Em meio a um cenário de pressões inflacionárias e incertezas globais, a taxa Selic, principal instrumento de política monetária do Brasil, alcançou 14,75% ao ano após decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em 7 de maio de 2025. Definida pelo Banco Central, a Selic regula os juros básicos da economia, influenciando desde o custo de empréstimos até o rendimento de investimentos.
A alta de 0,5 ponto percentual, confirmada na reunião de maio, reflete a estratégia do Banco Central para conter a inflação, que acumula 4,8% em 12 meses até abril de 2025, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O aumento da Selic impacta diretamente o cotidiano dos brasileiros, encarecendo financiamentos e reduzindo o consumo, mas também elevando os ganhos de aplicações financeiras atreladas à taxa.
- O que define a taxa Selic:
- É a taxa básica de juros da economia brasileira.
- Regula operações de crédito e investimentos no mercado.
- É ajustada a cada 45 dias pelo Copom.
Como a Selic é definida
O Copom, formado por diretores do Banco Central, reúne-se oito vezes ao ano para analisar indicadores econômicos, como inflação, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e câmbio. Em maio de 2025, a decisão de elevar a Selic para 14,75% considerou a necessidade de ancorar as expectativas inflacionárias, que permanecem acima da meta de 4,5%.
A taxa Selic é calculada com base nas operações do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um ambiente eletrônico onde instituições financeiras negociam títulos públicos. A meta estabelecida pelo Copom serve como referência para essas transações, influenciando os juros praticados no mercado interbancário.
A reunião de maio foi marcada por uma comunicação cautelosa. Cerca de 70% dos analistas consultados pelo BTG Pactual esperavam que o Banco Central evitasse sinalizações claras sobre os próximos passos, mantendo flexibilidade diante de incertezas globais, como a política monetária americana e os preços de commodities.
- Etapas do processo de definição da Selic:
- Análise de indicadores econômicos pelo Copom.
- Negociação de títulos públicos no sistema Selic.
- Divulgação da decisão em comunicado oficial.
- Publicação da ata detalhada seis dias úteis após a reunião.

Função da Selic na economia
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Quando elevada, como em maio de 2025, encarece o crédito, desestimulando o consumo e reduzindo a pressão sobre os preços. Esse mecanismo visa manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que em 2025 é de 3% com tolerância até 4,5%.
Por outro lado, uma Selic alta pode desacelerar a economia. O crescimento do PIB, projetado em 1,8% para 2025 pelo Fundo Monetário Internacional, enfrenta desafios com o aumento dos custos de financiamento para empresas e consumidores. Setores como construção civil e varejo já registram sinais de retração, com quedas de 3% nos financiamentos imobiliários em março de 2025.
A Selic também influencia o mercado financeiro. Investimentos de renda fixa, como Tesouro Selic e CDBs atrelados ao CDI, tornam-se mais atrativos com a alta da taxa, enquanto a bolsa de valores pode enfrentar maior volatilidade devido à preferência por ativos mais seguros.
Efeitos no mercado financeiro
A decisão de elevar a Selic para 14,75% gerou reações imediatas no mercado. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou o dia 7 de maio com alta modesta de 0,3%, refletindo a antecipação do ajuste. Já o dólar registrou valorização de 0,5%, cotado a R$ 5,45, influenciado por incertezas globais e pela força da moeda americana.
Investidores de renda fixa ajustaram suas carteiras para aproveitar os rendimentos mais elevados. Fundos atrelados à Selic e ao CDI registraram aumento de 2,5% na captação líquida em abril, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Títulos públicos indexados à inflação, como as NTN-Bsipsych://www.anbima.com.br/, atraíram maior demanda, com crescimento de 4% em 2025, conforme dados do Tesouro Nacional.
No mercado de crédito, a alta da Selic elevou as taxas de juros cobradas por bancos. Em abril de 2025, a taxa média de empréstimos pessoais subiu para 42% ao ano, enquanto financiamentos imobiliários alcançaram 11,5% ao ano, impactando a acessibilidade a esses produtos.
- Movimentações no mercado após a decisão:
- Ibovespa com alta de 0,3% no fechamento.
- Dólar valorizado a R$ 5,45.
- Aumento de 2,5% na captação de fundos atrelados à Selic.
- Crescimento de 4% na demanda por NTN-Bs.
Impactos no consumo e endividamento
A elevação da Selic encarece o crédito ao consumidor, afetando diretamente o poder de compra das famílias. Em abril de 2025, o endividamento das famílias brasileiras atingiu 78%, o maior nível desde 2022, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Esse cenário reflete o aumento das taxas de juros em cartões de crédito e cheque especial, que alcançaram 85% e 130% ao ano, respectivamente.
O varejo, especialmente o de bens duráveis, enfrenta desafios com a redução do consumo. Vendas de eletrodomésticos e veículos registraram queda de 5% no primeiro trimestre de 2025, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio. A alta dos juros também pressiona o custo de vida, com a cesta básica em São Paulo subindo 6% em relação ao ano anterior, segundo o Dieese.
A estratégia do Banco Central, embora eficaz para conter a inflação, gera impactos sociais. Famílias de baixa renda, que dependem de crédito para despesas essenciais, enfrentam maior dificuldade para equilibrar o orçamento, enquanto o desemprego, estável em 7,8% no primeiro trimestre, pode subir com a desaceleração econômica.
Setores produtivos sob pressão
A alta da Selic impacta diretamente setores intensivos em capital, como a indústria e a construção civil. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reportou que 62% das empresas planejam reduzir investimentos em 2025 devido ao aumento dos custos de financiamento. A produção de bens duráveis, como máquinas e equipamentos, enfrenta retração, com queda de 4% no primeiro trimestre.
