a ayahuasca ensina o que você pretende aprender”, explica o cacique Josimar Kupi.

Na Aldeia Boa União há pajés especialistas para cada tradição. Na foto acima, representação do pajé que retorna objetos perdidos. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Nascida em Rio Branco, Samira Silva conta que os avós são da etnia Huni Kuî. Para manter a proximidade com a família, a jovem faz questão de visitar os parentes sempre que pode na aldeia Paroá, além de apreciar as festividades e aprender mais da cultura, como as pinturas. “Eu sou de Rio Branco, mas tenho parente na última aldeia e sempre a gente vem visitar aqui”, disse.

À esquerda, Txaná Shã Kuan retrata as voltas da dança indígena nos braços de Samira Silva. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Ao lado de Samira, a pajé da medicina Aldenira Lima – Txaná Shã Kuan, na língua indígena – costuma fazer as curas e rezas, mas naquele momento, o seu trabalho principal era fazer os traços das voltas da dança indígena nos braços de Samira, revelando uma tradição passada de geração em geração: “A minha mãe fazia também. Eu aprendi com ela”, lembrou.

Amiga de Parã (filha do cacique Josimar Kupi), a carioca Luana Medeiros também foi uma das visitantes do festival Katxá Nawá Hô Hô Iká. Ela explica que participa e estuda trabalhos com a ayahuasca na cidade de Alto Paraíso, em Goiás, e que está no Acre desenvolvendo projetos de audiovisual, fotografia e estudo das medicinas da floresta.

Luana Medeiros participou do Festival Katxá Nawá Hô Hô Ika à convite de amiga da comunidade. Foto: Karolini Oliveira/Sete

“Nesses últimos quatro anos tenho trabalhado bastante com os povos daqui das etnias Huni Kui, Shanenawa e Yawanawá. Ano passado eu vim a primeira vez aqui para o Acre, fiquei dois meses com o povo Yawanawá, fiz dieta com eles e estudo um pouco maior das medicinas e aí estou retornando este ano. Semana passada eu vim conhecer a aldeia, fiquei hospedada na casa da família da Parã e ajudei um pouquinho nos preparativos do festival. E eles me convidaram para estar aqui junto, no festejo. Nesse meio tempo fui para outras aldeias, e retornei hoje para estar aqui celebrando”, explicou.

As medicinas da floresta foram essenciais para Vicente Alves Ferreira tomar a decisão de vir morar no Acre, há cinco anos. Natural de Riberão Preto, no interior de São Paulo, Vicente teve uma experiência profunda com a ayahuasca. A intenção era ajudar uma pessoa importante para ele e que estava precisando de ajuda. “Eu tomei pensando [em ajudar outra pessoa] e o recado foi para mim. Tomei a medicina […] e depois que passou tudo aquilo [as mirações e sensações], você vê que se aquilo ali não curasse, nada mais ia curar, e realmente curou”, relatou.

Vicente Alves e a amiga Luana Medeiros na Aldeia Boa União, em Feijó. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Depois da experiência inicial, Vicente procurou outras orientações para o uso da medicina da ayahuasca, até chegar um momento decisivo nos rumos da sua vida. “Chegou um ponto que eu falei: ‘eu quero aprender mais, eu tenho que ir para a fonte’. E eu sempre que senti que São Paulo não tinha nada para mim. Aí eu comprei as passagens e vim recomeçar no Acre”, contou.

Da Aldeia Nova Olinda, o cacique Carlos Robeni Shanê Huni Kuin e mais de trinta parentes foram os primeiros da comunidade a chegarem na Aldeia Boa União, após três dias de viagem. “Somos parentes de sangue, somos primos, eles vão para a nossa aldeia quando a gente convida e quando eles convidam, a gente faz o mesmo intercâmbio. Mais parentes vêm para a festa”, explicou.

Cacique Carlos Robeni Shanê Huni Kuin, da Aldeia Nova Olinda, levou parentes e amigos para o festival na Aldeia Boa União. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Na Aldeia Nova Olinda o Festival da Troca de Sementes e Comidas Típicas é uma das festividades tradicionais da comunidade, principalmente em momentos de recuperação pós alagação. “É muito importante esse festival de troca de sementes principalmente depois que perdemos parte da nossa produção na alagação e a gente faz essa festividade para colher todas as novas sementes que cada um traz da sua aldeia e coloca ali e a gente faz a troca”.

Parentes e amigos chegam à Aldeia Boa União, em Feijó, no interior do Acre, pelo rio Envira. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Ainda fora do calendário oficial do Estado, o cacique explica que é de interesse do seu povo ter o apoio do governo estadual: “A gente tem a pretensão de poder encaixar a nossa festividade que a gente sempre faz com nosso próprio esforço da comunidade. E a gente pretende ter apoio do Estado e da Secretaria de Turismo, para nós é muito importante”, conclui Shanê.

Com o apoio do governo do Estado, Décio Huni Kuî acredita que o festival Katxá Nawá Hô Hô Ika deve crescer e receber cada vez mais turistas de fora. “É a primeira vez que recebemos apoio do Estado, mas precisamos de mais para estruturar nosso espaço. Queremos transformar o nosso lago em espaço de passeio, temos uma trilha no meio da floresta, para conhecer e ouvir o que a natureza oferece para quem participa do festival”, explica.

Décio Huni Kuî é uma das lideranças da Aldeia Boa União e vereador do município de Feijó. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Festival fomenta economia da aldeia

Para os membros da Aldeia Boa União, o festival fomenta a economia e fortalece a cultura local, a exemplo do artesanato que representa diversos significados da força e do espírito e dos seres da floresta em colares, brincos, pulseiras, anéis, além de cestarias e vestimentas.

“A gente trabalha com vários artesanatos, usando semente, miçanga e palha. O olho da curica, que é das mulheres, traz a visão, explica a artesã Djane Txima Inani Huni Kuî. Segundo ela, é o primeiro ‘kenê’ [desenhos indígenas] que as mulheres têm que aprender a fazer, o formato do desenho da folha expressa bom pensamento e traz sabedoria.

Artesã Djane Txima Inani Huni Kuî produz diversos artesanatos com significados especiais para o seu povo. Foto: Karolini Oliveira/Sete

Segundo a artesã, o artesanato é feito para presentear os amigos, vender para os visitantes e, ainda, comercializar fora da aldeia. É uma atividade que ainda pode ser explorada mais, diz ela. “A gente manda para uma pessoa vender fora da aldeia, mas fazemos mais para aqui mesmo”.

 

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