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Dólar despenca e Ibovespa avança após revogação do aumento do IOF no Congresso

Dólar despenca e Ibovespa avança após revogação do aumento do IOF no Congresso

O dólar comercial registrou queda significativa e o Ibovespa avançou na manhã desta quinta-feira, 26 de junho de 2025, após o Congresso Nacional derrubar, na noite anterior, o decreto presidencial que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Por volta das 11h30, a moeda americana era negociada a R$ 5,517, uma desvalorização de 0,6%, enquanto o principal índice da bolsa brasileira subia 0,7%, alcançando 136.812 pontos. A decisão legislativa, aprovada por ampla maioria em votação surpresa, anulou os decretos editados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio e junho, que visavam reforçar a arrecadação para o Orçamento de 2025. A medida gerou alívio no mercado financeiro, mas trouxe incertezas sobre como o governo cobrirá o rombo fiscal estimado em R$ 10 bilhões.

A votação, conduzida pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, foi marcada por rapidez e consenso. O Projeto de Decreto Legislativo, que sustou os aumentos do IOF, reflete a insatisfação de parlamentares com a estratégia do governo de elevar impostos para sanar déficits fiscais. A derrubada do decreto foi vista como um revés para a equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que agora enfrenta o desafio de encontrar fontes alternativas de receita. O mercado, por sua vez, reagiu com otimismo à redução da carga tributária, mas permanece atento às próximas ações do Executivo.

Dolar
Dolar – Foto: Julia Tsokur/Shuterstock.com

A seguir, um panorama mais detalhado do cenário econômico e político que envolve a decisão, bem como suas implicações imediatas no mercado financeiro.

Reação imediata do mercado financeiro

A resposta do mercado à derrubada do aumento do IOF foi quase instantânea. A desvalorização do dólar reflete uma percepção de menor pressão tributária sobre operações financeiras, o que tende a atrair investidores para ativos brasileiros. O Ibovespa, por sua vez, recuperou parte das perdas registradas na quarta-feira, quando operava em queda à espera da votação. O índice, que havia fechado em 136.206 pontos, ganhou fôlego com a notícia, impulsionado por setores sensíveis às condições fiscais, como bancos e varejo.

Entre os fatores que contribuíram para o desempenho positivo da bolsa, destacam-se:

Por outro lado, a queda do dólar também foi influenciada por intervenções do Banco Central, que realizou leilões de swap cambial na quarta-feira para conter a volatilidade da moeda. A combinação desses fatores criou um ambiente de otimismo moderado, mas com cautela em relação ao futuro fiscal do país.

Contexto da votação no Congresso

A decisão de derrubar o aumento do IOF foi tomada em uma sessão extraordinária convocada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, na noite de terça-feira, 24 de junho. A rapidez da votação surpreendeu o mercado e o próprio governo, que não esperava tamanha agilidade na articulação legislativa. Com 383 deputados favoráveis à sustação do decreto, a votação na Câmara foi um recado claro de que o Congresso não está disposto a endossar aumentos de impostos sem amplo debate.

No Senado, a aprovação foi simbólica, reforçando o consenso entre os parlamentares. A medida legislativa anulou os decretos presidenciais de maio e junho, que elevavam as alíquotas do IOF sobre operações de crédito, câmbio e investimentos no exterior. O objetivo do governo era arrecadar R$ 10 bilhões adicionais para cobrir o déficit projetado no Orçamento de 2025, que já supera as estimativas iniciais do ano.

A articulação para a votação foi liderada por Hugo Motta, que, em publicação no X, expressou insatisfação com o uso do IOF como ferramenta arrecadatória. A iniciativa contou com apoio de líderes de partidos da base aliada e da oposição, evidenciando a dificuldade do governo em negociar a pauta fiscal com o Legislativo.

Pressão sobre a equipe econômica

Com a derrubada do aumento do IOF, o Ministério da Fazenda enfrenta um dilema. A equipe econômica, comandada por Fernando Haddad, já avalia alternativas para compensar a perda de arrecadação. Entre as opções discutidas estão o congelamento de verbas do Orçamento e a criação de novas medidas tributárias, que ainda precisam ser negociadas com o Congresso.

A situação é delicada, já que o governo havia anunciado, em maio, um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento para cumprir a meta de zerar o déficit primário. A revogação do IOF compromete essa estratégia, aumentando a pressão por cortes adicionais ou por novas fontes de receita. Integrantes da equipe econômica já cogitam recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão do Congresso, embora essa possibilidade seja vista como arriscada, devido ao desgaste político que pode gerar.

O ministro Haddad, que inicialmente defendeu o aumento do IOF como uma medida necessária, agora busca diálogo com líderes parlamentares. Em reuniões recentes com Hugo Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o ministro sinalizou a intenção de apresentar um pacote alternativo de arrecadação, que pode incluir a tributação de apostas esportivas e a revisão de isenções fiscais.

