O dólar comercial registrou queda de 0,43% nesta segunda-feira, 14 de abril de 2025, fechando a R$ 5,846 às 14h, em um dia marcado por maior apetite por ativos de risco no mercado global. A desvalorização da moeda americana acompanha a redução das tensões comerciais, após a suspensão temporária de tarifas impostas pelos Estados Unidos, que haviam elevado a incerteza na semana anterior. No mesmo período, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançou 0,97%, alcançando 128.924,76 pontos, impulsionado por ações de empresas exportadoras e setores ligados a commodities. O desempenho reflete um cenário de cautela otimista, com investidores atentos às negociações comerciais entre EUA e China, que impactam diretamente a economia brasileira, especialmente no agronegócio, responsável por mais de 70% das exportações de soja para o mercado chinês. Enquanto isso, o Banco Central do Brasil segue monitorando indicadores econômicos, com projeções apontando crescimento de 2,5% para o PIB em 2025, apesar de desafios globais como a ameaça de recessão.
A moeda americana oscilou ao longo da manhã, atingindo uma máxima de R$ 5,874 e uma mínima de R$ 5,828, mas estabilizou-se abaixo de R$ 5,85 à tarde, influenciada por um recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano. Esse movimento favoreceu moedas de países emergentes, incluindo o real. No cenário doméstico, a divulgação de dados econômicos positivos, como o crescimento acima do esperado da atividade econômica em fevereiro, reforçou a confiança dos investidores. O mercado também reagiu à sinalização de que o Banco Central pode manter a taxa Selic em 14,25%, com possibilidade de novo ajuste em maio, para conter pressões inflacionárias.
O otimismo na bolsa brasileira foi sustentado por setores como mineração e petróleo, com empresas como Vale e Petrobras registrando altas expressivas. A expectativa de aumento na demanda por commodities, especialmente diante da escalada nas tensões comerciais globais, favoreceu o desempenho dessas companhias. Enquanto isso, o mercado financeiro permanece vigilante, com analistas destacando que a volatilidade pode retornar caso novas tarifas sejam implementadas, afetando diretamente o câmbio e os investimentos no Brasil.
- Queda do dólar: A moeda caiu 0,43%, negociada a R$ 5,846 às 14h.
- Bolsa em alta: O Ibovespa subiu 0,97%, atingindo 128.924,76 pontos.
- Commodities em foco: Ações de Vale e Petrobras puxaram o índice para cima.
- Cenário global: Alívio nas tensões comerciais impulsionou mercados emergentes.

O que moveu o dólar hoje
A desvalorização do dólar nesta segunda-feira reflete uma combinação de fatores externos e internos. No cenário global, a suspensão temporária das tarifas americanas, que haviam elevado o dólar a quase R$ 6,00 na semana passada, trouxe alívio aos investidores. A decisão reduziu a pressão sobre moedas de países emergentes, permitindo que o real se valorizasse. Além disso, o recuo nos rendimentos dos Treasuries, que vinham atraindo capital para os Estados Unidos, favoreceu a busca por ativos de maior risco, como o mercado acionário brasileiro. No âmbito doméstico, a confiança foi reforçada por indicadores recentes, que mostram resiliência na economia apesar do ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central.
Internamente, a percepção de que o governo está comprometido em conter o déficit público também contribuiu para o desempenho do real. Dados divulgados na semana passada indicaram que o déficit primário foi menor que o esperado, o que alivia preocupações com a sustentabilidade fiscal. Esse cenário fortalece a moeda local, já que investidores veem menor risco de descontrole nas contas públicas. A estabilidade política, embora frágil, também desempenhou um papel, com o mercado reagindo positivamente à ausência de grandes turbulências recentes.
O comportamento do dólar ao longo do dia foi acompanhado de perto por analistas, que observaram uma abertura em alta, seguida de uma correção à medida que os mercados digeriam as notícias globais. A mínima de R$ 5,828, registrada no início da tarde, reflete o momento de maior otimismo, enquanto a máxima de R$ 5,874, vista pela manhã, indica a cautela inicial dos investidores. A tendência de queda, no entanto, sugere que o mercado está, por ora, mais inclinado a apostar em um cenário de estabilização.
