O governo federal anunciou, em março de 2025, uma iniciativa que pode transformar o acesso ao crédito para milhões de brasileiros com carteira assinada. Batizado de Programa Crédito do Trabalhador, o projeto foi lançado no dia 12 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e busca oferecer empréstimos consignados com taxas de juros reduzidas, descontados diretamente na folha de pagamento. A estimativa é que cerca – cerca de 40 milhões de trabalhadores formais sejam beneficiados, especialmente aqueles que ganham entre R$ 1.518 (salário mínimo) e R$ 8 mil mensais. Coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o programa utiliza ferramentas digitais como a Carteira de Trabalho Digital e o sistema e-Social para agilizar a conexão entre trabalhadores e instituições financeiras, prometendo propostas de crédito em até 24 horas após a solicitação.
A medida surge em um contexto de alta no endividamento das famílias brasileiras, que alcançou 78% em 2024, segundo dados do Banco Central. Com a integração de tecnologias já existentes, o processo elimina a necessidade de idas a agências bancárias, permitindo que tudo seja feito online. Além disso, trabalhadores que aderiram ao saque-aniversário do FGTS também podem participar, mantendo a possibilidade de retirada anual do fundo enquanto contratam o empréstimo. O ministro Luiz Marinho destacou que a iniciativa visa aliviar a pressão financeira, mas alertou para a necessidade de uso responsável, especialmente em cenários de demissão, quando o saldo do FGTS e a multa rescisória podem ser comprometidos.
A expectativa é que o programa injete até R$ 50 bilhões na economia ao longo de 2025, aquecendo o consumo e oferecendo uma alternativa mais barata frente a opções como crédito pessoal e cheque especial. Em 2024, o volume de contratações de consignado privado atingiu R$ 180 bilhões, e a nova iniciativa deve ampliar esse montante, alcançando especialmente jovens entre 25 e 35 anos, que representam 40% dos contratos atuais. O foco está em simplificar o acesso e reduzir custos, mas os riscos associados ao desemprego já geram debates entre especialistas e trabalhadores.
Acesso digital revoluciona empréstimos consignados
Solicitar o crédito pelo novo programa é um processo simples e totalmente digital. O trabalhador acessa a Carteira de Trabalho Digital, disponível por aplicativo ou site, e faz o pedido com poucos cliques. Por meio do e-Social, sistema que reúne dados de mais de 90% das empresas formais do país, as instituições financeiras recebem informações como CPF, tempo de serviço e margem consignável – limitada a 35% do salário, conforme a legislação. Em até 24 horas, o sistema apresenta opções de empréstimo com taxas e prazos personalizados, permitindo que o usuário escolha a melhor proposta.
As parcelas são descontadas automaticamente na folha de pagamento, o que reduz a inadimplência e oferece segurança aos credores. No ano passado, a média de juros do consignado privado foi de 2,5% ao mês, mas o Programa Crédito do Trabalhador promete reduzir essa taxa para cerca de 1,8%, graças à competição entre bancos e financeiras credenciadas. A agilidade e a transparência do modelo têm atraído atenção, especialmente entre trabalhadores que buscam alternativas ao crédito pessoal, cujos juros médios atingiram 6% ao mês em 2024, e ao cheque especial, com taxas acima de 8%.
Esse formato elimina a burocracia tradicional e os custos operacionais, como idas a agências ou análise manual de documentos. Para as instituições financeiras, o risco é minimizado pela garantia do desconto em folha, o que explica as taxas mais competitivas. Em 2023, cerca de 38 milhões de trabalhadores já haviam sido beneficiados pelo consignado privado, e a meta agora é ampliar esse alcance com uma estrutura mais acessível e eficiente.
Riscos e benefícios dividem opiniões entre trabalhadores
Embora o programa traga vantagens claras, como juros menores e praticidade, ele também apresenta riscos que exigem cautela. Para quem aderiu ao saque-aniversário do FGTS, a contratação do crédito não elimina a retirada anual do fundo, mas pode complicar a situação em caso de demissão. Nessas circunstâncias, o saldo do FGTS fica bloqueado até a quitação do empréstimo, e a multa rescisória de 40% – que pode chegar a R$ 10 mil para um salário de R$ 5 mil após cinco anos de serviço – é usada para abater o saldo devedor, deixando o trabalhador sem reservas imediatas.
