O governo federal divulgou medidas para ajustar as contas públicas em 2025. Um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento foi anunciado, afetando gastos livres dos ministérios. A decisão, tomada pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, visa cumprir a meta fiscal e respeitar o arcabouço fiscal aprovado em 2023. Além disso, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) terá aumento, embora detalhes ainda não tenham sido revelados.
A limitação de gastos livres, que incluem investimentos e custeio, foi detalhada no relatório de receitas e despesas do segundo bimestre. O ajuste reflete a necessidade de conter despesas que ultrapassaram os limites previstos. O governo também enfrenta pressões de gastos obrigatórios, como os da Previdência, que superaram as estimativas iniciais.
- Bloqueio de R$ 31,3 bilhões será aplicado a gastos não obrigatórios.
- Aumento do IOF foi confirmado, mas sem especificações sobre percentuais.
- Relatório bimestral apontou despesas acima do arcabouço fiscal em R$ 10,6 bilhões.

Gastos livres sob pressão
O bloqueio de R$ 31,3 bilhões incide sobre despesas discricionárias, que abrangem custeio e investimentos. Esses gastos, que não são obrigatórios, incluem serviços essenciais como energia elétrica, água, tecnologia da informação e locação de bens móveis. A medida busca alinhar o Orçamento aos limites do arcabouço fiscal, que impede o crescimento das despesas acima de 70% da arrecadação projetada.
O governo identificou que as despesas previstas para 2025 superam em R$ 10,6 bilhões o teto do arcabouço. Além disso, um contingenciamento adicional de R$ 20,7 bilhões foi necessário para alcançar a meta fiscal, que prevê déficit zero, com tolerância de até 0,25% do PIB, equivalente a R$ 31 bilhões. A combinação de bloqueio e contingenciamento reflete o esforço para equilibrar as contas públicas.
Previdência pesa nas contas
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou que o aumento dos gastos com a Previdência foi um dos principais fatores para o bloqueio. As despesas previdenciárias superaram as projeções iniciais, pressionando o Orçamento. Esse cenário obrigou o governo a revisar as estimativas de receitas e despesas, resultando na necessidade de cortes.
Outros gastos obrigatórios, como salários de servidores e benefícios sociais, também limitam a margem de manobra do governo. A equipe econômica trabalha para detalhar, até o fim de maio, quais ministérios serão mais afetados pelo bloqueio. A expectativa é que áreas com maior volume de gastos discricionários, como infraestrutura e saúde, sintam o impacto.
- Gastos com Previdência superaram previsões em 2025.
- Bloqueio afetará custeio, como energia e tecnologia.
- Detalhamento dos cortes será divulgado até o fim do mês.
Arcabouço fiscal em foco
O arcabouço fiscal, aprovado em 2023, estabelece regras rígidas para o controle das contas públicas. Uma das principais diretrizes limita o crescimento das despesas a 70% do aumento real da arrecadação. Além disso, o crescimento anual dos gastos não pode exceder 2,5% acima da inflação. Essas medidas visam evitar o aumento da dívida pública e manter a confiança dos investidores.
O descumprimento do arcabouço pode levar a sanções, como a redução do crescimento das despesas para 50% da arrecadação nos anos seguintes. Para 2025, o governo identificou a necessidade de ajustes para cumprir tanto o arcabouço quanto a meta fiscal. O bloqueio de R$ 31,3 bilhões é uma resposta direta a essas exigências.
Meta fiscal e déficit zero
A meta fiscal para 2025 é zerar o déficit primário, após um resultado negativo de R$ 43 bilhões em 2024. O governo trabalha com uma margem de tolerância que permite um déficit de até R$ 31 bilhões, equivalente a 0,25% do PIB. Precatórios no valor de R$ 44,1 bilhões, pagos em 2025, são excluídos do cálculo da meta, aliviando a pressão sobre o Orçamento.
O esforço para alcançar o déficit zero envolve medidas de aumento de arrecadação, como a elevação do IOF, e a contenção de gastos. O governo também busca melhorar a gestão fiscal, priorizando despesas obrigatórias e otimizando os gastos discricionários.
- Meta fiscal prevê déficit zero, com tolerância de R$ 31 bilhões.
- Precatórios de R$ 44,1 bilhões não entram no cálculo da meta.
- Aumento do IOF visa reforçar a arrecadação.
Histórico de déficits fiscais
As contas públicas brasileiras enfrentam desafios há mais de uma década. Em 2014, o déficit foi de R$ 38,4 bilhões, iniciando uma sequência de resultados negativos que durou até 2021. O ano de 2022, último do governo Bolsonaro, registrou superávit de R$ 58,8 bilhões, mas analistas consideraram o resultado pontual, devido a fatores extraordinários, como a recuperação econômica pós-pandemia.
