Governo oferece bônus a mulheres no CNU e muda provas com código de barras; veja detalhes

CNUCNU

Anunciada pelo governo federal, a próxima edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) trará mudanças significativas para atrair mais mulheres ao serviço público e corrigir falhas da primeira edição, realizada em 2024. Com provas previstas para o segundo semestre, entre setembro e outubro, o certame oferecerá bonificação às candidatas nas fases iniciais, visando reduzir o desequilíbrio de gênero entre os aprovados. Na estreia do programa, embora 52% dos 2,1 milhões de inscritos fossem mulheres, apenas 41% dos selecionados eram do sexo feminino, o que motivou a medida. Além disso, o sistema de preenchimento de cartões de resposta será modernizado com códigos de barras, eliminando as tradicionais “bolinhas” que geraram problemas logísticos no ano passado. A homologação dos resultados está agendada para junho de 2026, mas não haverá nova edição no mesmo ano devido ao calendário eleitoral, que impede concursos em períodos de eleições municipais.

Cerca de 3.500 vagas devem ser ofertadas, abrangendo cargos de nível médio e superior em diversos órgãos federais. A escolha da banca organizadora está programada para abril, com o lançamento de um edital único para todos os blocos temáticos, simplificando o processo em relação aos oito editais de 2024. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) lidera a iniciativa, destacando a importância de democratizar o acesso ao funcionalismo público.

A primeira edição do CNU, apelidada de “Enem dos concursos”, marcou um recorde com provas aplicadas em 228 cidades, alcançando 970 mil participantes presenciais. Agora, o governo busca aprimorar a experiência e ampliar a diversidade entre os servidores.

Medidas para equilibrar gênero

O foco na participação feminina reflete uma prioridade do governo. A bonificação nas etapas iniciais será um diferencial para candidatas, especialmente em áreas como tecnologia e infraestrutura, historicamente dominadas por homens. Dados da edição anterior mostram que, apesar da maioria das inscrições ser feminina, fatores como dupla ou tripla jornada podem ter influenciado a abstenção e o desempenho.

Programas de mentoria também estão em análise para incentivar mulheres a ingressarem em setores estratégicos. A expectativa é que essas ações aumentem a representatividade, alinhando o perfil dos aprovados à composição da população brasileira, onde mulheres são 51,5% do total.

Mudanças nos cartões de resposta

A substituição das “bolinhas” por códigos de barras visa resolver falhas logísticas. Na edição de 2024, muitos candidatos relataram dificuldades ao marcar o tipo de gabarito ou transcrever frases nos cartões, gerando contestações judiciais. O novo sistema promete mais segurança e agilidade:

  • Cada caderno de questões terá um código único;
  • A identificação será automática, sem intervenção manual;
  • Dados pessoais não serão expostos aos corretores.

Essa inovação deve reduzir erros e garantir imparcialidade na correção, além de facilitar a aplicação simultânea das provas em centenas de cidades.

Cronograma e planejamento

O CNU seguirá um calendário bem definido. A escolha da banca ocorrerá em abril, com a publicação de um Termo de Referência que detalhará vagas, cargos e etapas. As inscrições devem abrir no primeiro semestre, e as provas estão previstas para o segundo semestre, possivelmente em dois dias, como no Enem, para melhorar a logística. A homologação está marcada para junho de 2026, mas o ano será uma exceção, sem nova edição devido às eleições.

Impacto da primeira edição

Lançado em 2024, o CNU ofereceu 6.640 vagas e atraiu 2,1 milhões de inscritos, com provas em 18 de agosto. Apesar da abstenção de 54%, o modelo unificado foi considerado um sucesso por ampliar o acesso, com exames em 3.647 locais de aplicação. Os resultados finais foram homologados em 7 de março de 2025, e as convocações começaram em maio, após a aprovação do orçamento.

O programa permitiu que candidatos concorressem a vários cargos dentro de um mesmo bloco temático com uma única inscrição, pagando taxas entre R$ 60 e R$ 90. Remunerações variaram de R$ 3.741 a R$ 22.921, atraindo profissionais de diversas áreas.