Já para aqueles que não optaram pelo saque-aniversário, o FGTS segue disponível integralmente na demissão sem justa causa, mas o pagamento do empréstimo ainda pode ser exigido com a multa rescisória, se necessário. Em 2024, cerca de 10% dos contratos de consignado privado registraram inadimplência após desligamentos, um cenário que o governo busca mitigar com a estrutura do programa. A recomendação oficial é que os trabalhadores planejem bem os descontos na folha para evitar comprometer a renda mensal.
Por outro lado, os benefícios são expressivos. Com taxas estimadas em 1,8% ao mês, o custo de um empréstimo de R$ 5 mil em 12 parcelas cai de R$ 300 em juros (no crédito tradicional) para cerca de R$ 180 no programa. A praticidade da adesão digital e a rapidez na liberação do dinheiro também pesam a favor, especialmente para quem precisa de recursos emergenciais ou planeja investimentos de curto prazo.
Etapas práticas do Crédito do Trabalhador
O funcionamento do programa é estruturado em etapas claras e acessíveis, pensadas para facilitar a vida do trabalhador. Veja como funciona:
- O pedido é feito diretamente na Carteira de Trabalho Digital, via aplicativo ou site.
- O e-Social analisa os dados em até 24 horas, cruzando informações como margem consignável e tempo de serviço.
- Bancos e financeiras credenciadas apresentam ofertas personalizadas, com opções de taxas e prazos.
- As parcelas são descontadas automaticamente na folha, sem necessidade de boleto ou pagamento manual.
Esse modelo reduz custos operacionais e aumenta a transparência, já que o trabalhador pode comparar propostas antes de fechar o contrato. A integração com o e-Social, que abrange a maioria das empresas formais, garante que o processo seja rápido e seguro, eliminando intermediários e papelada.
Cronograma define ritmo das contratações
O Programa Crédito do Trabalhador entrou em vigor no dia 12 de março de 2025, com solicitações liberadas a partir do dia seguinte. Diferente de iniciativas sazonais, como a antecipação do 13º salário do INSS, o acesso ao crédito é contínuo ao longo do ano, dependendo apenas da adesão das empresas ao e-Social. Confira as principais datas:
- 12 de março de 2025: Lançamento oficial pelo governo federal.
- 13 de março de 2025: Início das solicitações na Carteira de Trabalho Digital.
- Durante todo o ano: Ofertas de crédito liberadas em até 24 horas após o pedido.
Esse fluxo permanente permite que os trabalhadores planejem melhor suas finanças, sem depender de períodos específicos para contratar o empréstimo. A expectativa é que 5 milhões de pessoas façam adesão ainda em 2025, número que pode crescer com a divulgação dos primeiros resultados.
Impactos econômicos podem alcançar R$ 50 bilhões
Com a meta de injetar até R$ 50 bilhões na economia, o programa é visto como uma ferramenta para aquecer o consumo e reduzir o endividamento das famílias. Em 2024, o saque-aniversário do FGTS liberou R$ 12 bilhões, e o Crédito do Trabalhador pode complementar essa renda anual, especialmente para os 15 milhões de adeptos da modalidade. A ideia é que o crédito mais barato estimule gastos em setores como comércio e serviços, aliviando a pressão financeira de quem ganha até R$ 8 mil por mês.
A inclusão de 40 milhões de trabalhadores CLT no público-alvo reflete a escala da iniciativa, que prioriza quem tem vínculo empregatício estável. Em 2023, o consignado privado gerou R$ 15 bilhões em juros para os bancos, mas o novo modelo deve redistribuir parte desse lucro em condições mais favoráveis aos empregados. Jovens entre 25 e 35 anos, que lideram as contratações, devem ser os principais beneficiados, já que representam uma fatia significativa do mercado de crédito.
Para quem usa o saque-aniversário, o programa oferece fôlego extra. A retirada anual do FGTS, que varia entre R$ 500 e R$ 2 mil dependendo do saldo, pode ser combinada ao empréstimo, desde que os descontos na folha sejam bem gerenciados. Assim, o trabalhador ganha flexibilidade para lidar com despesas ou planejar pequenos investimentos, como reformas ou pagamento de dívidas mais caras.