Projeto de integração logística reacende expectativas no Acre
O projeto de construção de uma ferrovia ligando o Acre ao Pacífico, via Peru, voltou ao centro das atenções com o recente anúncio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A diretora da agência, Perpétua Almeida, acreana e ex-deputada federal, confirmou que a proposta está entre as prioridades do eixo Brasil-Peru, com foco em fortalecer a exportação de produtos amazônicos.
A iniciativa faz parte da chamada Rota Interoceânica, um corredor logístico que, se concretizado, poderá colocar o Acre como porta de saída para o mercado asiático. A ferrovia ligaria o entroncamento da BR-364 com os portos peruanos, encurtando distâncias e barateando custos para exportadores locais.
Perpétua assume protagonismo técnico e político no projeto
Atuando agora na ABDI, Perpétua Almeida tem articulado o projeto com interlocutores do Ministério dos Transportes, Itamaraty, Governo do Acre e autoridades peruanas. Segundo ela, a ferrovia “é uma alternativa viável e urgente para romper o isolamento econômico do Acre e posicionar a Amazônia como centro de comércio sustentável”.
A ex-deputada destacou que o projeto já conta com grupo técnico binacional, e que as próximas etapas envolvem captação de investimentos, estudos de impacto ambiental e definição do traçado logístico. Ela também defende que parte da estrutura passe por Rio Branco e Assis Brasil, municípios estratégicos para o escoamento.
Infraestrutura pode revolucionar a economia regional
A criação da ferrovia é vista por analistas logísticos como o maior projeto de infraestrutura do Acre em décadas. Além de facilitar o escoamento de grãos, carne e produtos florestais, a rota permitirá que o estado atue como hub logístico da Amazônia Ocidental, com reflexos diretos no PIB local e na geração de empregos.
Estudos preliminares indicam que o tempo de transporte entre o Acre e os portos do Pacífico poderá cair de 15 para 6 dias, com redução de até 40% nos custos operacionais de exportação.
Ceticismo, viabilidade e pressão política
Apesar do entusiasmo, o projeto ainda enfrenta desafios estruturais e céticos históricos. Entre os obstáculos estão a necessidade de licenciamento ambiental, garantia de recursos internacionais e o aval de congressistas e ministérios estratégicos.
O governador Gladson Cameli (PP) já sinalizou apoio, mas setores do agronegócio cobram celeridade e segurança jurídica para que os investimentos ocorram. A pressão sobre o governo federal cresce, especialmente em meio ao cenário de busca por alternativas sustentáveis para a Amazônia.
Oportunidade histórica para o Acre virar protagonista logístico
O Acre, historicamente isolado em infraestrutura, pode viver um novo ciclo. Com a reativação da agenda ferroviária e apoio da ABDI, a viabilidade política ganha novo fôlego, diferentemente de propostas anteriores que ficaram apenas no papel.
A atuação de Perpétua Almeida como ponte técnica entre os governos reacende uma esperança concreta. E, se sair do papel, essa ferrovia pode ser o divisor de águas entre um Acre exportador e um Acre periférico.