Em 2023, o déficit atingiu R$ 230,5 bilhões, influenciado pelo pagamento de precatórios atrasados, no valor de R$ 92,5 bilhões. Já em 2024, o resultado negativo foi de R$ 43 bilhões, impactado por despesas emergenciais, como a ajuda ao Rio Grande do Sul após enchentes. Para 2025, a previsão inicial é de um déficit de R$ 40,4 bilhões, incluindo precatórios.
Aumento do IOF em debate
O anúncio do aumento do IOF gerou expectativas no mercado financeiro. O imposto, que incide sobre operações como crédito, câmbio e seguros, é uma ferramenta usada pelo governo para elevar a arrecadação rapidamente. No entanto, a falta de detalhes sobre a magnitude do aumento e os setores afetados mantém incertezas entre consumidores e empresas.
O IOF já passou por ajustes em anos anteriores. Em 2020, por exemplo, o governo reduziu temporariamente a alíquota para operações de crédito, como medida de estímulo durante a pandemia. A expectativa é que o novo aumento seja direcionado a operações específicas, mas o governo ainda não confirmou o escopo da medida.
- IOF incide sobre crédito, câmbio, seguros e investimentos.
- Aumento visa compensar despesas acima do previsto.
- Detalhes do ajuste serão divulgados em breve.
Impacto nos ministérios
O bloqueio de R$ 31,3 bilhões afetará diretamente os ministérios com maior volume de gastos discricionários. Áreas como saúde, educação e infraestrutura, que dependem de investimentos para manutenção e expansão, podem enfrentar restrições. O governo trabalha para minimizar o impacto em serviços essenciais, mas a distribuição dos cortes ainda está em análise.
A equipe econômica avalia critérios como eficiência e prioridade para definir os cortes. Ministérios com projetos de longo prazo, como obras de infraestrutura, podem ter recursos remanejados para 2026. A divulgação do detalhamento, prevista para o fim de maio, trará mais clareza sobre os impactos setoriais.
Custeio sob revisão
Os gastos de custeio, que incluem despesas operacionais como energia elétrica, água e serviços de comunicação, estão no centro do bloqueio. Esses gastos são essenciais para o funcionamento da máquina pública, mas a redução pode afetar a qualidade dos serviços. O governo busca otimizar contratos e priorizar despesas para mitigar os efeitos.
A tecnologia da informação, por exemplo, é uma área crítica que consome recursos significativos. A manutenção de sistemas e a segurança de dados podem ser impactadas caso os cortes sejam profundos. O governo estuda parcerias com o setor privado para suprir eventuais lacunas.
- Custeio inclui energia, água e tecnologia da informação.
- Redução pode afetar manutenção de serviços públicos.
- Parcerias privadas são avaliadas para suprir cortes.
Reações no mercado financeiro
O anúncio do bloqueio e do aumento do IOF repercutiu no mercado financeiro. Investidores acompanham de perto as medidas fiscais do governo, que influenciam a percepção de risco do país. A manutenção do arcabouço fiscal é vista como um sinal positivo, mas a elevação de impostos pode impactar o custo de operações financeiras.
Analistas apontam que o aumento do IOF pode encarecer o crédito para consumidores e empresas, afetando o consumo e os investimentos. Por outro lado, o controle das despesas públicas é bem recebido, já que reduz o risco de crescimento da dívida pública. A divulgação de mais detalhes sobre o IOF será crucial para avaliar o impacto econômico.
Planejamento para 2025
O governo trabalha para alinhar o Orçamento de 2025 às prioridades definidas no Planejamento Plurianual (PPA). Programas sociais, como o Bolsa Família, e investimentos em infraestrutura permanecem como focos, mas a limitação de recursos exige escolhas estratégicas. O bloqueio de gastos livres reflete a necessidade de equilibrar essas prioridades com a responsabilidade fiscal.
A equipe econômica também avalia medidas de longo prazo, como a reforma tributária, para aumentar a arrecadação sem depender de ajustes pontuais, como o aumento do IOF. O sucesso dessas iniciativas dependerá da articulação com o Congresso e do cenário econômico global.
- Bolsa Família e infraestrutura seguem como prioridades.
- Reforma tributária é avaliada para aumentar arrecadação.
- Bloqueio reflete equilíbrio entre prioridades e responsabilidade fiscal.
Histórico de ajustes fiscais
Medidas de bloqueio e contingenciamento não são novidade no Brasil. Em 2015, o governo Dilma Rousseff anunciou cortes de R$ 69,9 bilhões para conter o déficit fiscal. Em 2017, durante o governo Temer, o bloqueio foi de R$ 42,1 bilhões. Esses ajustes refletem a dificuldade de equilibrar receitas e despesas em períodos de crise econômica.
O arcabouço fiscal, implementado em 2023, trouxe maior rigidez aos ajustes, limitando a discricionariedade do governo. A combinação de bloqueio e aumento de impostos, como o IOF, segue uma estratégia recorrente para cumprir metas fiscais. O desafio é evitar que os cortes comprometam o crescimento econômico.