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Dólar despenca 8% em 2025, mas alta pode voltar até dezembro

dólar

O dólar começou 2025 em uma trajetória de queda acentuada, acumulando desvalorização superior a 8% frente ao real. A moeda, que fechou 2024 cotada a R$ 6,18, enfrenta pressões globais e domésticas, com destaque para as políticas econômicas implementadas após a posse de Donald Trump em 20 de janeiro. Apesar do recuo, economistas alertam que a tendência pode não se sustentar, com projeções indicando possível retorno aos patamares próximos de R$ 6 até o fim do ano.

Essa volatilidade reflete um cenário econômico complexo, marcado por incertezas comerciais e ajustes monetários nos Estados Unidos. Fatores como tarifas comerciais, inflação persistente e a força de economias emergentes, como a China, moldam o comportamento da moeda americana. A seguir, alguns pontos que explicam o movimento atual:

  • Tarifas de Trump: Novas políticas protecionistas geram instabilidade no comércio global.
  • Juros nos EUA: Expectativas de manutenção de taxas elevadas pelo Federal Reserve sustentam o dólar em longo prazo.
  • Cenário brasileiro: A safra agrícola e o superávit comercial podem fortalecer o real temporariamente.

O mercado financeiro acompanha de perto esses desdobramentos, enquanto investidores ajustam estratégias para lidar com a incerteza cambial.

Tarifas comerciais impulsionam incerteza

As políticas comerciais de Donald Trump, implementadas desde sua posse em janeiro, têm sido um dos principais motores da volatilidade do dólar. A introdução de tarifas adicionais de 10% sobre importações de diversos países, anunciada em abril, gerou reações mistas no mercado. Países como México e Canadá, que já enfrentam taxações de 25% desde março, viram suas moedas oscilarem, impactando indiretamente o real.
No Brasil, a redução na entrada de dólares, especialmente devido às tarifas sobre o aço, preocupa analistas. A siderurgia nacional, que exporta 48% de sua produção de aço para os EUA, enfrenta dificuldades para realocar o excedente no mercado global. Essa pressão reduz a oferta de dólares no mercado interno, o que pode elevar a cotação da moeda americana nos próximos meses.
A incerteza gerada pelas tarifas também afeta o apetite por ativos de risco. O índice VIX, conhecido como “índice do medo”, disparou 51% em abril, refletindo a aversão dos investidores a ações e outros investimentos voláteis. Enquanto isso, o dólar, embora enfraquecido no curto prazo, mantém sua posição como ativo seguro em momentos de crise.

Safra agrícola sustenta real

O primeiro semestre de 2025 trouxe alívio temporário para o real, impulsionado pela safra agrícola brasileira. As exportações de grãos, como soja e milho, registraram volumes recordes entre janeiro e abril, segundo dados do Ministério da Agricultura. Esse fluxo de divisas fortaleceu a moeda brasileira, contribuindo para a queda do dólar.
Analistas apontam que a entrada de dólares decorrente das exportações agrícolas criou um cenário favorável ao real. Em março, o superávit comercial brasileiro atingiu R$ 7,8 bilhões, o maior para o período desde 2017. No entanto, a sazonalidade da safra sugere que esse efeito pode perder força no segundo semestre, quando a oferta de dólares tende a diminuir.

  • Soja em alta: As exportações de soja cresceram 12% em relação a 2024.
  • Demanda chinesa: A China, maior importadora de grãos, ampliou compras no Brasil.
  • Limite sazonal: A partir de julho, o volume de exportações agrícolas tende a cair.
    A dependência do Brasil em relação às commodities agrícolas expõe a moeda a riscos externos, como variações climáticas e mudanças na demanda global.

Juros altos nos EUA pressionam dólar

A política monetária do Federal Reserve permanece como um dos principais fatores de influência sobre o dólar. Em março, o banco central americano manteve as taxas de juros na faixa de 5,25% a 5,5%, sinalizando cautela diante da inflação persistente, que segue acima da meta de 2%. Essa decisão fortalece os rendimentos dos Treasuries, atraindo investidores estrangeiros e sustentando a moeda americana no longo prazo.
No curto prazo, no entanto, a incerteza sobre os próximos passos do Fed contribui para a desvalorização do dólar. Em sua última reunião, o banco destacou preocupações com o crescimento econômico dos EUA, projetando uma expansão menor para 2025. Essas sinalizações levaram a uma queda de 0,43% na cotação do dólar em 19 de março, quando a moeda fechou a R$ 5,647.
A força do mercado de trabalho americano também influencia o cenário. Dados recentes mostraram que os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 211 mil na última semana de abril, abaixo das expectativas de 222 mil. Esse indicador reforça a resiliência da economia dos EUA, sugerindo que o Fed pode manter juros elevados por mais tempo.

