Durante a sessão da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) solicitou um momento de homenagem póstuma ao ex-deputado estadual e ex-prefeito de Sena Madureira, Nilson Roberto Areal. O político faleceu no último domingo (14) após sofrer uma parada cardíaca. O parlamentar também fez duras críticas à condução do orçamento estadual e à atuação de empresas terceirizadas responsáveis pelo transporte escolar rural no município de Tarauacá.
No início de sua fala, Magalhães solicitou a realização de um minuto de silêncio como forma de respeito aos familiares. “Nenhum de nós gostaria de ser tratado, no momento da morte, apenas com uma pequena referência. Um minuto de silêncio é uma forma de deixar esse registro para os familiares”, afirmou.
Edvaldo destacou sua convivência com o ex-prefeito Nilson Areal, a quem definiu como um político de diálogo e construção de consensos. “Convivi com ele neste plenário e posso afirmar que foi um parlamentar produtivo, de extraordinária relação com os colegas e que marcou a história do município de Sena Madureira”, registrou.
Ao tratar do orçamento estadual, o oposicionista alertou para a responsabilidade do Parlamento no debate da peça orçamentária, especialmente diante das reivindicações dos servidores públicos. “Esta Casa pode se apequenar se encerrar o ano legislativo sem apontar caminhos para as reivindicações dos servidores”, declarou.
Segundo ele, o orçamento não pode ser tratado como uma peça imutável. “Não recebo a ordem unida de que o orçamento é imutável. Aceitar isso seria trair os diálogos que este plenário manteve, tantas vezes, com o conjunto dos servidores públicos”, disse.
Edvaldo Magalhães defendeu mediação, diálogo e construção coletiva de soluções. “É preciso conversar e encontrar caminhos com o conjunto dos servidores e das categorias que reivindicam há muito tempo”, afirmou.
Na parte final do pronunciamento, o deputado fez uma grave denúncia envolvendo duas empresas terceirizadas responsáveis pelo transporte escolar fluvial em Tarauacá: Suplai e Locacre. Segundo ele, a situação configura um escândalo. “O que está acontecendo com essas empresas é uma pouca vergonha. O tratamento dado pela Secretaria de Educação é de passar a mão na cabeça de quem não cumpre contrato”, criticou.
Ainda de acordo com ele, a empresa Suplai é responsável pelo transporte de 71 barqueiros e a Locacre por outros 38, mesmo após terem recebido valores milionários. “Uma dessas empresas recebeu mais de 20 milhões de reais neste ano e, ainda assim, atrasa pagamento de trabalhadores”, denunciou.
Edvaldo relatou ainda que, após alteração societária de uma das empresas, trabalhadores foram informados de que valores referentes a 2024 não seriam pagos, como se o direito tivesse prescrito. Ele alertou para o impacto direto na educação rural. “Nem 60% dos dias letivos previstos nas áreas rurais de Tarauacá foram cumpridos”, afirmou.
O deputado informou que já havia aprovado requerimento para a realização de audiência pública com o secretário de Educação, mas que a reunião não foi marcada. Diante disso, anunciou novas providências. “Estarei amanhã, às oito horas da manhã, na presidência do Tribunal de Contas do Estado para pedir uma inspeção de corpo presente nas escolas rurais de Tarauacá”, anunciou.
Ainda segundo Magalhães, a falta de combustível para o transporte escolar comprometeu quase metade dos dias letivos. “Isso é um crime contra uma geração inteira. A educação é a única saída para promover a ascensão social dos filhos dos trabalhadores rurais”, enfatizou.
Ele concluiu afirmando que o problema é de conhecimento do Núcleo de Educação, da Câmara de Vereadores de Tarauacá, do Ministério Público e do Ministério do Trabalho, sem que providências efetivas tenham sido tomadas. “Há problemas desde 2024 e todo o ano de 2025, e nenhuma punição foi adotada até hoje”, concluiu.
Texto: Mircléia Magalhães/Agência Aleac
Foto: Sérgio Vale
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