O tempo não volta, mas o amor pode preencher os vazios

Eu amei o suficiente? O tempo é um rio que nunca retorna à nascente. Ele segue seu curso silencioso, às vezes rápido demais, e leva consigo dias, momentos, vozes e rostos. Muitas vezes só percebemos sua força quando olhamos para trás e sentimos falta do que já não pode ser revivido. A vida nos dá a ilusão de permanência, mas a verdade é que tudo o que temos é o instante presente. O passado não volta, o futuro não está garantido, e o hoje é o único espaço onde ainda podemos amar, abraçar, dizer e fazer.
Quando olhamos para o caminho da velhice, inevitavelmente nos perguntamos o que terá valido a pena. E a resposta, por mais complexa que pareça, cabe em uma única pergunta: eu amei o suficiente? Aos 80 anos, quando as marcas no corpo denunciam que a juventude já partiu, não vai importar o modelo do carro que dirigimos, nem se a casa tinha três ou cinco quartos, nem se usamos roupas de grife. O que vai ecoar é se fomos capazes de estar presentes para quem mais precisava de nós.
As relações humanas são frágeis e poderosas ao mesmo tempo. Fragilidade porque podem ser interrompidas a qualquer momento por distâncias, desavenças ou até pela morte. Força porque são elas que dão sentido à existência. É por meio do outro que descobrimos quem somos. Um abraço, uma ligação, um sorriso compartilhado podem se transformar em âncoras de memória que sustentam a alma quando tudo o mais se perde. Não são os contratos, os diplomas ou os bens acumulados que aquecem os dias frios da solidão. São os afetos.
O grande desafio é que, na correria da vida, quase sempre esquecemos disso. As vozes que mais importam são as primeiras que deixamos para depois. A mãe que liga e ouvimos apressados. O pai que espera por uma visita que nunca vem. O filho que pede atenção enquanto estamos presos à tela do celular. O marido ou a esposa que recebe mais silêncio do que palavras de carinho. Todos esses pequenos descuidos se acumulam, e um dia, ao olhar para trás, percebemos que os instantes que poderiam ter sido cultivados se transformaram em arrependimentos.
É aí que a irreversibilidade do tempo pesa. Não há como voltar àquela manhã em que os filhos pulavam na cama. Não é possível repetir aquele jantar em família, com toda a confusão e as risadas. Não dá para recuperar a voz da mãe quando ela já se calou. O tempo não dá segunda chance. Ele apenas nos alerta, ainda em vida, de que é preciso acordar antes que seja tarde.
Mas há esperança nessa consciência. Não é preciso esperar a velhice para valorizar a juventude. Não é necessário ter 80 para perceber o que vale nos 30 ou 40. É possível despertar agora, escolher amar mais hoje, dizer mais vezes “eu te amo”, prolongar um abraço, olhar nos olhos, desligar a pressa. Cada gesto simples se torna um investimento contra os arrependimentos futuros.
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Talvez o segredo seja aprender a colecionar lembranças em vez de coisas. Guardar na memória o barulho das gargalhadas, o calor de uma mão, a alegria de uma mesa cheia. Esses são os tesouros que não se perdem com a passagem do tempo. Esses são os únicos bens que atravessam a velhice.
Quando o corpo cansar, quando a solidão bater à porta, o que ficará será a certeza de ter amado. E se essa certeza existir, não haverá vazio que o tempo possa trazer. Porque, no fim, tudo o que realmente importa cabe em uma única e definitiva pergunta: eu amei o suficiente?
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Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News

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