Objetivos do novo modelo

Ampliar a diversidade no serviço público é o cerne do CNU. A bonificação para mulheres e as melhorias logísticas buscam corrigir desigualdades e tornar o concurso mais inclusivo. O governo também planeja oxigenar a administração federal, que perdeu 73 mil servidores nos últimos seis anos, com vagas recorrentes.

Duas novas carreiras transversais, de nível superior, devem ser incluídas: Analista Técnico de Justiça e Defesa e Analista Técnico de Desenvolvimento Socioeconômico, com salários iniciais de até R$ 9 mil. Essas funções visam atender demandas em segurança e políticas regionais.

Desafios logísticos superados

A edição de 2024 enfrentou obstáculos, como o adiamento das provas no Rio Grande do Sul devido a enchentes. A aplicação em um único dia também gerou transtornos, como no Acre, onde candidatos chegaram às 5h para os exames. A possibilidade de dois dias de prova em 2025 reflete o aprendizado com essas experiências, buscando maior conforto e eficiência.

A unificação dos editais, antes separados por blocos, simplificará a organização e a compreensão dos candidatos. O número de órgãos participantes pode ser menor que os 21 de 2024, mas ainda justificará o modelo unificado.

Benefícios para os candidatos

O CNU oferece vantagens práticas. Com uma única prova, é possível concorrer a múltiplos cargos dentro de um bloco temático, aumentando as chances de aprovação. A expansão dos locais de aplicação, antes restrita a capitais, também reduz custos e deslocamentos.

A bonificação para mulheres pode ser decisiva em áreas competitivas, enquanto o código de barras elimina riscos de erros manuais. Para candidatos como Mariana Costa, de 28 anos, de Recife, o modelo significa mais oportunidades sem a pressão de vários concursos distintos.

Preparativos em andamento

O Ministério da Gestão trabalha na definição das vagas, estimadas entre 3 mil e 3,5 mil, dependendo de autorizações orçamentárias. A Lei Orçamentária Anual (LOA), prevista para sanção em 15 de março, determinará o volume exato de posições disponíveis.

A escolha da banca em abril abrirá caminho para o edital, que trará detalhes sobre blocos temáticos e requisitos. A Cesgranrio, organizadora de 2024, compete com outras instituições, mas o governo prioriza segurança e experiência na seleção.

Perfil dos aprovados em 2024

Dados da primeira edição revelam avanços na democratização. Candidatos de 908 municípios foram aprovados, reduzindo desigualdades geográficas. Contudo, a representatividade racial e de gênero ainda é um desafio, com 63% dos aprovados sendo homens e apenas 37% mulheres.

A faixa etária entre 25 e 35 anos dominou, representando 46% dos selecionados, indicando renovação no funcionalismo. O CNU 2025 quer aprofundar esses ganhos com políticas direcionadas.

Áreas em destaque

Os blocos temáticos continuarão agrupando cargos por afinidade, como infraestrutura, tecnologia e gestão pública. As novas carreiras transversais atenderão setores estratégicos, como justiça e desenvolvimento regional, com remunerações iniciais atraentes.

Mentorias para mulheres em tecnologia e exatas devem incentivar candidaturas em áreas de alta demanda, alinhando o concurso às prioridades do governo, como regulação de IA e mudanças climáticas.

Como se preparar para o CNU

Estudantes já se mobilizam para o certame. Resolver questões de provas anteriores, como as de 2024, é uma estratégia recomendada. A redação discursiva, presente na edição passada, também exige treino, especialmente com temas atuais de políticas públicas.

Ferramentas como o Gran Questões, com mais de 3,1 milhões de exercícios, ajudam a simular o nível de dificuldade. A expectativa de dois dias de prova pode alterar o ritmo de estudos, exigindo resistência e foco prolongados.

Alerta contra golpes

O Ministério da Gestão emitiu avisos sobre fraudes. Em março, sites falsos simularam inscrições para o CNU 2025, pedindo dados pessoais. Candidatos devem buscar informações apenas no site oficial do MGI ou da banca, ainda a ser definida.

A abertura das inscrições será anunciada oficialmente, e o processo será 100% digital, via Gov.br, como na edição anterior. Qualquer solicitação de pagamento ou cadastro fora desses canais deve ser ignorada.