China e o comércio global

A recuperação econômica da China desempenha um papel crucial na dinâmica do dólar. Em abril, o presidente Xi Jinping anunciou medidas para estimular o crescimento, incluindo incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura. Como maior importadora de matérias-primas, a China impulsionou a demanda por commodities brasileiras, beneficiando o real.
No entanto, as tensões comerciais entre China e EUA adicionam complexidade ao cenário. Trump acusou Pequim de manipular sua taxa de câmbio, intensificando a retórica protecionista. Essa guerra comercial eleva os custos de produção globalmente, afetando cadeias de suprimentos e pressionando moedas de países emergentes.

  • Exportações brasileiras: A China absorveu 35% das exportações brasileiras em 2024.
  • Riscos geopolíticos: Conflitos comerciais podem reduzir a demanda por commodities.
  • Investimentos chineses: Novas parcerias em infraestrutura fortalecem o real.
    A interdependência entre as duas maiores economias do mundo cria um ambiente de incerteza, com reflexos diretos no câmbio.
Dólar
Dólar – Foto: sunlight7/Shutterstock.com

Volatilidade cambial no Brasil

O dólar comercial registrou forte volatilidade ao longo de 2025. Em 5 de março, a moeda atingiu R$ 5,847, mas fechou o dia com queda de 2,72%, cotada a R$ 5,755. Esse movimento foi impulsionado pelo discurso de Trump no Congresso, que gerou insegurança, seguido por declarações do secretário de Comércio, Howard Lutnick, sobre possíveis flexibilizações tarifárias.
No mercado interno, o Banco Central do Brasil tem monitorado a cotação do dólar, mas evitado intervenções diretas. A taxa Selic, mantida em 15% conforme o último Relatório Focus, reflete a preocupação com a inflação, que recuou ligeiramente para 5,55% em 2025. Essa política monetária restritiva limita a capacidade do real de ganhar força no longo prazo.
O dólar turismo, por sua vez, caiu abaixo de R$ 6 em fevereiro, fechando a R$ 5,925 em 20 de fevereiro. Essa queda beneficia viajantes brasileiros, mas a instabilidade global mantém o mercado cauteloso.

Reações do mercado financeiro

As bolsas de valores globais reagiram com nervosismo às políticas de Trump. Em 7 de abril, as principais bolsas asiáticas fecharam em forte queda, enquanto os índices futuros de Wall Street apontavam para um dia de perdas. No Brasil, o Ibovespa oscilou, mas fechou com leve alta de 0,31% em 5 de fevereiro, sustentado por ações de empresas exportadoras.
Investidores têm buscado ativos mais seguros, como ouro e títulos do Tesouro americano. A demanda por dólares como reserva de valor permanece elevada, apesar da desvalorização recente. Economistas do Goldman Sachs projetam que a trajetória descendente do dólar pode continuar no curto prazo, mas alertam para uma possível reversão caso as tarifas americanas desencadeiem uma recessão global.

  • Ibovespa em 2025: O índice acumula alta de 2,5% no ano.
  • Ativos de risco: Ações de tecnologia sofreram quedas expressivas em abril.
  • Ouro em alta: O metal valorizou 7% desde janeiro.
    A aversão ao risco tem levado a ajustes constantes nas carteiras de investimento, com reflexos no câmbio.

Setor siderúrgico sob pressão

A tarifa de 25% sobre o aço brasileiro, anunciada por Trump em fevereiro, ameaça a competitividade da siderurgia nacional. Em 2024, os EUA importaram 4 milhões de toneladas de aço do Brasil, equivalente a US$ 3 bilhões. A redução dessas exportações pode gerar cortes na produção e demissões, segundo analistas do setor.
Empresas como Usiminas e CSN já buscam novos mercados, como a Ásia e a Europa, mas a concorrência global limita as opções. A desvalorização do real, caso ocorra, pode aliviar os custos em reais, mas não compensa a perda de receita em dólares.
O governo brasileiro, sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avalia medidas de incentivo à siderurgia, incluindo linhas de crédito e redução de impostos. No entanto, a estratégia de evitar retaliações diretas aos EUA reflete a cautela diplomática.

