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E se o Brasil ainda não tivesse percebido que é, para Trump, uma extensão emocional de Mar-a-Lago?
Foi com essa sutileza de porrete que o ex-presidente americano escreveu a carta mais previsível do ano. Em tom de socorro, com verniz de estadista e cheiro de bravata reciclada, Donald Trump apareceu para abraçar Jair Bolsonaro — não por ideologia, mas por cálculo. O mito anda algemado pela tornozeleira e a carta chegou como um alívio moral embalado em inglês ruim e lágrimas de bunker.
Mas vamos ao bastidor: a carta foi escrita para o povo americano, não para o brasileiro. Para a militância MAGA, não para os órfãos do golpe de 8 de janeiro. Foi escrita para dizer que ele, Trump, ainda é rei do pântano da polarização global — e que sua influência atravessa o Equador, o WhatsApp e o Planalto Central.
O bastidor por trás da carta plastificada
Fontes discretas — mas nem tanto — dão conta de que a carta foi articulada por um núcleo do PL instalado em Miami, com apoio de assessores que circulam entre igrejas, grupos de empresários e consulados silenciosos. A lógica foi simples: Bolsonaro precisava de um respiro simbólico e Trump precisava de palco. Juntaram o desespero de um com a vaidade do outro. O resultado? Um pedaço de papel convertido em míssil político.
No conteúdo, nenhuma surpresa: “perseguição”, “liberdade de expressão”, “caça às bruxas”. A retórica de sempre. Mas o efeito foi imediato — e aqui está o pulo do gato. Em Brasília, bolsonaristas reagiram com euforia, como se Trump fosse chanceler informal do Brasil. Já no STF, a carta caiu como um deboche. Moraes nem comentou. Não precisava.
“O sistema virou contra você”, escreveu Trump. E não faltou quem aplaudisse, mesmo sem entender se era sobre o Brasil ou sobre ele mesmo.”
quem está mesmo no comando?
O mais grave da carta não é seu conteúdo — é sua aceitação. O fato de líderes políticos brasileiros vibrarem com a benção de um presidente estrangeiro diz muito sobre a nossa insegurança institucional. Trump virou símbolo de resistência para quem perdeu a narrativa no Brasil. Só que essa resistência é feita à base de ilusão, desinformação e gritaria.
E no fim, o que temos? Um ex-presidente com tornozeleira, outro com julgamentos múltiplos e uma correspondência entre dois homens que se acham vítimas do próprio autoritarismo.
Quando um ex-presidente brasileiro comemora carta de apoio de um estrangeiro investigado, não é solidariedade — é rendição simbólica. O Brasil não precisa de padrinhos: precisa de vergonha.
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