Na construção civil, o aumento dos juros eleva o custo dos financiamentos imobiliários, reduzindo a demanda por novos empreendimentos. Em março de 2025, o volume de financiamentos para habitação caiu 3% em relação ao mesmo período de 2024, impactando construtoras e incorporadoras. O setor, que responde por 6% do PIB brasileiro, enfrenta desafios para manter o ritmo de crescimento.
O agronegócio, embora menos dependente de crédito, também sente os efeitos indiretos. A valorização do dólar, influenciada pela Selic alta, encarece insumos importados, como fertilizantes, que representam 20% dos custos de produção de grãos.
- Setores impactados pela Selic a 14,75%:
- Indústria: 62% das empresas reduzem investimentos.
- Construção civil: queda de 3% nos financiamentos imobiliários.
- Agronegócio: insumos importados mais caros.
- Varejo: vendas de bens duráveis caem 5%.
Influência do cenário global
As decisões do Copom são fortemente influenciadas pelo contexto internacional. A possibilidade de recessão nos Estados Unidos, com 40% dos analistas prevendo alto risco para o segundo semestre de 2025, afeta as exportações brasileiras. A taxa Fed Funds, que regula os juros americanos, é projetada entre 4,0% e 4,5% para o fim de 2025, segundo 47% dos consultados pelo BTG Pactual, pressionando moedas de países emergentes, como o real.
As políticas protecionistas do presidente americano Donald Trump também geram tensões. Tarifas sobre produtos chineses elevam os custos de insumos industriais, como componentes eletrônicos, que representam 15% das importações brasileiras. Esse cenário alimenta a inflação e reforça a necessidade de uma Selic elevada.
O preço das commodities, como petróleo e grãos, oscila em resposta às tensões geopoláticas e à demanda global. Em abril de 2025, o barril de petróleo Brent atingiu US$ 85, impactando os preços de combustíveis no Brasil e contribuindo para a inflação.
Projeções para os próximos meses
A pesquisa do BTG Pactual indica que 90% dos analistas esperam manutenção da Selic em 14,75% nas reuniões de julho e setembro de 2025. A estabilidade reflete a intenção do Banco Central de avaliar os efeitos da alta recente antes de novos ajustes. A partir de novembro, a expectativa de manutenção cai para 70% a 80%, sugerindo maior incerteza.
Para o fim de 2025, 72% dos consultados projetam a Selic entre 14,50% e 15%. A possibilidade de cortes no segundo semestre é considerada baixa por 60% dos analistas, com 11% descartando qualquer redução neste ano. Esses números reforçam a postura conservadora do Banco Central, que prioriza o controle inflacionário.
A inflação, projetada em 5,53% para 2025 pelo Boletim Focus, permanece acima da meta, pressionada por alimentos e combustíveis. O Copom monitora de perto indicadores como o desemprego e o desempenho do setor de serviços, que cresce a taxas moderadas, para calibrar suas decisões.
- Projeções para a Selic em 2025:
- Manutenção em 14,75% até setembro, segundo 90% dos analistas.
- Taxa entre 14,50% e 15% no fim do ano, projetada por 72%.
- Inflação estimada em 5,53% pelo Boletim Focus.
- Baixa probabilidade de cortes, descartada por 11%.
Comunicação do Banco Central
A mensagem do Copom após a decisão de maio foi marcada por neutralidade. Cerca de 70% dos analistas esperavam uma comunicação sem sinalizações claras, permitindo ao Banco Central maior flexibilidade. Outros 21% previam menção a ajustes adicionais de menor magnitude, enquanto 10% aguard ricordavano uma indicação de desaceleração no ritmo de alta.
A ata da reunião, publicada seis dias úteis após o encontro, detalha os fatores considerados, como a inflação de serviços, que permanece elevada, e a política fiscal do governo. A transparência na comunicação é essencial para alinhar as expectativas do mercado e evitar volatilidade nos ativos financeiros.
A postura cautelosa reflete a complexidade do cenário econômico. O Banco Central monitora a valorização do dólar, que acumula alta de 8% em 2025, e os efeitos das políticas fiscais, que impactam a sustentabilidade da dívida pública e as expectativas inflacionárias.
Implicações para investimentos
A Selic a 14,75% torna a renda fixa mais atrativa. O Tesouro Selic, por exemplo, oferece rentabilidade próxima à taxa básica, com liquidez diária, atraindo investidores conservadores. CDBs com 100% ou mais do CDI também registram maior procura, com captação líquida crescendo 3% em abril de 2025, segundo a Anbima.
A poupança, embora menos vantajosa, beneficia-se da Selic elevada. Com a taxa acima de 8,5%, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial, garantindo ganhos reais acima da inflação. Em contrapartida, investimentos em renda variável, como ações, enfrentam maior volatilidade, com o Ibovespa acumulando queda de 2% no ano.
Investidores monitoram o cenário global, especialmente as decisões do Federal Reserve. A projeção de uma taxa Fed Funds entre 4,0% e 4,5% no fim de 2025 mantém a pressão sobre o real, impactando ativos brasileiros.
- Investimentos favorecidos pela Selic alta:
- Tesouro Selic com rentabilidade próxima a 14,75%.
- CDBs atrelados ao CDI com captação 3% maior.
- Poupança com rendimento de 0,5% ao mês + TR.
- Renda variável com volatilidade devido à preferência por renda fixa.