Impacto na bolsa brasileira
O Ibovespa aproveitou o clima favorável para registrar ganhos consistentes, com alta de 0,97% até as 14h. A valorização foi puxada principalmente por empresas exportadoras, que se beneficiam tanto da desvalorização do dólar quanto da expectativa de maior demanda por commodities. A Vale, uma das gigantes do setor de mineração, viu suas ações subirem cerca de 1,5%, impulsionadas por previsões de aumento na exportação de minério de ferro. Já a Petrobras, favorecida pela alta nos preços do petróleo, também contribuiu significativamente para o desempenho do índice.
Outros setores, como o bancário, apresentaram resultados mistos. Enquanto grandes bancos como Itaú e Bradesco registraram ganhos moderados, algumas instituições menores enfrentaram volatilidade, refletindo incertezas sobre o impacto de possíveis mudanças na política monetária. O setor de varejo, por outro lado, mostrou recuperação, com empresas como Magazine Luiza e Via Varejo ganhando terreno após semanas de desempenho irregular.
A bolsa brasileira, que acumulou perdas na semana anterior devido às tensões comerciais, encontrou espaço para respirar com o alívio global. A alta de 128.924,76 pontos reflete um momento de recuperação, mas analistas alertam que o cenário permanece delicado. A possibilidade de retomada das tarifas americanas ou de retaliações por parte da China pode trazer novas ondas de instabilidade, afetando diretamente o desempenho do Ibovespa.
Fatores globais em jogo
O mercado financeiro global viveu um dia de otimismo contido, com bolsas internacionais também registrando altas. Nos Estados Unidos, o S&P 500 e o Dow Jones avançaram, impulsionados por balanços corporativos positivos e pela redução das tensões comerciais. A decisão de suspender tarifas sobre eletrônicos, como smartphones e computadores, trouxe alívio aos investidores, que temiam um impacto maior sobre o consumo. Essa medida, embora temporária, permitiu que mercados emergentes, como o Brasil, recuperassem parte do terreno perdido na semana anterior.
A China, que retaliou com tarifas de até 125% sobre produtos americanos, também influenciou o cenário. A escalada nas tensões comerciais beneficiou indiretamente o Brasil, maior exportador mundial de soja, com mais de 73% de sua produção destinada ao mercado chinês. A possibilidade de aumento na demanda por produtos agrícolas brasileiros sustentou a confiança no setor de commodities, refletida no desempenho da bolsa. No entanto, a incerteza sobre o desfecho das negociações comerciais mantém os investidores cautelosos.
A queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que vinham pressionando moedas emergentes, foi outro fator positivo. Com menos capital fluindo para ativos considerados seguros, como os Treasuries, o real e outras moedas de países em desenvolvimento ganharam força. Esse movimento, aliado à alta nas bolsas globais, criou um ambiente favorável para o desempenho do mercado brasileiro nesta segunda-feira.
- Suspensão de tarifas: A pausa nas taxas americanas aliviou a pressão sobre o dólar.
- Demanda por soja: A guerra comercial eleva as exportações brasileiras para a China.
- Rendimentos dos Treasuries: A queda atraiu capital para mercados emergentes.
- Bolsas globais: S&P 500 e Dow Jones subiram, refletindo otimismo cauteloso.
Perspectivas para a economia brasileira
A economia brasileira enfrenta um cenário de desafios e oportunidades em 2025. Apesar da projeção de crescimento de 2,5% para o PIB, inferior aos 3,4% de 2024, indicadores recentes mostram resiliência. A atividade econômica em fevereiro superou as expectativas, mesmo com o ciclo de aperto monetário que elevou a taxa Selic a 14,25%. O Banco Central, que sinalizou um possível novo aumento em maio, mantém foco em controlar a inflação, que acumula alta de 4,2% nos últimos 12 meses, acima da meta de 3%. A política monetária restritiva visa conter pressões de preços, mas pode limitar o crescimento no curto prazo.