Expectativas do mercado

O Boletim Focus, publicado em 28 de abril, manteve a projeção do dólar em R$ 5,90 para o fim de 2025. Essa estimativa reflete um consenso entre analistas de que a moeda americana deve se estabilizar após a queda inicial. Para 2026, a projeção é de R$ 5,95, indicando uma leve alta.
A inflação, outro fator de atenção, segue pressionada pelas tarifas comerciais. A projeção do IPCA para 2025 caiu para 5,55%, mas permanece acima da meta do Banco Central. O PIB brasileiro, por sua vez, deve crescer 2%, segundo o Focus, sustentado pelo setor agrícola e pela retomada de investimentos.

  • Dólar futuro: Contratos para dezembro de 2025 oscilam em torno de R$ 6.
  • Inflação global: Tarifas elevam custos de bens importados.
  • Crescimento do PIB: Setores de serviços e varejo mostram recuperação.
    Essas projeções indicam um cenário de cautela, com o dólar no centro das atenções.

Política monetária brasileira

O Banco Central do Brasil enfrenta um dilema em 2025. A manutenção da Selic em 15% visa conter a inflação, mas eleva os custos de financiamento, impactando o crescimento econômico. Em sua última reunião, o Copom sinalizou que cortes de juros dependem de uma queda mais consistente do IPCA.
A força do real no primeiro semestre, impulsionada pelas exportações, reduziu a pressão inflacionária de bens importados. No entanto, a possível alta do dólar no segundo semestre pode reverter esse efeito, aumentando os preços de combustíveis e insumos industriais.
A atuação do Banco Central no mercado cambial tem sido limitada. Em 2024, a instituição realizou leilões de swap cambial para conter a alta do dólar, mas a estratégia não foi repetida em 2025, refletindo uma abordagem mais neutra.

Impacto no consumidor brasileiro

A queda do dólar no início de 2025 trouxe alívio para os consumidores brasileiros. Produtos importados, como eletrônicos e vestuário, registraram preços mais acessíveis em comparação com o final de 2024. Em fevereiro, o dólar turismo caiu para R$ 5,925, reduzindo os custos de viagens internacionais.
No entanto, a instabilidade cambial mantém os consumidores cautelosos. A possibilidade de o dólar retornar aos R$ 6 até o fim do ano pode elevar os preços de bens importados, especialmente combustíveis, que impactam diretamente o custo de vida.

  • Eletrônicos mais baratos: Smartphones importados caíram até 5% em março.
  • Viagens acessíveis: Pacotes para os EUA ficaram 10% mais baratos.
  • Combustíveis em risco: Alta do dólar pode encarecer gasolina.
    A variação do dólar afeta diretamente o poder de compra, tornando o planejamento financeiro mais desafiador.

Cenário global e moedas emergentes

Além do real, outras moedas emergentes também ganharam força frente ao dólar em 2025. O peso mexicano valorizou 6% desde janeiro, enquanto o rand sul-africano subiu 5%. Esses movimentos refletem a busca por ativos de maior risco em um contexto de incerteza nos EUA.
No entanto, a hegemonia do dólar como moeda de reserva global permanece intacta. A falta de alternativas viáveis, como o yuan chinês ou o euro, garante que a moeda americana continue atraindo investidores em momentos de crise. Economistas do Banco Inter destacam que a desvalorização atual do dólar é cíclica, não estrutural.
A guerra comercial iniciada por Trump ampliou a volatilidade das moedas emergentes. Países com forte dependência de exportações, como o Brasil, enfrentam riscos adicionais caso as tarifas americanas sejam intensificadas.

Ajustes no setor exportador

As empresas exportadoras brasileiras têm se adaptado à nova realidade cambial. Setores como agronegócio e mineração, que respondem por grande parte do superávit comercial, mantêm margens positivas devido à valorização do real. No entanto, indústrias manufatureiras, como a de máquinas e equipamentos, enfrentam dificuldades com a queda na entrada de dólares.
A Vale, uma das maiores exportadoras de minério de ferro, registrou alta de 8% em suas receitas no primeiro trimestre, impulsionada pela demanda chinesa. Já a Embraer, que depende de componentes importados, enfrenta pressões de custo devido à instabilidade do dólar.
O governo brasileiro planeja lançar incentivos fiscais para exportadores no segundo semestre, incluindo desonerações para pequenas e médias empresas. Essas medidas visam mitigar os efeitos das tarifas americanas e sustentar o superávit comercial.

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