Diante da pressão gerada pelo pedido de afastamento do secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, e do escrutínio do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o Governo do Estado decidiu dar visibilidade a uma das ações mais desafiadoras e simbólicas da pasta: o Programa Caminhos da Educação do Campo.
A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE), é uma resposta direta à realidade das comunidades isoladas do Acre, onde a instalação de escolas tradicionais é inviável. “São alunos que vivem em locais onde não é possível montar uma escola regular, no formato-padrão das cidades. Por isso, a rede estadual criou esse programa específico, para garantir o acesso à educação nessas regiões”, explicou Maria Clara Siqueira, chefe do Departamento de Educação do Campo da SEE.
O programa atende escolas multisseriadas sem gestão própria, implantadas em comunidades com menos de 30 alunos. Para viabilizar o ensino, essas unidades funcionam como anexos de escolas-polo. Muitas vezes, com apenas um professor, os anexos permitem que crianças não enfrentem longas jornadas por rios ou varadouros, garantindo o direito à educação onde quer que vivam.
“Em Mâncio Lima, por exemplo, a Escola Maria Firmino tem mais de 15 anexos espalhados por comunidades ribeirinhas”, exemplifica Maria Clara. Ela destaca que, embora as estruturas físicas estejam nas comunidades, toda a matrícula e certificação dos alunos ocorre por meio da escola-polo.
O programa vai além da presença física. Oferece planejamento, formação específica para os professores e acompanhamento pedagógico constante. Tudo isso considerando os desafios logísticos da Amazônia, onde o ciclo dos rios, a geografia e até as condições climáticas extremas exigem uma educação que se adapte à realidade local.
“Educar na Amazônia é resistir”
“Na época das chuvas, muitos professores literalmente se mudam para as comunidades onde lecionam. É a única forma de garantir a continuidade das aulas”, afirma o secretário Aberson Carvalho, reconhecendo os entraves estruturais enfrentados. Ele cita dificuldades com transporte, conectividade e infraestrutura, mas garante que há esforço contínuo da gestão para avançar.
“Sabemos que o sistema não é perfeito, mas é exatamente por isso que trabalhamos com senso de urgência. Há escolas que precisam de melhorias imediatas e estamos atuando nisso”, reforça.
Os custos, segundo o secretário, são altos não por má gestão, mas pelas características da região. “Para entregar materiais de construção, precisamos atravessar rios, igarapés e varadouros. Às vezes, são dias de trajeto. Mas fazemos, porque acreditamos que cada comunidade tem direito à presença da escola.”
Aberson ainda pontua que, mesmo em meio aos desafios, há conquistas tangíveis. “Foi na nossa gestão que os alunos dessas comunidades passaram a receber fardamento escolar gratuito, material didático e alimentação reforçada com o Prato Extra. Isso é dignidade.”
A nota oficial e a divulgação do programa ocorrem em meio à crise institucional e têm tom estratégico: mostrar que a secretaria não está parada e que atua em áreas de extrema complexidade. Com a narrativa de resistência e compromisso social, o governo tenta virar o jogo no embate com o TCE e garantir que a pauta da educação no campo ganhe mais reconhecimento do que as falhas administrativas apontadas.
Por Cidade AC News
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