O setor agrícola, pilar da economia brasileira, ganha destaque com a guerra comercial entre EUA e China. A soja, que representa cerca de 15% das exportações totais do país, deve registrar aumento na demanda, especialmente da China, que busca alternativas aos produtos americanos. Outras commodities, como minério de ferro e carne, também podem se beneficiar, sustentando o superávit comercial, que atingiu US$ 80 bilhões em 2024. Esse cenário fortalece o real no médio prazo, mas a volatilidade do dólar permanece como risco.
A confiança do mercado também depende da condução da política fiscal. O déficit primário menor que o esperado em 2024 trouxe alívio, mas analistas alertam que o governo precisa avançar em reformas estruturais para garantir sustentabilidade. A possibilidade de uma recessão global, impulsionada pelas tensões comerciais, é uma preocupação crescente, com o Ministério da Economia revisando cenários para avaliar impactos em inflação e juros. A resiliência econômica, no entanto, é vista como um trunfo, com o desemprego caindo para 7,8% no último trimestre.
Influência do Banco Central
O Banco Central desempenha um papel central na estabilização do câmbio e da economia. A manutenção da Selic em 14,25% reflete a preocupação com a inflação, que, embora tenha desacelerado em março, permanece acima do alvo. A instituição tem monitorado de perto o impacto das tensões comerciais globais, que podem elevar os preços de importados, pressionando ainda mais o custo de vida. Intervenções no mercado de câmbio, como leilões de swap cambial, têm sido usadas para conter oscilações bruscas do dólar, garantindo maior previsibilidade.
A sinalização de um novo aumento na taxa de juros em maio preocupa setores produtivos, como indústria e varejo, que temem uma desaceleração no consumo. No entanto, o Banco Central argumenta que a política monetária restritiva é necessária para ancorar as expectativas inflacionárias, especialmente em um contexto de incerteza global. A decisão tem impacto direto no câmbio, já que juros altos atraem capital estrangeiro, fortalecendo o real, mas também elevam o custo do crédito interno.
O desempenho do dólar, que caiu 0,43% nesta segunda-feira, reflete em parte a confiança na condução da política monetária. Analistas destacam que o Banco Central está preparado para atuar caso a volatilidade retorne, utilizando reservas internacionais, que ultrapassam US$ 350 bilhões, para estabilizar o mercado. Essa capacidade de resposta é vista como um diferencial em relação a outros países emergentes, que enfrentam maior vulnerabilidade diante de choques externos.
Setores beneficiados no mercado
O avanço do Ibovespa foi liderado por setores ligados a commodities, que se beneficiam da desvalorização do dólar e da expectativa de maior demanda externa. A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, registrou alta significativa, impulsionada por contratos de exportação para a Ásia. A Petrobras, por sua vez, capitalizou o aumento nos preços do petróleo, que subiram 1,2% no mercado internacional, atingindo US$ 85 por barril. Esses ganhos refletem a importância do setor de recursos naturais para a economia brasileira, que responde por cerca de 25% do PIB.
O agronegócio, outro pilar econômico, também está no radar dos investidores. A possibilidade de aumento nas exportações de soja, milho e carne para a China, devido às tarifas americanas, fortalece empresas como JBS e BRF, que registraram altas moderadas na bolsa. O setor, que emprega mais de 20 milhões de pessoas no Brasil, é visto como uma âncora em momentos de instabilidade global, garantindo divisas e estabilidade cambial.
Outros segmentos, como tecnologia e consumo, mostraram recuperação tímida. Empresas como Totvs e Locaweb, que sofreram com a alta do dólar nas semanas anteriores, aproveitaram o alívio cambial para atrair investidores. No varejo, redes como Magazine Luiza se beneficiaram da percepção de que a inflação pode desacelerar, aliviando a pressão sobre o poder de compra dos consumidores. A diversidade setorial da bolsa brasileira contribui para sua resiliência, mas a dependência de commodities permanece como fator de risco.
- Mineração em alta: Vale liderou os ganhos com aumento na exportação de minério.
- Petróleo valorizado: Petrobras subiu com preços internacionais em US$ 85 por barril.