Histórico de tensões fiscais

A disputa em torno do IOF não é um caso isolado. Nos últimos meses, o governo enfrentou resistência do Congresso em outras frentes fiscais. Em maio, por exemplo, o Executivo recuou parcialmente de um aumento anterior do IOF após pressões do mercado e dos parlamentares. A decisão de voltar atrás, na época, foi motivada por uma reação negativa da bolsa e pela valorização do dólar, que chegou a R$ 5,66.

A atual derrubada do decreto marca um momento raro nos últimos 25 anos, já que é incomum o Congresso sustar decretos presidenciais relacionados a impostos. Esse precedente reforça a influência do Legislativo na definição da política fiscal e pode complicar futuras iniciativas do governo para aumentar a arrecadação.

Além disso, o cenário fiscal brasileiro segue desafiador. A greve da Receita Federal, iniciada no início de 2025, reduziu a arrecadação federal, enquanto as despesas públicas cresceram acima da inflação prevista. O Relatório de Avaliação do Orçamento, divulgado em maio, apontou um aumento de gastos de 4% acima do esperado, o que agravou o rombo nas contas públicas.

Impacto nas operações financeiras

O aumento do IOF, agora revogado, afetava diretamente diversas operações financeiras, com destaque para:

Com a derrubada do decreto, essas operações voltam às alíquotas anteriores, aliviando os custos para empresas e investidores. No entanto, a incerteza sobre as próximas medidas do governo mantém o mercado em alerta, já que novas propostas tributárias podem surgir a qualquer momento.

Cenário externo e volatilidade

Embora a decisão do Congresso tenha impulsionado o mercado local, o cenário global continua a influenciar o comportamento dos ativos brasileiros. As tensões no Oriente Médio, com o conflito entre Irã e Israel, mantêm os investidores cautelosos. O preço do petróleo, que impacta diretamente empresas como a Petrobras, oscilou nos últimos dias, mas não foi suficiente para anular o otimismo gerado pela revogação do IOF.

Nos Estados Unidos, a política comercial do presidente Donald Trump também segue no radar. Recentemente, Trump anunciou tarifas de 50% sobre importações da União Europeia, o que pressiona o dólar globalmente. No entanto, a moeda americana recuou em relação ao real, indicando que os fatores domésticos, como a derrubada do IOF, tiveram maior peso no pregão desta quinta-feira.

Negociações futuras no Congresso

O diálogo entre o governo e o Congresso será crucial nas próximas semanas. O pacote alternativo prometido por Haddad deve ser apresentado até o início de julho, segundo fontes do Ministério da Fazenda. Entre as medidas em estudo, está a tributação de setores como apostas esportivas e fintechs, além da revisão de benefícios fiscais para grandes empresas.

A resistência do Congresso a aumentos de impostos, no entanto, sugere que o governo terá dificuldade em aprovar medidas impopulares. A articulação política será essencial para evitar novos reveses, especialmente em um ano marcado por desafios fiscais e pressões inflacionárias.

Perspectiva do mercado financeiro

Analistas do mercado financeiro avaliam que a derrubada do IOF trouxe alívio imediato, mas não elimina as incertezas fiscais. A expectativa é que o governo anuncie cortes adicionais no Orçamento ou novas medidas tributárias para cobrir o déficit. A taxa Selic, atualmente em 14,75%, também está no radar, já que o Banco Central pode manter os juros elevados para conter pressões inflacionárias.

No curto prazo, o mercado deve continuar sensível a notícias sobre o ajuste fiscal. A criação de 257.528 vagas formais em abril, segundo o Caged, sinaliza resiliência econômica, mas não é suficiente para dissipar as preocupações com o déficit público. O Ibovespa, que atingiu 139.255 pontos na semana passada, pode enfrentar volatilidade caso o governo não apresente uma solução convincente.

Cronograma das medidas fiscais

O governo enfrenta prazos apertados para reequilibrar as contas públicas. Algumas datas-chave incluem:

Esses prazos serão acompanhados de perto pelo mercado, que espera maior clareza sobre as estratégias do governo para evitar um agravamento da crise fiscal.

Desafios do ajuste fiscal

O ajuste fiscal permanece como um dos maiores desafios do governo Lula em 2025. A combinação de aumento de gastos, queda na arrecadação e resistência do Congresso a novos impostos cria um cenário complexo. O bloqueio de R$ 31,3 bilhões anunciado em maio já foi considerado insuficiente por analistas, e a perda de receita com o IOF agrava a situação.

A equipe econômica estuda medidas como a revisão de subsídios e a tributação de lucros e dividendos, mas essas propostas enfrentam forte oposição no Legislativo. A pressão por programas sociais, que podem ser ameaçados por cortes orçamentários, também complica as negociações, já que o governo busca manter sua base de apoio popular.

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