- Agronegócio forte: JBS e BRF ganham com perspectiva de exportações à China.
- Varejo em recuperação: Magazine Luiza avança com alívio inflacionário.
Riscos e incertezas no horizonte
Apesar do desempenho positivo desta segunda-feira, o mercado financeiro brasileiro enfrenta incertezas que podem alterar o cenário nas próximas semanas. A retomada das tarifas americanas, caso ocorra, pode elevar o dólar novamente, pressionando os preços de importados e aumentando a inflação. A China, que respondeu com tarifas de 125% sobre produtos americanos, mantém o Brasil como alternativa para suprir sua demanda, mas qualquer escalada no conflito comercial pode gerar volatilidade global, afetando bolsas e câmbio.
A possibilidade de uma recessão global é outra preocupação. Projeções apontam crescimento mundial de 3,3% em 2025, mas revisões para baixo em economias como Estados Unidos e Europa sinalizam riscos. No Brasil, o Ministério da Economia já considera cenários de desaceleração, que poderiam impactar o consumo interno e as exportações. A inflação, que acumula 4,2% em 12 meses, também exige atenção, já que pressões de custo podem limitar o espaço para políticas expansionistas.
O desemprego, embora em queda, ainda afeta 7,8% da população ativa, e a recuperação do mercado de trabalho depende de investimentos que podem ser adiados em um cenário de incerteza. A confiança do consumidor, que melhorou nos últimos meses, permanece frágil, com 60% das famílias relatando dificuldades para poupar, segundo pesquisas recentes. Esses fatores reforçam a necessidade de monitoramento constante por parte do governo e do Banco Central.
Cronograma do mercado em abril
O mês de abril de 2025 tem sido marcado por eventos que influenciam o câmbio e a bolsa brasileira, com destaque para as tensões comerciais e indicadores econômicos.
- 8 de abril: Dólar cai 0,3%, atingindo R$ 5,89, com alívio global.
- 10 de abril: Suspensão de tarifas americanas reduz dólar a R$ 5,899.
- 11 de abril: Atividade econômica de fevereiro supera expectativas.
- 14 de abril: Dólar recua para R$ 5,846, e Ibovespa sobe 0,97%.
- 24 de abril: Reunião do Banco Central avalia possível ajuste na Selic.
O futuro do câmbio e da bolsa
O dólar, que atingiu R$ 5,846 às 14h desta segunda-feira, reflete um momento de alívio, mas sua trajetória depende de fatores externos e internos. A continuidade das negociações comerciais entre EUA e China será crucial, já que qualquer ruptura pode elevar a moeda americana novamente. No curto prazo, analistas preveem que o dólar oscile entre R$ 5,80 e R$ 6,00, com intervenções do Banco Central para evitar picos. A força do real também está atrelada às exportações, que devem crescer 3% em 2025, impulsionadas pelo agronegócio e mineração.
A bolsa brasileira, por sua vez, tem potencial para manter a trajetória de alta, desde que o cenário global permaneça estável. O Ibovespa, que acumula ganho de 5% no ano, é sustentado por setores como commodities e tecnologia, mas enfrenta riscos ligados à volatilidade internacional. Empresas de varejo e consumo, que dependem da confiança interna, podem se beneficiar de uma inflação controlada, mas a alta da Selic limita o crescimento no curto prazo.
A economia brasileira, apesar dos desafios, mostra sinais de robustez. O superávit comercial, projetado para ultrapassar US$ 85 bilhões em 2025, reforça a entrada de divisas, enquanto o mercado de trabalho se recupera gradualmente. A capacidade de o governo equilibrar crescimento e responsabilidade fiscal será determinante para manter a confiança dos investidores, que veem o Brasil como uma aposta promissora em meio a um cenário global incerto.
- Volatilidade cambial: Dólar deve oscilar entre R$ 5,80 e R$ 6,00 no curto prazo.
- Crescimento da bolsa: Ibovespa pode sustentar alta com estabilidade global.
- Exportações em alta: Agronegócio impulsiona superávit comercial.
- Política monetária: Selic em 14,25% limita consumo, mas atrai capital.